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"Sometimes meaningless gestures are all we have"

quarta-feira, outubro 31, 2007
A Desconhecida (La Sconosciuta)

Belíssimo filme de Giuseppe Tornatore (de quem só gosto mesmo de 3 filmes). Como vi sem saber de absolutamente nada (nem o gênero do filme) acho que é a melhor recomendação que posso dar, não tente saber de nada. Assim algumas coisas vão te enganar no início tentando saber exatamente que tipo de filme é esse (um thriller? um drama? um suspense? uma comédia de humor negro?). Grande atuação da atriz principal. Apenas um momento achei forte demais: o treinamento da mulher com a criança (quem viu sabe que cena é); pela cena em si e pelo que ela pode sugerir aos espectadores. Para reclamar apenas o uso dos flashbacks rápidos (em certo momento isso atrapalha) e o uso da trilha (ótima, do Morricone) enfática demais em alguns trechos (para ressaltar que clima é a cena).

This Is England

Ótimo filme de Shane Meadows, a atual sensação do novo cinema britânico. Misturando passado histórico (Inglaterra na época da guerra das Malvinas) com uma história bem autobiográfica Meadows descreve muito bem a iniciação de um garoto nos skinheads. O garoto é uma revelação. Ótima trilha. Um bom final.

Homens Que Pisaram Na Cauda Do Tigre (Tora No O Wo Fumu Otokotachi)

Pequeno grande filme de Akira Kurosawa, em menos de uma hora nos apresenta essa história sobre representação, história e humor. Uma fuga, uma barreira, como enganar a todos e passar por ela? Momentos antológicos de um jovem Kurosawa na direção.

Our Daily Bread

Documentário austríaco que já comentei
aqui ano passado fala sobre o processo de feituira dos nossos alimentos, o "pão nosso de cada dia" do título, nas indústrias e fazendas européias. Carnes, frutas, verduras, cereais, etcs. Sem música, sem diálogos, sem muitos movimentos de câmera, mas com ângulos precisos, e só com o som ambiente não é um documentário para todo tipo de público. Fascina e nos faz refletir sobre como anda essa indústria alimentícia. O trabalho mecânico e quase desalmado que os funcionários são submetidos, num ambiente quase estéril. Não que os funcionários (notar as diferentes raças dos funcionários que aparecem) trabalhem em condições precárias, mas sim em como eles parecem robôs e como a indústria faz com que tudo fique "prático" como o aspirador de frangos, o cortador de pernas de boi, o retirador de peles, a castradora de porcos, os colhedores de verduras, a arranjadora de frutas na esteira, etcs. Muitas vezes me peguei pensando em como aquilo que via se parecia por demais com os campos de concentração nazistas e, óbviamente, os funcionários sem a menor noção disso, estão apenas fazendo o seu trabalho... Quase um século e ainda estamos bem próximos do que Chaplin mostrou em Tempos Modernos. E lá era uma fábrica de peças... Como o documentário não tem esse lado militante (e a montagem comprova isso, alternando diversos momentos, sem reforçar uma só idéia) ficamos livres para refletir os mais diversos assuntos e algumas vezes nos surpreender com alguma modernidade agrícola bem distante de nossa realidade, mas fica o retrato, às vezes assustador, de como as coisas se encaminham.

Londres Proibida (London To Brighton)

Estréia bem promissora de mais um jovem cineasta inglês, Paul Andrew Williams. Também (como em This Is England) conta com uma interpretação muito boa de uma jovem de 12 anos que foge de casa e se envolve numa trama de prostituição infantil e um problema com um poderoso mafioso pedófilo. Ela recebe a ajuda de uma prostituta bem mais velha que começa uma relação maternal com ela.

A Espiã (Zwartboek)

Parece um drama, mas essa volta de Paul Verhoeven se revela uma aventura de guerra mostrando a trajetória de uma judia que vira espiã e se relaciona com nazistas durante a segunda guerra mundial. Tem pequenos toques de Verhoeven na exploração do corpo feminino, na violência levemente mais explícita que o comum e na manipulação dramática. A protagonista é marcante e a narrativa envolve, mesmo que não conte com nada de diferente do que já foi visto em diversos outros filmes de guerra.

