RD - B Side
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"Sometimes meaningless gestures are all we have"

quarta-feira, março 30, 2005
Horror De Frankenstein (The Horror Of Frankenstein)

Mais uma adaptação de Frankenstein (e mais uma pela Hammer) que não perde o interesse e nos mantém atentos e interessados durante todo o filme pela tradicional competência da Hammer na condução da narrativa pela equipe montada (diretor, elenco, produção, etcs). Há algumas coisas que acho diferente de outras adaptações (e como nunca li o original não sei qual foi a mais fiel) como Frankenstein ser cobiçado pela garotas locais e ele começar a usar o monstro numa cadeia de assassinatos ao invés de abominar sua criação. Há até uma porta para uma continuação.

Viy – O Espírito Do Mal (Viy)

Um exemplar raro por aqui do cinema fantástico russo inspirado em conto de Gogol. É um fascinante filme sobre uma lenda popular. Um seminarista tem um encontro inusitado com uma bruxa e logo após recebe a ordem de ir zelar pelo corpo de uma jovem recém falecida que exigiu sua presença. O pai da jovem faz com que ele passe três noites trancado com o caixão para orações. Cada noite é excelente no que consegue criar de clima e mostrar em imagens, e vai aumentando para o clímax e noite final. Mesmo curto na duração o filme não parece apressado e a impressão que fica é grande.

Amarelo Manga

É engraçado ver um filme tanto tempo depois do auê em cima e foi como vi o filme, numa sessão do Canal Brasil antecedida pela exibição do curtas Texas Hotel de Claudio Assis e Conceição de Heitor Dhalia onde Assis atua, e também por uma conversa de Assis com Pedro Bial. A primeira impressão que tive após ver o filme era a pergunta: "mas é isso?". Não vi o que poderia ser chocante ou polêmico, o filme passou como mais uma narrativa pontuada com uns palavrões a mais. Durante o filme achei tudo meio esquizofrênico: ir contra uma estética bonitinha mostrando os arredores de Recife mas tendo Walter Carvalho na fotografia (que sempre torna tudo atraente visualmente); mostrando cenas documentais do povo e da cidade (o que mais gostei do filme) colocando no meio planos "cinematográficos" em travellings ou tomadas acima do teto descaracterizando qualquer realismo; usando figuração popular mas dando os papéis de destaque para artistas conhecidos... Não gostei dessa mistura e dessa procura pelo que aparentemente seria chocante (a mulher com o inalador, Leona tendo nudez frontal, a morte do boi, tiro ao alvo em cadáver, etcs), me lembrou Larry Clark na sua redução de personalidades (que torna tudo previsível como a beata se soltar, só faltou o padre fornicar com uma mulher ou mesmo um homem) onde tudo vira mais um joguete do que uma criação de personagens interessantes, críveis e relevantes. As atuações são boas pois estão em mãos competentes (Matheus, Dira, Diaz, Jonas), mas fica nisso.

ATUALIZAÇÃO: esqueci de comentar aqueles planos horríveis do povo olhando sério pra câmera perto do final! não pelo povo, mas a forma Sebastião Salgado que tinha me irritado sendo usado similarmente em Diários De Motocicleta. Se ainda fosse cenas do cotidiano como no resto do filme ficaria melhor, mas aquela forma posada...


posted by RENATO DOHO 12:10 AM
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terça-feira, março 29, 2005
Kimberly Williams



Erika Christensen



posted by RENATO DOHO 12:46 AM
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quarta-feira, março 23, 2005
A Explosão Da Música Irlandesa (From A Whisper To A Scream)



Bom documentário de 2000 que dá uma geral na história da música irlandesa, principalmente no rock a partir da década de 50. Com muitos vídeos raros e fotos não há uma narração que guie o espectador, mas sim entrevistas com personalidades irlandesas que vão contando à sua maneira a época e bandas. Gente como Bono, Bob Geldof, Jim Sheridan, The Edge, Van Morrison, Bill Whelan (compositor do Riverdance), Sínead O'Connor, Dolores O'Riordan, The Corrs, escritores, jornalistas e outros dão suas impressões sobre os mais diversos artistas, acontecimentos musicais onde os irlandeses se destacaram (como o Live Aid) e até os próprios trabalhos. Fora o U2 que evidentemente tem destaque há um especial tratamento para Rory Gallagher e Phil Lynott do Thin Lizzy (que na minha ignorância não sabia que era negro!), dois brilhantes músicos que influenciaram muita gente. A quantidade de artistas e bandas abordadas é tamanha que nem cheguei a anotar. Infelizmente a Cine Art fez um péssimo trabalho de legendagem. O sotaque irlandês pode ser mais difícil de se entender, mas quem legendou não sabia nada de música e às vezes nem de inglês inventando frases sem sentido que de forma alguma soavam, mesmo que minimamente, com o que era dito. Muitas bandas nem apareciam nas legendas e o espectador tem que adivinhar de quem estão falando; Stiff Little Fingers virava Fingers por exemplo, egos virava Eagles que não tinha nada a ver com o contexto e muitos etcs. Uma pena que um documentário legal desse tipo seja estragado pela legendagem para quem não conhece um pouco de inglês. Por outro lado, é tanta coisa boa ainda pra se descobrir e ouvir vindo da Irlanda!


