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"Sometimes meaningless gestures are all we have"

terça-feira, dezembro 30, 2008
Segunda Quinzena De Dezembro

Quer dizer que são esses os últimos filmes baixados de 2008. Como comecei em Junho a fazer essas frequentes listagens (inspirado pelo
Herax e o Leandro) não sei exatamente quais os primeiros baixados do ano, mas dá mais do que 400 filmes baixados esse ano. Não é exatamente uma média alta ou baixa, mas de bom tamanho, ainda mais que, como todo viciado, baixa muito mais do que vê. Imagine se tivesse uma conexão realmente boa e usasse mais torrents e emules...

AMERICANOS

Appaloosa, Ed Harris
Changeling, Clint Eastwood
Che - Part One, Steven Soderbergh
Comanche Station, Budd Boetticher
Gran Torino, Clint Eastwood
Lethal Weapon 2, Richard Donner
Passengers, Rodrigo García
Seven Pounds, Gabriele Muccino
The Alphabet Killer, Rob Schmidt
The Tall T, Budd Boetticher
Towelhead, Alan Ball
Vicky Cristina Barcelona, Woody Allen
Wendy And Lucy, Kelly Reichardt

ASIÁTICOS

Ai No Borei, Nagisa Oshima
Kenkei Tai Soshiki Boryoku, Kinji Fukasaku
Shin Jingi Naki Tatakai, Kinji Fukasaku
Shin Jingi Naki Tatakai - Kumicho No Kubi, Kinji Fukasaku
Shukujo To Hige, Yasujiro Ozu
The Good, The Bad And The Weird, Ji-Woon Kim

EUROPEUS

Four Nights With Anna, Jerzy Skolimowski
Let The Right One In, Tomas Alfredson
Somers Town, Shane Meadows

NACIONAIS

A Casa De Alice, Chico Teixeira
Blindness, Fernando Meirelles
Bodas De Papel, André Sturm
Chega De Saudade, Laís Bodanzky
Estômago, Marcos Jorge
Mulheres Sexo Verdades Mentiras, Euclydes Marinho
O Signo Da Cidade, Carlos Alberto Riccelli
Sexo Com Amor?, Wolf Maya

DOCUMENTÁRIOS

PQD, Guilherme Coelho
Religulous, Larry Charles

posted by RENATO DOHO 3:53 PM
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segunda-feira, dezembro 29, 2008
Prefixo Solidão



Que ótima canção da banda do Wagner Moura, Sua Mãe, e com cover de Ta-Hi pra arrematar.


posted by RENATO DOHO 12:15 AM
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segunda-feira, dezembro 22, 2008
January 27, 2009



posted by RENATO DOHO 8:22 PM
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A Troca (Changeling)

Clint Eastwood se junta ao criador de Babylon 5, J. Michael Straczynski, para fazer um filme de época baseado em fatos reais. No que deu isso? Se o começo parece quase banal, mostrando o desaparecimento do filho de um supervisora de telefonistas (Angelina Jolie, finalmente atuando) a coisa vai tomando uma forma de pesadelo kafkaniano, sem com isso Eastwood mudar a forma como filma. As interpretações e os acontecimentos é que vão deixando tudo angustiante, ainda mais se lembrarmos que boa parte disso realmente aconteceu. Dizer mais da história estraga. O filme toca em vários temas pertinentes que merecem maiores reflexões. Eastwood, cada vez melhor.

A Trágica Farsa (The Harder They Fall)

Último filme de Humphrey Bogart, dirigido por Mark Robson. É um retrato nada elogioso ao mundo do boxe e por isso mesmo envolvente, mostrando a construção de uma farsa, um boxeador latino que serve de marionete na mão de um poderoso do meio (Rod Steiger) através da gerência feita por um jornalista (Bogart). É supostamente baseado na trajetória do boxeador Primo Carnera, que tentou processar os produtores do filme, sem sucesso. O personagem de Bogart também é baseado num escritor e promotor de eventos real. Bogart já estava doente durante as filmagens e morreria logo após.