Era Uma Vez Uma Família (Once Upon A Time In The Midlands)

Outro filme de Shane Meadows, mais antigo. O diretor não gosta do filme por ter tido muito interferência dos produtores e dele ter levado tudo sem muita resistência. Talvez por isso seja estranho a trilha conter Norah Jones e Sarah McLachlan ou a trama ser bem menos autobiográfica e ser mais uma histórinha da jovem que tem uma filha com um mau elemento, ele foge, ela se envolve com outro cara exatamente oposto ao marginal, isto é, careta, trabalhador, bunda mole, e quando o bad boy volta ela fica indecisa. O que se destaca e é uma das melhores coisas do filme é a relação do bom moço com a filha de sua namorada, chega a ser comovente a relação dos dois e poderia ter sido o filme inteiro essa relação. Só por esses dois o filme já vale ser visto.

The Tiger's Tail

Não sei se John Boorman quis fazer uma farsa, um drama cômico ou thriller, mas sei que a indecisão prejudica um pouco o filme que alterna diversos momentos e nunca sabemos como encarar ou mesmo se estamos preparados para algo sério e emocional logo após algo absurdo, bem cômico. A escalação da Kim Cattrall exemplifica bem isso, ela parece até dublada com um sotaque estranho e uma voz mais ainda, inadequada, o que várias cenas parecem dar a impressão (como a dança no meio da briga perto do final). O filho comunista do protagonista então chega a ser pior, quase uma caricatura o filme inteiro e de repente uma figura trágica. Apesar dos pesares é um filme divertido sobre um duplo que subitamente aparece na vida de um empresário de sucesso irlandês. Lembra Trocando As Bolas.

SherryBaby

Não fosse a boa interpretação de Maggie Gyllenhall esse filme não traria nada de novo ao tema da jovem mãe viciada e ex-presa que quer se recuperar. Realmente o filme não tem nada que já não vimos, nem por isso ele não deixa de ser competente na narrativa. O personagem de Danny Trejo é um leve diferencial, tanto no filme quanto na carreira do ator. Ao final quase que volta ao início, pois era algo meio sem saída mesmo, realisticamente falando, a não ser que se quisesse algo fantasioso para dar tudo bem, ou algo niilista demais para dar tudo errado.

Superbad – É Hoje (Superbad)

Filme sem graça roteirizado pelo Seth Rogen e com o envolvimento da mesma panelinha de sempre do Judd Apatow. O único personagem interessante é o McLovin', uma pena que ele seja só coadjuvante, mas ao menos há algo no filme que se salva. Os policiais são os piores (não por acaso Rogen é um deles), totalmente falsos, retardados mentais e infantis e, pior, sem graça alguma. Quem gostar do momento emo/gay da dupla principal ao final, boa sorte.

posted by RENATO DOHO 10:01 PM
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segunda-feira, outubro 29, 2007
Dia Do Livro



Aproveitando a data (nacional) os mais recentes livros lidos e/ou comprados:

A Arquitetura Da Felicidade - Alain De Botton
A Canção Do Mago: A Trajetória Musical De Paulo Coelho - Hérica Marmo
A Noite - Elie Wiesel
Anthony Steffen - Daniel Camargo & Fábio Vellozo & Rodrigo Pereira
Chasing Down The Dawn - Jewel Kilcher
Factótum - Charles Bukowski
On Film-Making - Alexander Mackendrick
The Air Is On Fire - David Lynch

E apenas para deixar registrado estou a um livro dos 400: 399 livros lidos (177 ficção / 222 ñ–ficção). Isso a partir do momento que comecei a anotar quais eu tinha lido, desconsiderando livros pra escola / universidade, coleção vagalume, Agatha Christie e outros.


posted by RENATO DOHO 5:29 PM
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sábado, outubro 27, 2007
Gracie