posted by RENATO DOHO 2:08 AM
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Abismo De Um Sonho (Lo Sceicco Bianco)

O primeiro filme dirigido apenas por Federico Fellini (Mulheres E Luzes foi uma co-direção) que já mostra todo o potencial e temática que vai expandir durante a carreira. A história (que tem Michelangelo Antonioni como um dos colaboradores) é simples: na lua de mel em Roma de um casal do interior há um desencontro entre marido e esposa (ela vai às escondidas encontrar um astro de fotonovelas por quem ela é apaixonada) para desespero do marido que tem que encontrar soluções para que seus parentes (influentes na cidade) não desconfiem de nada enquanto cumprem uma agenda toda programada de visitas e encontros (até com o papa). A parte dos bastidores da fotonovela mistura sonho com amargura, vê o lado engraçado do showbusinnes, mas também o cruel. Já as artimanhas do marido fazem um paralelo muito curioso com o próprio Fellini inexperiente e assumindo essa responsabilidade toda. Como se os dois tentassem equilibrar o caos (Fellini conta que nem dormia de tão preocupado que estava com as filmagens, além de ter um tempo reduzido). Vemos pela primeira vez a participação de Giulietta Masina interpretando o personagem de Cabiria numa ótima cena. A trilha de Nino Rota é brilhante (e é bem conhecida) e foi o primeiro trabalho junto com Fellini. A parte final é excelente, numa mistura muito bem dosada entre tensão e alívio, alegria e desespero, desilusão e esperança, emoção e humor.

Sangue No Sarcófago Da Múmia (Blood From The Mummy's Tomb)

Um bom exemplar da Hammer baseado em escritos de Bram Stoker. O diretor Seth Holt morreu uma semana antes de terminar as filmagens. A beleza de Valerie Leon marcou o filme e no dvd há uma entrevista recente com ela (depois ela foi uma bond girl). A história é absurda e meio sem nexo, mas as cenas são bem realizadas, incluindo a boa seqüência de loucura no hospital psiquiátrico. Apesar de alguns atores fracos a interpretação coletiva não sofre grandes perdas. Não há muita violência e nem nudez (o que é uma pena vendo Valerie em trajes egípcios), mesmo assim o filme tem seu interesse.


posted by RENATO DOHO 1:26 AM
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terça-feira, março 22, 2005
Into The West



A nova minissérie de Steven Spielberg.


posted by RENATO DOHO 12:57 PM
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segunda-feira, março 21, 2005
Assalto Ao Carro Forte (Le Convoyeur)

Mais um bom exemplar de um filme de gênero francês (como Malefique) desta vez com o policial. Aqui acompanhamos a rotina de funcionários de uma empresa de carros fortes que prestam serviços para os mais diversos estabelecimentos, a maioria de porte médio, nada grande como um banco, por exemplo. Entre esses funcionários o foco está no mais recente contratado interpretado por Albert Dupontel (Irreversível) cujas motivações não são claras durante toda a narrativa. Por vezes o filme lembra El Bonaerense no cotidiano desse pessoal, das diversões, dos vícios, da corrupção da "corporação". Só há ação mesmo na parte final, mas quando vem é de forma bem realizada e forte a ponto de ficarmos com a impressão que o filme todo foi assim. Mas a opção de boa parte da história não ser muito movimentada é para que conheçamos os personagens e suas motivações. O filme termina muito bem.

Um Amor Para Recordar (A Walk To Remember)

Um filme romântico cheio de clichês baseado no livro de Nicholas Sparks (Diário De Uma Paixão) que por algum motivo no decorrer da história nos cativa. Muito talvez venha de Mandy Moore, essa jovem cantora carismática que vem fazendo um belo trabalho no cinema (de todos que vi dela até agora nenhum é ruim), que não se preocupa em ser linda. Quem sabe a história vá ficando mais séria e por isso a impressão inicial negativa de mais um filme sobre estudantes não se sustente. Mesmo que saibamos exatamente como tudo vai passar sentimos que o jovem começa a amar a garota, e o pai fique mais tolerante, entre outras situaçoes, não pelo roteiro, mas simplesmente pelos personagens que ali estão (e também pelos atores que conferem uma verdade). Óbvio que o final é lacrimoso. Parece que a história é baseada numa ex-namorada de Sparks, mas não procurei ver se é verdade ou não.