Empire Falls (Idem)

Oficialmente o último filme da carreira de Paul Newman é a terceira colaboração dele com o autor Richard Russo (O Indomável e Fugindo Do Passado) numa produção HBO com direção de Fred Schepisi. Pode ser encarado como um longo filme (mais de 3 horas) ou uma minissérie em 2 partes (como foi exibida). O filme é dividido em capítulos e não foge do tom literário, apresentando diversos personagens, uma trajetória temporal da história da cidade e até com breves intervenções de um narrador. O protagonista é Ed Harris, cuja história pessoal é muito ligada à cidade e à poderosa família local onde sua mãe chegou a trabalhar. Ele não conseguiu fugir da cidade, mesmo se formando fora dali, gere um restaurante, tem uma filha na escola e está se divorciando. Seu pai (Newman) vive em estado lastimável, sempre à procura de alguns trocados, mas é totalmente inofensivo. Como num livro há diversos acontecimentos que, provavelmente, são bem mais explorados no papel do que em filme. Há até uma inusitada situação que confere uma atualidade insuspeitada (e parece até deslocada dentro da narrativa). Apesar de aparentar debilitado Newman ainda passava força e respeito e não deixa de ser uma bela despedida. O elenco ainda conta com Helen Hunt, Philip Seymour Hoffman, Aidan Quinn, Joanne Woodward, Dennis Farina, Theresa Russell, Robin Wright Penn e outros.


posted by RENATO DOHO 12:00 AM
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quarta-feira, dezembro 17, 2008
Justiça Sem Limites (Boston Legal) 2004 – 2008



Mais uma série do David E. Kelley que termina. Spin off de O Desafio (The Practice) a série era uma versão mais cômica, se aproximando de Ally McBeal, sobre os assuntos da lei através de casos e advogados. A força maior no começo era Alan Shore em desempenho brilhante de James Spader, premiado diversas vezes, mas é com o estabelecimento da dupla com Denny Crane (William Shatner) que se forma uma das mais memoráveis duplas da história da televisão mundial. É, com certeza, a relação homem-homem, sem conotações sexuais, mais forte, emocional, amorosa e íntima já mostrada. Sem usar o subterfúgio da amizade o que há entre eles é amor puro que ultrapassa qualquer categorização (amigos, amantes, pai & filho, irmandade, etcs). E ao final do seriado é a coisa mais marcante que conseguiu realizar, a que a distigue.

Para fãs dos seriados do Kelley já é costume não esperar que o elenco seja fixo e que os finais sejam um pouco melancólicos. Há muitas mudanças nos elencos de seus seriados, sem muitas explicações para o sumiço de certos coadjuvantes e também há a tendência de Kelley não participar das temporadas finais de seus seriados, com exceções e Boston Legal foi uma delas, Kelley não largou a série em nenhuma temporada e escreveu 80% dos episódios. Também é característico de Kelley acrescentar personagens recorrentes com características inusitadas que podem irritar caso não caiam na simpatia de quem vê. Então ter uma velhinha assassina e pentelha ou um negro gordo que se traveste ou uma bonita advogada anã ou um velho juíz virgem ou um advogado com asperger que se relaciona com uma boneca inflável ou um advogado caipira com bronzeado artificial não é algo fora do comum. E todos eles, com o tempo, passam de grotescas caricaturas para adoráveis personagens, uma tática de Kelley para que o espectador aceite mais as diferenças, por mais exageradas que pareçam à primeira vista.

Mais do que em outros seriados que criou Kelley usou Boston Legal como espelho dos acontecimentos atuais, datando mesmo os episódios para serem relevantes no contexto em que eram exibidos. Qualquer fato político já era tema de algum caso e se a pessoa não estivesse por dentro dos acontecimentos poderia não usufruir plenamente a reflexão crítica gerada. A eleição de Obama teve até um episódio exibido um dia antes das eleições totalmente partidário onde até o ultraconservador Denny Crane, republicano de carterinha, votou em Obama.

Como acontece nos seriados de Kelley o que mais interessa são os debates que cada caso gera, nos mais diversos tópicos passando por política, religião, mídia, comércio, indústria farmacêutica, lobbys, sexualidade, justiça, economia, etcs. Sempre pelos ângulos mais inusitados e sempre oferecendo um confronto de idéias e não panfletagem. Nisso o personagem de Denny era exemplar, sua visão republicana era encarada com simpatia diante do liberalismo dos seus colegas de firma.

Outra coisa notável no seriado que o diferencia de outras produções de Kelley é a total falta de pudores em quebrar a quarta parede. Há uma imensa lista de cenas em que o seriado fala de si mesmo, tirando sarro do próprio meio e o deixando mais anárquico ainda. E conseguia isso sem deixar o seriado parecer falso, pois tão logo algo sério era debatido sentia-se o peso do assunto.