Projeto de família. Os irmãos John, Andrew e Elizabeth Shue produziram. Davis Guggenheim, marido de Elizabeth, dirigiu. E a estória é de Andrew e Davis. Ainda chamaram o amigo Dermot Mulroney para um dos papéis principais. O filme é levemente baseado na própria família Shue. Carly Schroeder faz a única filha (de 4) que após a morte do irmão mais velho quer assumir o lugar dele no time de futebol local. Terá que vencer os obstáculos e o preconceito tanto dentro quanto fora de casa. Elizabeth faz o papel da mãe desta família. Não que haja novidade na história, mas o filme envolve e a Carly faz a diferença, uma graça de atriz que teve uma trajetória parecida com seu personagem para conseguir o papel: os produtores queriam uma jogadora de futebol desconhecida, ela insistiu, treinou meses e venceu 2 mil outras candidatas. Eis
um vídeo legal da Carly falando o passo a passo do trabalho do ator tendo como base esse filme. Não sei se a percepção é diferente, mas parece que ainda filmam o futebol como o futebol americano, ressaltando a violência do jogo e tendo muitos gols pra ficar mais empolgante (mas pode ser que haja mais gols nos jogos de lá e a cultura do futebol americano pegue um pouco no futebol). Boas canções na trilha, com destaque para Growin' Up do Bruce Springsteen tocando em dois momentos (não há como não se emocionar). A parte final é melodramática, mas isso não me irritou. Na real a Elizabeth não passou por isso, ela jogava bola com os garotos, mas garotinha pois depois foi pra ginástica e seu irmão morreu (o filme é dedicado à ele) bem depois. O Andrew é bem ligado ao futebol até hoje. No final vemos imagens e fotos reais da família Shue, além de citações de Elizabeth e William (o irmão morto). Em tempos de Martha seria uma boa hora do filme aparecer por aqui nos cinemas ou em dvd.

Smiley Face



O novo do Gregg Araki se sustenta quase que exclusivamente na Anna Faris e isso é seu aspecto positivo e negativo. Positivo porque sou fã dela e a temos em todas as cenas do filme. Negativo porque o roteiro é pouco criativo (não do Araki) em bolar situações mais engraçadas e diferentes. Basicamente é um dia na vida de uma garota muito chapada e suas desventuras em Los Angeles. Faris não tem pudor algum de passar o filme com cara de boba e doidona, além de se mostrar toda largada, e isso é desde sempre uma de suas melhores qualidades, não tem medo de passar ridículo ou tirar sarro da própria cara. O Danny Trejo aparece num momento, mas não é bem aproveitado. Poderia ser bem mais legal do que é, mas fãs da Anna não podem deixar de ver.

posted by RENATO DOHO 12:22 AM
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terça-feira, outubro 23, 2007
Duelo De Gigantes (The Missouri Breaks)

Outro grande filme de Arthur Penn voltando a trabalhar com o western, mas sem o ser exatamente. Muito desse 'sem ser um western exatamente' se deve aos personagens. Se com Paul Newman ele conseguiu que Billy The Kid virasse um personagem shakesperiano o que dizer do que ele faz aqui com Marlon Brandon e Jack Nicholson? O personagem de Brando é sui generis, um espírito maior que o filme, quase incompreensível tanto para nós quanto para os outros personagens do filme. Por vezes ele é o diretor do filme e em outras o seu espectador. Só que o filme não se sustenta somente nele. A relação do personagem de Nicholson com a de Kathleen Lloyd é primoroso. O primeiro encontro deles é excepcional nos diálogos, nas interpretações e na forma como Penn os capta. E isso se repete nos seus encontros posteriores. Há humor em várias partes ressaltada pela trilha anti-natural que John Williams compôs, alguns dizem que ressaltando esse lado anti-western do filme. O bando de Nicholson conta com atores bem conhecidos: Randy Quaid, Frederic Forrest e Harry Dean Stanton. Penn fez mais uma pérola cinematográfica não muito valorizada.

O Canibal (Rohtenburg)

Um curioso filme alemão baseado na história real do canibal de Rohtenburg que matou e comeu várias partes de um homem que concordou previamente com isso. Keri Russell faz uma estudante americana que escreve uma tese sobre o caso que vai para o local onde tudo ocorreu. Mesmo sendo a protagonista ela aparece de vez em quando já que a narrativa principal é no passado, com a vida do canibal e como começou a procura por alguém que quisesse ser comido por ele. O que poderia ser um filme de horror sobre o caso vira um esquisito filme de amor. O encontro do canibal com o homem que quer ser comido é o encontro de almas similares, pessoas que se completam e finalmente podem ser quem elas realmente são uma com a outra. O diretor, Martin Weisz (que depois fez a continuação de Viagem Maldita), filma muito bem e consegue compreender aqueles personagens, há um carinho evidente para com essa trágica história de amor.