Aro Tolbukhin – Na Mente Do Assassino (Aro Tolbukhin – En La Mente Del Asesino)

Um interessante filme de produção mexicana e espanhola sobre um suposto serial killer que incendiava mulheres grávidas. O formato é de documentário misturado com narrativa (vemos uma entrevista com o serial killer na prisão e a história dele sendo feita por um ator, além de outros participantes). Creio não ser um caso real, mas algumas tomadas antigas até soam verdadeiras. Uma das melhores partes é da infância, da relação do assassino com sua irmã, filmada num belo p&b. Neste instante o filme fica mais lírico, na inocência da relação incestuosa (as cenas da árvore, da primeira vez e do fogo são de grande beleza misturadas com algo mais sombrio).
As explicações psicológicas são exatas demais (por isso a impressão que seja apenas um roteiro fictício), mas não atrapalham na apreciação do filme.

O Show Não Pode Parar (The Kid Stays In The Picture)

Um documentário muito bom sobre a fascinante trajetória do produtor Robert Evans que esteve envolvido com os filmes O Poderoso Chefão, O Bebê De Rosemary, Love Story, Chinatown, Maratona Da Morte, Cotton Club, entre outros. A maioria das histórias da realização destes filmes são mostradas no documentário (a de Mia Farrow em Rosemary, por exemplo, eu sabia muito por cima). Evans narra e como é baseado no próprio livro que escreveu há uma visão única das coisas, o que torna tudo mais divertido e particular ainda (a traição de Ali McGraw é um momento triste, a sua decadência depois também). O momento que dá título ao filme (no original) é antológico. Além de sabermos fatos de bastidores o documentário fez um trabalho muito bom com as fotografias que foram filmadas e montadas para dar movimento e vivacidade aos fatos narrados (há cenas da época também, mas Evans tirava muitas fotos, por isso há um bom registro das épocas). Há momentos que esquecemos que o que vemos são fotos e não um filme (que aliás são fotos do mesmo jeito - esse jogo é muito bem elaborado pelos diretores) e a narração interpretativa de Evans só ajuda, dando suspense, tensão, tristeza ao que se fala ou à situação que se apresenta. Fora a coisa do produtor e do cinema o documentário também monta um retrato do jovem ambicioso e boa pinta, do poderoso que vai ao fundo do poço e da ligação entre as pessoas. Recomendável para todos os interessados em cinema.


posted by RENATO DOHO 12:02 AM
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sábado, março 19, 2005
Eros



posted by RENATO DOHO 4:58 PM
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Ike – O Dia D (Ike – Countdown To D Day)



Filme feito para o cabo com Tom Selleck fazendo Dwight Eisenhower, líder das forças alidas na preparação e execução do dia D. É bem realizado por Robert Harmon (A Morte Pede Carona) deixando tudo conciso, com boa fotografia (há apenas um plano que acho alogado demais para o efeito, quando mudam os comandantes na explicação do plano) e bons atores, deixando tudo mais crível. Selleck tem uma das melhores atuações de sua carreira, com uma caracterização bem diferente do usual (nada Magnum) e capturando bem o jeito de Eisenhower (como a forma de fumar). Mais do que o dia D o filme fala sobre liderança, seja um comandante (que aliás na época foi o mais poderoso de toda história por ter tantos envolvidos sob seu comando, não sei se superado), um diretor, um presidente ou um empresário. Claro que falando do dia D o filme instiga a querermos saber mais sobre o assunto: o dia D, Eisenhower, a não participação da França, etcs. Por se concentrar nos planejadores e não nos soldados acho que é o diferencial das produções atuais, sempre focando o soldado. Há uma falta dessa visão mais acurada no meio de onde as coisas são decididas (por isso é bem mais comum um filme que fale do povo do que um que fale da elite, a não ser em visões superficiais de gente que não vivenciou o poder). O filme consegue a façanha de falar dos comandantes e ainda assim não perder de vista os soldados, que não viram apenas números, por mais que eles os sejam na planejação de algo grande assim. A participação de Patton é ridicularizada aqui.

Meninos De Deus (The Dangerous Lives Of Altar Boys)