Uma pena que na sua última temporada as atrizes mais interessantes já não faziam parte do elenco (como Lake Bell, Julie Bowen, Rhona Mitra, Monica Potter, Saffron Burrows, Constance Zimmer, Marisa Coughlan e Parker Posey). Só havia a Tara Summers (Katie). Por outro lado o próprio seriado chegou a comentar num dos episódios que era um dos raros no ar em que os principais personagens eram velhos, com quase nenhum apelo para a dita audiência televisiva. Nisso a entrada de Candice Bergen, logo na metade da primeira temporada, foi de grande importância. Até os personagens recorrentes eram velhos (os juízes, Betty White).

Não é uma série que se recomenda de imediato, pois ela precisa de um tempo para que a pessoa se ambiente. Ela também não é constante, é irregular, principalmente se o espectador se ligar demais nos personagens, que como disse antes, podem sumir. Mas quem se acostuma ou já é fã do Kelley de outras produções vai se deliciar.

Dexter - Terceira Temporada (Dexter - 3rd Season)

Se a segunda temporada já não foi tão boa quanto a primeira, desenvolvendo um arco em que uma personagem começa a ficar tão caricata que parece ter aprendido chantagens absurdas com os personagens de Melrose essa terceira é ainda mais fraca evidenciando padrões ruins e desenvolvendo outros piores.

Padrões ruins: todo personagem que se aproxima de Dexter e passa a entendê-lo terá um fim trágico pois se revelará ser um perigo para Dexter; todo namorado da irmã de Dexter vai ter algum rolo com a polícia; toda pessoa próxima da capitã vai morrer; todo caso vai fazer com que as investigações se direcionem para Dexter e ele vai fazer de tudo para desviar o foco, com a irmã sempre chegando perto da verdade. Padrão criado nessa temporada que é pior: Dexter passa a interagir com o fantasma do pai (o que lembra porcamente A Sete Palmos) ao invés de haver flashbacks elucidativos, o pai agora é um Grilo Falante do Dexter, o aconselhando conforme as coisas vão acontecendo.

Jimmy Smits como antagonista principal não agradou muito. Poucas as vezes que o acho suportável. Há algo de má interpretação misturado com uma persona nada agradável nele. Gostava dele lá atrás em L.A. Law (do David E. Kelley). Ao menos na parte final ficou muito bem por ficar totalmente odiável no personagem.

O que salva? Situações em que Dexter ainda é o Dexter de antes. E Debra, a irmã de Dexter, cada vez mais boca suja, cada vez melhor e de onde as cenas mais emocionais vieram, pois ela é o centro emocional da série, é dela que Dexter encontra amor incondicional, é dela que vem a paixão pela investigação, é dela que vem o desespero por certos personagens, ela é o contraponto para a falta de emoção que há em Dexter. Suas cenas são as melhores da temporada (ela recebendo a insígnia, ela sabendo que o pai tinha uma amante, ela atrás da localização de Anton, ela se declarando para ele, etcs). Jennifer Carpenter rules!


posted by RENATO DOHO 2:01 PM
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terça-feira, dezembro 16, 2008
Vale Tudo: Tim Maia - Nelson Motta