Oscar Niemeyer – A Vida É Um Sopro

Documentário bacana sobre o conjunto da obra de Oscar Niemeyer com filmagem dos locais e obras, entrevistas com o próprio e imagens de arquivo. A figura de Oscar é que dá o tempero a mais com sua declarações ácidas sobre vários assuntos. Quase nada de sua vida pessoal é comentada, somente seu lado político é abordado. Há um misto de admiração e ceticismo de minha parte, não gosto de algumas obras, outras acho geniais. Ele defende a estética pela estética e não é uma idéia que me agrada de todo. Um bom exemplo é sua opinião da minha querida Bauhaus que ele acha um berço de mediocridade, pois vai exatamente contra a ideía da estética pela estética. Alguns momentos são verdadeiras aulas de arquitetura misturadas com uma filosofia do cotidiano. Ele é naturalmente um pessimista o que dá em comentários bem engraçados sobre os assuntos; um niilismo (que ele não acha que seja) que considera muitas coisas e pessoas medíocres e idiotas. Vendo-o aos 100 anos não dá pra não achar que a longevidade passa pela falta de pudor, tá aí Dercy Gonçalves com o mesmo jeito desbocado de ser como exemplo.

O Ex Namorado Da Minha Mulher (The Ex)

Zach Braff e Amanda Peet fazem o casal que está para ter seu primeiro filho só que ele é despedido no dia em que ela dá a luz e com isso tem que aceitar um trabalho que o pai dela oferece, trabalhar numa agência 'moderna' de publicidade. E lá há uma pessoa do passado dela que vai fazer a vida dele um inferno. É engraçada a visão dessas novas agências com suas manias (tipo a bola invisível) e tipos (o chefão é um hippão que vive viajando e fazendo esportes radicais). Jason Bateman é que é o quase ex do título e está tão bem que faz com que o achemos um fdp mesmo sendo um paralítico em cadeira de rodas. A trama segue aquelas paranóias típicas onde o protagonista começa a ser visto negativamente por todos e o espectador sabe quem realmente não presta. A resolução é até tranquila, o que é até natural mas que geralmente não é utilizada assim, afinal uma relação de vários anos não muda do dia pra noite apenas com alguns mal entendidos (só em filmes a coisa muda da água pro vinho). Há o exagero da surpresa, mas que cabe bem ao filme.

Judge Judy: Justice Served

Uma seleção de alguns casos do programa (que não passa aqui) onde a juíza Judy Sheindlin julga no tribunal de pequenas causas. Pra quem gosta de tribunal é ótimo, você em poucos casos vira fã da juíza, da sua forma de fazer as perguntas e decidir. Melhor ainda são os casos, muitas vezes por motivos banais, mas que conforme vamos vendo dão uma amostra da vida em sociedade sob o ponto de vista da lei. Mil vezes melhor do que esses programas de casos reais de problemas familiares, conjugais e etcs que abundam nas tvs tanto daqui quanto de lá de fora com besteiradas espirituais e/ou psicológicas sendo vomitadas. A produção é simples, não há advogados ou promotores (ainda bem), apenas as pessoas envolvidas e a juíza, e pelo visual alguns casos são bem antigos. Adoraria que passasse na tv a cabo por aqui, dá vontade de ver mais casos.

Os Maiorais (The Moguls)

Jeff Bridges é um sujeito que ainda tenta se dar bem na vida, mas sempre está duro, vive cheio de idéias que geralmente fracassam e que vê sua ex agora casada com um milionário gente boa e seu filho tendo do bom e do melhor, coisa que ele nunca pôde prover, mesmo que o filho não ligue para isso e ame o pai de qualquer jeito. Mas ele ainda quer ter sua chance na vida e tem a idéia de fazer um filme pornô em sua pequena cidade do interior com a ajuda de sua turma de amigos que sempre está disposta a embarcar em suas loucuras frequentes. As confusões que ocorrem na realização do filme é que é a estória central. Lá para o fim vamos perceber que o filme que vemos é que acabou sendo o filme que eles faziam, por isso o personagem de Bridges narra o filme e intervem em vários momentos. Há momentos engraçados como a dos negros contratados que não são tão equipados quanto a equipe achava que eram ou a vendedora de colchões com sua chefe ou o amigo gay que não se assumia (feito pelo Ted Danson). Os defeitos se escondem nessa idéia de que o filme que vemos é o que eles fizeram, pois falta uma liga maior e uma maior criatividade nas situações, mas que se justificam por ser um projeto claramente montado como uma colcha de retalhos e feito por amadores. Por outro lado o companherismo da equipe e a relação entre pai e filho são qualidades.


posted by RENATO DOHO 1:10 AM
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