Um filme de amadurecimento juvenil envolto nos desenhos de Todd McFarlane que fala de estudantes de um colégio católico e suas (des)venturas. Os jovens são Kieran Culkin e Emile Hirsch, ambos com talento e carisma. Kieran é um dos Culkin que gosto de ver o trabalho, tem uma carreira muito boa até agora. Emile lembrei que fez recentemente Um Show De Vizinha e depois fui saber que era ele o filho de Laura Linney em Marcas De Um Suicídio, é um jovem que na hora que você vê nas telas você simpatiza e acha que ele é exatamente como o personagem. Minha musa Jena Malone também participa e só dela estar no filme vale qualquer tentativa de conferir seu trabalho. Mais uma vez ela faz uma garota com um passado "diferente" e acho muito legal que ela desde o primeiro filme aceita fazer papéis com um perfil nada agradável em certos aspectos (só lembrando, em seu primeiro filme ela era vítima de abuso sexual pelo padastro e fez a cena do abuso, não era só falado). Ela é maravilhosa, perfeita no papel daquela garota que é a paixão da época de colégio. Jodie Foster como a madre / professora (produziu o filme) e Vincent D'Onofrio como o padre estão bem, mesmo que não tenham muito espaço na trama. A animação que traça paralelos e adianta certas coisas da narrativa pode até ser vista em separado já que tem continuidade. Não sei exatamente se é um final adequado o encontrado, mas não estraga as coisas.

Líquido X (A Date With Darkness)

Telefilme que se encaixaria num Supercine: caso real de um jovem milionário herdeiro de uma conhecida marca que tem o hábito de drogar moças que conhece para abusar delas (as filmando geralmente). Uma vai para a justiça e mais 2 se apresentam após o caso ser noticiado. É um filme correto e interessante, mas não mostra os abusos. O elenco é de atores conhecidos da televisão: Jason Gedrick (Murder One), Marla Sokoloff (O Desafio) e Lisa Edelstein (Ally McBeal, O Desafio). Stefanie von Pfetten é uma bela atriz que faz uma das acusantes (a casada). Curioso do filme é que ele começou a ser realizado enquanto o verdadeiro criminoso, Andrew Luster, estava foragido; o filme terminaria com uma foto do verdadeiro Andrew e pedindo ao público informações do seu paradeiro. Só que ele foi capturado durante as filmagens e todo o final foi refeito. Não ficamos sabendo porque o jovem playboy que poderia ter todas as garotas que quisesse sem precisar drogá-las fazia o que fazia. Neste ponto o filme só narra os fatos, ficando um pouco mais livre em mostrar os traumas na jovem que o denuncia. A droga que ele usa é bem conhecida e realmente é muito utilizada para drogar pessoas em casa noturnas para estupros.

Desaparecidas (The Missing)

Bom filme de Ron Howard com Cate Blanchett, Tommy Lee Jones e Evan Rachel Wood. É um western com suspense e misticismo. A parte mística proporciona a melhor cena do filme, o embate entre magia negra e branca realizado entre os índios com o personagem de Cate no meio, sofrendo. A relação entre pais também é bem desenvolvida, seja do pai de Tommy com a filha Cate ou Cate com a filha Evan (e também brevemente o pai e filho índios que ajudam na operação de resgate). Cate tem uma boa desenvoltura interpretando uma mulher forte do oeste, por isso não achamos que ela não possa fazer as coisas sem a ajuda do pai. Pena que o dvd esteja em full.

O Diabo A Quatro (Duck Soup)

Não sei porque, mas o tão falado melhor filme dos irmãos Marx se mostrou (para mim, bem dito) o mais fraco dos vistos! Mesmo sendo curto e tendo uma evolução mais bem amarrada do que os outros senti um desleixo em certas gags, um cansaço ao acompanhar a história e o pior, uma apatia com o humor (uma ou duas vezes realmente achei algo engraçado) seja visual ou falado. A parte com o vendedor (pipoqueiro? doceiro?) chega a ser triste por ser recorrente (repetem a piada durante o filme quando uma só estaria bom) e sem ritmo algum. Chaplin realizou isso antes e bem melhor. Até Renato Aragão faz isso melhor. Uma decepção.


posted by RENATO DOHO 4:30 PM
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Keira



posted by RENATO DOHO 3:27 PM
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terça-feira, março 15, 2005
Terceiras Partes

Cubo Zero é a tentativa de retomar ao clima e idéias do primeiro, um pouco como se ignorando o segundo (Hypercubo). Mostra uma história anterior ao primeiro, explicando um pouco do universo da trilogia. É mais bem sucedido que o segundo, mas a trilogia Cubo continua muito irregular no desempenho dos atores.

Possuída - O Início também vai lá no passado para lançar luz à alguns aspectos da trilogia. Parece mais com o primeiro que com os segundo na estrutura, mas não tem a mesma força do original que tinha um simbolismo mais forte além das aparências (falava-se da puberdade feminina de forma muito curiosa). Katharine Isabelle cotinua linda. Melhor que o segundo.

NOTA: adicionado ao lado link para o blog do amigo Fabiano Morais (O Metafrasta), finalmente tendo um local próprio.


posted by RENATO DOHO 7:34 PM
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sexta-feira, março 11, 2005
Bande À Part



Um dos grandes filmes de Jean Luc Godard feito após a realização de O Desprezo, o que causa espanto, já que aqui volta-se ao p&b e ao espírito solto dos primeiros filmes, retomando à temática policial, baseado num pulp americano.