Segundo audiobook que "leio" (o primeiro foi o do David Lynch, Catching The Big Fish). Creio ter escolhido muito bem os livros para ouvir pois não os vejo em melhor formato do que em áudio. Parecem ideais para o formato. Ambos narrados por seus autores, com seus estilos peculiares e fazendo com que mais pareça um bom (e longo) bate papo do que a fria narração de um texto. Esse do Tim então fica-se até com a impressão que o Nelson narrou tudo e depois transcreveu para livro, tamanha naturalidade com que vai contando os fatos da vida do grande Tim Maia. Também ajuda a imitação que ele faz de Tim em quase todos os capítulos, o que evidencia outra característica do livro: quase em sua totalidade a narrativa é centrada no Tim e ninguém mais, por isso sempre aparece o Nelson imitando o Tim pelas várias frases que pontuam o livro; não vemos opiniões ou impressões de outras pessoas, a não ser de vez em quando do próprio Nelson quando aparece como personagem na narrativa. Isso ajuda a desconfigurar o livro como uma biografia, pois sendo assim ela é bem falha, há muitas lacunas e não vemos as contradições e outros pontos de vista sobre diversos assuntos. O que as mulheres que passaram pela vida de Tim têm a dizer? E sua mãe? E os filhos e irmãs? E os produtores? E os músicos da Vitória Régia? E a mulher que alegava ser compositora de diversas canções de sucesso de Tim, quem realmente era ela e suas afirmações eram falsas ou verdadeiras? Aqui e ali vamos vendo o que ocorre com sua família, suas mulheres, amigos, mas somente se eles acrescentam algum fato que será narrado, senão somem, não há uma reflexão em cima dos coadjuvantes, eles surgem e desaparecem apenas para ilustrar os eventos da vida de Tim. Por isso o final parece ser tão abrupto, seco, com Tim morrendo acaba-se a narrativa de eventos, não vamos ficar sabendo do pós-morte, o que aconteceu com diversas pessoas, coisas e fatos inconcluídos. Se encarado como a narrativa dos eventos da vida de Tim através da ótica do amigo de longa data Nelson Motta ganha-se muito mais no prazer de ouvir/ler o livro, é quase que o relato que Nelson ouviu da vida de Tim vindo da boca do próprio (o que algumas vezes podem até ser falsas, inexatas e aumentadas). Há passagens hilariantes e até expressões que pegam como "bauretes", "estratégia" e "levados". Não é um livro formal, correto, longe disso, é falho, mesmo que siga bem uma linha temporal, por épocas, mas é feito com enorme carinho e é uma bela homenagem ao grande artista que foi (e é) Tim Maia. Que o livro dê incentivos para que uma biografia completa seja escrita. Acho que o livro, se apenas lido, perde muito de sua força e graça, ele é ótimo para ser ouvido no mp3 player durante as caminhadas ou no lento trânsito ou numa longa viagem (de carro ou ônibus), só não ligar para os outros que o acharão maluco de começar a dar risadas sozinho, e você vai dar muitas risadas.


posted by RENATO DOHO 3:47 PM
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segunda-feira, dezembro 15, 2008
Primeira Quinzena De Dezembro

AMERICANOS

Burn After Reading, Joel & Ethan Coen
Frost/Nixon, Ron Howard
Hamlet 2, Andrew Fleming
Merrill's Mauraders, Samuel Fuller
The Women
, Diane English
Zack And Miri Make A Porno, Kevin Smith

ASIÁTICOS

Chinmoku, Masahiro Shinoda
Dekigokoro
, Yasujiro Ozu
Gake No Ue No Ponyo
, Hayao Miyazaki
Joen
, Yoshishige Yoshida
Rengoku Eroica
, Yoshishige Yoshida
Rokudenashi
, Yoshishige Yoshida
Tokyo No Onna
, Yasujiro Ozu
Tokyo Senso Sengo Hiwa
, Nagisa Oshima
Utamaro O Meguru Gonin No Onna
, Kenji Mizoguchi

EUROPEUS

Comment Ça Va, Jean-Luc Godard & Jean-Pierre Gorin
JCVD
, Mabrouk El Mechri
Lásky Jedné Plavovlásky
, Milos Forman
Transporter 2
, Louis Leterrier

DOCUMENTÁRIOS

A Complete History Of My Sexual Failures, Chris Waitt
American Teen
, Nanette Burstein
An Evening With Kevin Smith
, J.M. Kenny
An Evening With Kevin Smith 2 - Evening Harder
, J.M. Kenny
Man On Wire
, James Marsh


posted by RENATO DOHO 7:35 AM
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sexta-feira, dezembro 05, 2008
PWZ



Estréia hoje nos EUA. Teaser com legendas.

Algumas faixas da trilha incidental do filme:

Faixa 1
Faixa 2
Faixa 3
Faixa 4

Ouça a entrevista com o compositor da trilha, Michael Wandmacher.

As músicas instrumentais são bem melhores e mais de acordo com o personagem do que a trilha de canções que tem Rob Zombie (cuja canção foi a única composta para o filme), Slayer, Seether, Slipknot, Hatebreed, Machines Of Loving Grace e outros. Mas para quem quiser essa trilha com as bandas...

LINK



Uma das canções da trilha toca num dos trailers do filme, Ramallah - Days Of Revenge.

posted by RENATO DOHO 12:26 AM
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quarta-feira, dezembro 03, 2008
Tirando O Atraso



Eu já não lembro mais quais filmes vistos eu comentei aqui ou não. Espero que alguns não sejam repetidos, tem filmes de 2 meses atrás...