Acho que é uma das narrativas mais "tradicionais" de Godard, mas não impede que haja centenas de referências cinematográficas e culturais, tornando tudo rico. O nível de ligações, referências e símbolos é tanto que nem me atrevo a querer ficar citando tudo, mas destaco: a brincadeira do tiro logo no início que é retomada no final e a citação de Pat Garrett e Billy The Kid (que antes eram amigos), o que a professora escreve no quadro e que tipo de tarefa que dá aos alunos, o letreiro luminoso da nouvelle vague, os gestos dos protagonistas e o movimento do carro que parecem sempre ir para lugar algum, a moça que retoca a maquiagem no espelho do banheiro do bar, as tomadas por trás dentro do carro, os cigarros, o chapéu, as meias...

Há cenas memoráveis como a da aula de inglês com a troca de olhares, a cena do bar com o silêncio, a troca de lugares e a dança (uma das grandes cenas da história do cinema) - essa cena é clara inspiradora da cena de Pulp Fiction, começando pelo papo dos silêncios constrangedores e terminando na dança de Uma e Travolta - o recorde no Louvre e a tentativa de roubo.

Outro destaque é a narração do próprio Godard, começando com a brincadeira de um resumo rápido após algumas cenas para os espectadores que estão chegando agora ao cinema e a recusa de explicar o relacionamento do trio deixando que a imagem fale por si. Essa lembrança da forma do filme é constante, a mais evidente é o corte sem continuidade temporal, com falas e gestos sendo repetidos na mudança de plano (Glauber Rocha em Terra Em Transe usa bastante) e até na cena da dança no uso do som ambiente e da trilha (brilhante).

O trio, dois homens e uma mulher, nos remete de imediato à Jules E Jim de Truffaut (a corrida no Louvre é outra referência explícita, ou melhor dizendo, um diálogo).

E, claro, não dá pra não falar da força da beleza que Anna Karina transmite por uma câmera evidentemente apaixonada (ela era casada com Godard na época).

Enfim, há muito que se falar e perceber do filme, mas vale mais vê-lo e revê-lo, coisa que a TV5 felizmente proporcionou aos seus espectadores.


posted by RENATO DOHO 9:53 AM
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quarta-feira, março 09, 2005
O Amigo Oculto (Hide And Seek)

O fato que salva esse filme de ser mais um entre tantos tem um nome: Dakota Fanning. Essa garota tem um talento que poucas vezes vi seja em crianças ou adultos! Em 2000 que fui conhecê-la quando participou de três seriados que via: Ally McBeal, O Desafio e CSI. Às vezes você nota um ator ou atriz que chama atenção pela performance num seriado ou filme menos conhecido, mas depois de um tempo você esquece pois não ouve mais falar. Dakota, ao contrário, foi cada vez mais chamando atenção, começando com Uma Lição De Amor onde quase roubava as cenas de Sean Penn e Michelle Pfeiffer (sendo o marido de Michelle, David E. Kelley, o produtor de Ally e Desafio não é improvável que ele e a esposa indicaram Dakota para este filme). Os filmes seguintes só foram mostrando a versatilidade da garota, seja sendo bem criança e alegre ou dramática. Não há quem não trabalhe com ela e fique admirado (ou apaixonado mesmo, pelos relatos, seja homem ou mulher). Até o diretor de Grande Menina, Pequena Mulher disse que conversar com ela é como conversar com um adulto!

Neste suspense (o primeiro desse gênero onde ela é a principal) ela mostrou muito bem um outro lado, além de séria soube mostrar alguém traumatizada e depressiva (e até ameaçadora). A mudança da cor de seus cabelos ajudou na composição. Sua atuação através de gestos e olhares é de atriz profissional, sabendo muito da intenção da cena e sua fala é madura (sua narração da minissérie Taken é exemplar). Não sei se ela conseguirá passar da fase criança para adulta como atriz, mas já fez papéis que muitas veteranas não conseguem desenvolver numa carreira inteira.

A trama já era toda explícita no trailer, só avisados entraram no filme em sua maioria. A narrativa é feita para que desde o início achemos que ela esteja com dupla personalidade e só fôssemos saber dessa obviedade no final. A alternativa seria que o seu amigo imaginário fosse real, mas quem? Se fosse alguém de fora da trama até o momento soaria uma apelação, mas se fosse de dentro teria que ao menos ter algum sentido e isso o filme faz com aqueles rápidos flashs que De Niro tem à noite. Há algo errado ali. Eu mesmo não percebi o que era evidente, algo que ele viu na festa, ele ser o traumatizado, a mancha na mão, etcs. Claro que racionalmente é sem sentido (algumas atitudes de Charlie são do pai e do pai são de Charlie), mas no momento da projeção convence. O filme não tenta ser algo além disso, o que é uma pena. Caso se pense em traumas em crianças, bom, o filme nunca propôs isso e nem consegue explorar isso direito.

A direção não consegue elaborar nada mais que o trivial, as cenas de tensão com música (ou sem), a câmera no ombro da pessoa, as revelações de surpresa atrás de portas e cortinas... Tudo quase banal. De Niro está no piloto automático, extrapolando um pouco no final. As coadjuvantes não servem para muita coisa, a de Elizabeth Shue, coitada, é inútil. Falando nela só queria ressaltar em como ela anda estranha ultimamente, algo nos seus olhos que parecem envelhecidos, seu olhar parece de maluca (e isso não é só neste filme, em outros recentes também, mesmo sem ser algo do personagem). O que será que ela fez? Os olhos nas mulheres são a primeira coisa notável do envelhecimento, perdem o brilho e olhar fica mais seco, ressentido, mas em Shue suspeito de algo mais, mas ainda não sei o que é. Estranho que em fotos do cotidiano o olhar dela não é tão evidente assim, seriam os maquiadores de set os culpados? Bom, sei lá, só sei que ela parece velha, mesmo que seu corpo continue atraente.

Um ponto que não sei se é proposital do filme: todos os homens adultos (com exceção do pai) tem uma relação quase pedófila com Dakota; olhares esquisitos, elogios à sua beleza... e Dakota na cena com o vizinho claramente, pode-se dizer, "flerta" ou tenta atrair sua atenção ou carinho (ou desejo). Até Charlie nos relatos parece ter algo com ela (o encontro sendo numa gruta, ela largando sua boneca, não querendo mais a porta entreaberta como se tivesse amadurecido, ela vestindo as roupas da mãe e se maquiando). A paranóia do pai com relação à isso (ele vendo de longe adultos falando com ela e ele indo logo interferir) tem algo a acrescentar ao filme? Seria a relação mal resolvida com a esposa? Muy esquisito! O motivo disso não é claro para mim no momento.

O filme não vale muita coisa em si, mas o desempenho de Dakota é além filme e merece ser conferido.


posted by RENATO DOHO 11:50 PM
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O Golpe (The Big Bounce)

Baseado no livro de Elmore Leonard o filme é muito divertido e agradável de se ver se a pessoa, entre outras, conhecer e gostar do estilo da direção de George Armitage. Filmes como O Anjo Assassino e Matador Em Conflito evidenciam um jeito peculiar de misturar tramas policiais com humor (muitas vezes negro) que dão aos filmes um tom difícil de se definir e por isso não muito fácil de se apreciar pelos desavisados. A inclusão de Owen Wilson como protagonista e a transferência da história de um cenário urbano para as praias hawaianas melhoram ainda mais o clima solto da narrativa. Owen é especialista em encarnar tipos cools (sem ser posado) onde dificilmente encaramos uma situação como séria (que eu me lembre apenas em Atrás Das Linhas Inimigas ele mostrou um outro lado), por isso desfrutamos mais das situações que em outros filmes seriam tensas (as brigas por vir, o golpe em si). É como se no fundo o filme mostrasse o quão ridículo essas tramas podem ser quando levadas à sério demais (não por acaso Doze Homens E Um Segredo é excelente por também seguir essa linha), virando Supercines que alertam incaultos espectadores sobre as amizades suspeitas, a parceira maquiavélica, o vizinho sinistro, etcs. Não que as tramas sérias sejam ridículas, mas podem cair facilmente nessa armadilha de auto-importância. E o filme não se levar à sério não quer dizer desleixo na filmagem. É um trabalhão deixar um filme e um set tão relaxado assim sem parecer falso ou banal. No elenco só gente boa como Morgan Freeman, Gary Sinise, Vinnie Jones, Charlie Sheen, Willie Nelson, Harry Dean Stanton (a reunião dos 4 na mesa jogando dominós é ótima), Bebe Neuwirth (acho ela muito interessante e ainda tem um belo corpo, já chegando perto dos 50) e a revelação Sara Foster (sua estréia no cinema). Ótimas cenas como a das subidas e descidas de Sara se balançando entre Owen e Charlie ou da visita à casa do policial gay. A parte do golpe é bem realizada, sem enaltecer surpresas e o final é bem adequado (o bom humor, como sempre). O roteirista Sebastian Gutierrez escreveu e dirigiu o ótimo O Beijo Da Traição que mistura também policial com golpes e humor.