Cidade Tenebrosa (Crime Wave)

Mais um espetacular filme de André De Toth, um film noir dentre os melhores do gênero. A trama vai num crescendo que nunca parece parar, o protagonista parece ir numa espiral sem saída e Sterling Hayden faz um policial extremamente ambíguo que só ao final veremos seu real caráter. E tudo isso em meros 73 minutos, que conseguem ter muito mais coisas do que diversos filmes de 2 horas ou mais. Além ter sido filmado com poucos recursos e em 13 dias! Curiosidade é ter Charles Bronson como um dos bandidos, ainda assinando Charles Buchinsky. Pena que De Toth só teve 3 filmes nesse gênero (um deles com fama de essencial, Pitfall, que ainda não vi), mas ele era foda em qualquer gênero (guerra, western, horror).

Na Mira Do Chefe (In Bruges)

Ótimo filme de estréia do cineasta Martin McDonagh. É uma mistura deliciosa de policial com comédia e fantasia. Colin Farrell, numa fase muito boa (o trabalho anterior foi O Sonho De Cassandra), está hilário, fazendo um matador profissional que, com o parceiro, se refugiam em Bruges após um serviço, na espera de novas instruções do chefe. Lá, uma pequena cidade bélgica, sem nada pra fazer ele vai se relacionar com uma moça que está "trabalhando" num filme rodado na cidade. Só o fato de balancear bem os diversos elementos já é algo para elogios, mas o filme vai um pouco mais, fazendo uma amálgama que é mais do que as partes separadas.

36 (36 Quai Des Orfèvres)

Segundo filme da trilogia policial que Olivier Marchal realizou (os outros são Gangsters e MR 73). Os policiais interpretados por Daniel Auteuil e Gérard Depardieu disputam a resolução de um caso de gangues de ladrões e para isso acabam apelando cada vez mais para métodos que beiram o ilegal. Nisso as coisas complicam para um dos lados após um incidente. Envolvente e bem realizado o filme consegue ser tanto um bom policial quanto um bom drama, nisso os atores tarimbados ajudam muito. E a questão dos limites da ética são discutidos. Curiosidade é que Marchal foi policial antes de ser cineasta, por isso sua desenvoltura nesse universo e seu toque único ao tratar desses temas.

Kevin Smith – Sold Out

Terceira vez que Kevin Smith realiza esses Q&A (perguntas e respostas) com seus fãs. Dessa vez num teatro e no dia do seu 37.o aniversário. Não vi os outros dois, mas variavam no formato (o primeiro foi uma tour por faculdades e o segundo foi ele indo de casa em casa de fãs). Todos têm quase 3 horas cada um, por isso é necessário ao menos ter simpatia por ele para aguentar a duração. Smith, vai se revelando, cada vez mais, um típico cineasta que curto bastante falando e não na mesma intensidade os filmes. Aqui entram Robert Rodriguez, Quentin Tarantino, David Cronenberg e outros. Sempre tendo as exceções de cada um (como Planeta Terror, Jackie Brown e O Balconista 2). Parece até ter uma relação (ao menos pra mim) de quanto mais o cineasta se expressa bem oralmente menos ele se expressa bem visualmente, ou não tanto quanto eu gostaria ou esperaria que se expressasse; afinal, se ele consegue passar bem o que quer que seja falando pra que usar outro meio? Enfim, Smith se mostra muito bom no palco, quase um stand up comedian, contando e envolvendo o público com suas histórias pessoais e de bastidores de filmes. As histórias são ótimas, desde a do(s) seu(s) cachorro(s) (que rende quase uma hora), passando por Jason Mewes nas filmagens de O Balconista 2, as filmagens de Duro De Matar 4 (excelente por dar a noção exata do que é uma super produção e o que é uma super produção com Bruce Willis), Ben Affleck, as citações nada favoráveis dele em Entourage (que ele adora, mesmo que o sacaneiem direto - ele falou de 2 vezes, mas essa temporada recente teve mais uma citação), a gravação de um piloto que não foi ao ar apesar das ótimas recepções nos testes com o público, e dentre várias outras, a melhor: suas desventuras com relação à uma fissura anal. Às vezes nem parece verdade certas coisas que ele conta, mas como bom contador de histórias o que importa se aconteceu isso ou aquilo exatamente como ele conta? Smith não tem pudores de tirar sarro de si constantemente e coragem pra falar abertamente de algo que pode afligir várias pessoas, mas que nunca revelam pros outros (como o problema anal, tema que aliás apareceu num programa da Oprah mostrando o relato de uma mulher com o mesmo problema e sua coragem de se expor assim). Sua esposa e filha é que o apresentam no início e sua mãe está na platéia - será que a filha pôde ficar pra ouvir todas as coisas que o pai disse? Pode ser visto como uma longa entrevista informal como também um espétaculo de stand up muito engraçado, com a vantagem que não são piadas inventadas, mas fatos da vida dele. Agora tenho a curiosidade de ver os 2 anteriores e esperar o quarto nos próximos anos.