The Cooler - Quebrando A Banca (The Cooler)

O mundo dos cassinos retratado é como se fosse a versão baixo orçamento (e com menos glamour e ambição) de Cassino. Só que não vamos acompanhar a história do dono (que aqui é feito por Alec Baldwin, muito bem), mas do "cooler" da casa, o cara que dá má sorte pras pessoas só de estar perto. Papel que cai em William H. Macy perfeitamente. Ele vive uma vida bem pra baixo, num trabalho que no final das contas é deprimente, fora que nunca está bem vestido e tem um problema no joelho que o faz mancar. E o que acontece quando começa a se relacionar com uma garçonete do trabalho e sua sorte muda? Maria Bello faz um belo trabalho não se mostrando atraente, mesmo em cenas de nudez, há sempre algo de decadente no seu rosto e no seu físico. O que pode-se estranhar no filme é que ele é comedido, um drama leve que faz paralelos da vida com o jogo, mas bota cenas dissonantes de sexo (a câmera baixando nos corpos de Macey e Bello para nos mostrar ela segurando o pau dele é inesperada neste tipo de filme) e violência (o que Baldwin faz com o filho de Macey, uma provocação com a pessoa errada, um braço quebrado), talvez para dizer que tudo pode acontecer e trazer um realismo. No meio disso os coadjuvantes Paul Sorvino (um cantor decadente), Shawn Hatosy (o filho de Macey), Estella Warren (sua namorada grávida) e Ron Livingston (o agente dos investidores que quer mudar o cassino) estabelecem pontos importantes da narrativa. No meio desse ambiente pra baixo há um carinho pelos personagens, mesmo pelo dono do cassino que seria o "vilão" do filme; e também cenas engraçadas (o sexo fingido, por exemplo). Em paralelo à trama principal vemos como os novos tempos em Las Vegas estão chegando para desespero do personagem de Baldwin, que faz as coisas do jeito antigo, o 'old school'. Há uma leve elipse perto do final onde tentamos deduzir o que houve, e o que achava que seria uma boa solução se mostrou ingênua depois quando percebi que tinha esquecido do outro lado. Apesar de que daria uma bela cena (imaginada) e mais condizente com vidas reais não abrangeria todos os componentes em jogo, então o final apresentado é mais adequado (e mais fantasioso). Para não esquecer que o filme também é sobre outra coisa que não só o destino do 'cooler' vemos nos créditos imagens reais das demolições dos cassinos.


posted by RENATO DOHO 1:37 AM
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terça-feira, março 08, 2005
No Dia De Hoje

Vanity Fair

Uma belíssima galeria, só clicar na foto para vê-la maior.

posted by RENATO DOHO 5:08 PM
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Trovão Azul





Uma pequena lembrança de um dos helicópteros mais bonitos já feitos.


posted by RENATO DOHO 12:02 AM
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segunda-feira, março 07, 2005
Estréia





O novo seriado de J.J. Abrams (Alias) estréia hoje às 20 horas numa transmissão conjunta da Sony e do AXN sem intervalos comerciais. Pra não perder!


posted by RENATO DOHO 12:41 AM
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domingo, março 06, 2005
Great Performers



Clint Eastwood



Natalie Portman



Julie Delpy



Kate Winslet



Eva Green

Algumas das fotos saídas do The New York Times tiradas por Inez Van Lamsweerde e Vinoodh Matadin. O resto pode ser visto
aqui (precisa ser registrado).

posted by RENATO DOHO 11:09 PM
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Rei Arthur (King Arthur)

Em dvd saiu a versão do diretor, mais longa. Como só vi essa versão não sei quais as diferenças entre o que vi e o que passou no cinema, o que melhorou ou não. Dá pra notar maior violência nas batalhas. O filme é bom, mas falta algo para ser mais que isso, talvez o roteiro não explore bem os personagens. As tomadas aéreas são muito boas pois dão uma noção melhor do que ocorre, mas mesmo em terra firme não há tantos cortes e câmeras trepidantes quanto em outros filmes do gênero recentes. Hans Zimmer é competente como sempre na trilha. Clive Owen poderia ter mais falas e algumas ações isoladas mais exploradas. A bela Keira Knightley não sei se tem propósito a não ser embelezar o filme, o que faz muito bem. A história da formação de países é interessante (os saxões, o desligamento com Roma, os nativos) e creio que na versão do diretor sejam essa cenas que foram acrescentadas.

Em Busca Da Terra Do Nunca (Finding Neverland)