Amor E Inocência (Becoming Jane)

Não é uma onda Jane Austen, mas ela sempre ressurge de tempos em tempos por causa de suas adaptações ou filmes inspirados nela. Nesse, Anne Hathaway faz a própria, mostrando sua primeira paixão, supostamente baseado num fato remotamente real (e nas suas cartas). Anne é mais uma americana que se passa bem por inglesa e o filme tenta fazer com que a própria Jane viva dentro do próprio universo de seus livros, como se ela apenas tivesse escrito, depois, o que vivenciou. James McAvoy faz o par romântico.

Busca Implacável (Taken)

Um bom e movimentado filme com uma trama pra lá de simplória, e com cenas idem como os dos presentes (aparelho de som / pônei), pra não haver dúvida alguma do que se quer dizer. E não sendo nada sutil apenas um pai americano consegue acabar (em dias) com todo um esquema de tráfico de mulheres que ocorre em Paris, já que as autoridades francesas são corruptas e ineficazes - só é preciso alguém com decisão pra que essas coisas acabem... Outra coisa engraçada é que ser virgem garante a sobrevivência nessas situações, senão o destino seria igual a da amiga "galinha" da mocinha. As lutas, no estilo Bourne, e os métodos para obter informações (Jack Bauer fazendo escola) chegam a ser divertidas pela rapidez com que ocorrem. E se esses filmes sempre jogam com a paranóia ("não confie no vizinho", "não confie em estranhos") aqui reafirmasse que é bom ouvir o pai paranóico e é bom mocinhas não viajarem pra Europa, um antro de perdição, pois acabarão sendo leiloadas como escravas sexuais! Melhor ter aulas de canto com a confiável pop star americana, que não deixa de ser uma escrava sexual bem paga.

À Procura De Kitty (Looking For Kitty)

Típico filme pequeno e simpático do Ed Burns. Trama mínima, marido contrata um detetive para achar a ex, que o largou para ficar com o rock star; acontecimentos nada extraordinário nessa busca e um desenvolvimento das personalidades envolvidas. Surpresa ver David Krumholtz fazendo um papel mais adulto, onde o bigode ajuda e sua caracterização (o jeito de falar, andar, etcs) o torna extremamente simpático. Mesmo os personagens coadjuvantes com participações pequenas conseguem ter carisma, e passamos a nos importar com o zelador, a nova vizinha, a festeira, a esposa falecida que só vemos por fotos, e até o rock star. Burns não faz caricaturas das pessoas, então não há os certos ou os errados, os bons ou os sacanas, como inicialmente podem levar a parecer; todos têm suas razões e motivos. Por isso nada mais inconclusivo que o seu final. No meio da trama há belas homenagens à cidade na forma dos prédios antigos que o personagem de Burns apresenta para o seu cliente, refletindo no que está acontecendo.

Espelhos Do Medo (Mirrors)

É daqueles filmes que ao final eu me pego perguntando por que vi. Não que seja ruim, aliás alguns filmes ruins valem até ver, mas é que fica aquele gosto de que não serviu pra nada. Aqui Jack Bauer entra nos filmes de terror e parece isso mesmo já que em várias situações ele resolve as coisas como o personagem do seriado. A trama (?) nem tenta fazer sentido, com personagens ruins que não se justificam como o policial (que arranja tudo pro protagonista sem o menor problema ou mesmo o menor questionamento, lembrando que ele saiu da polícia bem mal visto por todos - quase uma Chloe, de 24 Horas), a irmã do protagonista, o filho dele ou a freira. O final então fica pior ainda, num exagero de pirotecnias e revelando algo meio absurdo: por que a entidade queria sair do espelho já que, pelo mostrado, era muito mais poderosa dentro dele? Claro, só para haver um embate mocinho/bandido, a única justificativa, ainda mais que a entidade é relativamente fácil de ser eliminada.


posted by RENATO DOHO 8:02 PM
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