Não tão ruim quanto falavam, mas também não chegando a ser bom o bastante para marcar esse quarto filme de Marc Forster que para mim ao invés de melhorar vem decaindo... Não vi seu primeiro filme, mas gostei bastante de Gritos Na Noite, gostei de A Última Ceia e agora acho regular este mais recente. Não tem como comparar este filme com outros sobre Peter Pan e todos são melhores, como o maravilhoso de P.J. Hogan ou até o "fracassado" Hook de Steven Spielberg. Não sei o que há na atuação de Johnny Depp que mereça reconhecimento, acho até que está apagada e vai contra o personagem, ele nunca parece ser alguém imaginativo. A trama é arriscada nos dias de hoje, um homem se aproximando de crianças que muito nos faz lembrar de Michael Jackson (que também viveu um relacionamento apagado com a esposa). E o próprio Peter Pan é cheio de ambiguidades, no teatro sempre feito por mulheres, aquele pó mágico nunca me enganou (hehe), etcs. Kate Winslet está bem, assim como Julie Christie, o garoto, Peter, não tanto, os olhares dele não combinavam com certas situações (fascinação ao invés de raiva, por exemplo). A parte da imaginação achei mal feita, transferindo os locais e não interagindo com a realidade, quando seria melhor que houvesse essa mistura (tipo, o urso no parque ao invés de no circo). Aquela parte final é muito parecida com Minha Vida, onde Kate vira Michael Keaton com o seu circo particular... Mesmo assim o filme é feito pra chorar até pra quem não entrou muito no clima do filme. Eu fiquei até com os olhos meio cheios d'água, mesmo não me emocionando.

Spartan (Idem)

Thriller mais movimentado da carreira de David Mamet misturando um seqüestro com militares e política. Mamet sabe bem jogar informações sem ser direto, entramos nas situações e aos poucos vamos entendendo, assim cria-se um realismo que foge das narrativas explicativas (quem entra de observador num ambiente profissional que não esteja familiarizado não vai entender tudo no momento). O filme não deixa de ter falhas: como a produção é modesta o final (no aeroporto) não soa real, mas encenação com muita pouca gente para assunto tão delicado; William Macey despeja a fala explicativa do "vilão" para esclarecer as coisas, quando isso dificilmente aconteceria. Só que as qualidades falam mais alto nas ações rápidas e secas dos agentes (até uma morte inesperada) e no contexto geral do filme.

A Supremacia Bourne (The Bourne Supremacy)

Achei uma continuação muito boa que mantém o espírito do primeiro mas tem abordagem bem diferente. Paul Greengrass se aproxima de Bourne e faz a platéia entrar na ação com ele, no primeiro somos mais observadores distantes do que ocorre, aqui estamos no meio da ação, que se mostra muitas vezes confusa e frenética. Se a câmera e a montagem muito rápidas podem desagradar o que se consegue são momentos muito bons de ação (o carro caindo da ponte, a perseguição de carros em Moscou, a briga na casa do outro agente, etcs). E o personagem vai se tranformando em mito, capaz de aparecer em diversos filmes, com identidade própria. A trama é muito bem armada para que fiquemos atentos durante toda duração, sem perder tempo com outras coisas como um romance (que a continuação elimina logo no início, de surpresa até). O jeito frio de Matt Damon combina com o filme e o personagem. Adoro Joan Allen nestes papéis fortes (se ela fosse mais jovem gostaria de vê-la como uma agente de campo) e Brian Cox é um bom contraponto. Até Julia Stiles está bem na sua pequena participação, sua cena no metrô é muito boa. O assassino Karl Urban foi muito bem construído, não fala muita coisa, mas sua eficiência e frieza se destacam, se mostrando um verdadeiro assassino e odiável na medida certa (quando na ponte ele vê Bourne, sai do carro e atira é algo que não se vê por aí regularmente). E o final é ótimo, dando aquela aura de anti-herói favorito. Fiquei tão empolgado com o filme que quero rever logo o dvd do primeiro que tinha comprado ano passado para compreender mais a trajetória do personagem. O dvd do segundo tem vários extras. Fico aguardando mais aventuras de Bourne que se Damon e os produtores forem espertos arranjarão para cada aventura um diretor de estilo diferente do anterior (como Cruise faz em Missão Impossível).


posted by RENATO DOHO 4:03 PM
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sexta-feira, março 04, 2005
O Preço De Uma Verdade (Shattered Glass)



Ótimo filme sobre jornalismo baseado no caso real do jornalista Stephen Glass que teve suas matérias para o The New Republic questionadas quanto à sua veracidade. Consegue tanto mostrar os processos os quais um artigo passa até sua publicação quanto no retrato desse personagem complexo que é Glass. Como o diretor e roteirista Billy Ray quis ser minucioso no levantamento de dados para a história, baseando muita coisa em acontecimentos reais (até diálogos inteiros são de transcrições de conversas gravadas na época) ocorre uma coisa bem curiosa: mesmo Glass sendo o protagonista pouco vamos saber do que ele realmente pensa, suas motivações, o que teremos é sua ação, por isso em certas horas o personagem parece perdido no mundo, enquanto vemos um pouco da vida familiar do editor, de Glass a única coisa que vemos é seu trabalho. Quando ele diz a verdade? Se mente, por que? Nunca o veremos forjando algo, o que aumenta a tensão do que realmente está acontecendo.

Hayden Christensen como Glass desenvolve uma interpretação marcante pela ambiguidade, mostrando muito do jeito do verdadeiro Glass que era muito querido pelos amigos, jogava muito bem a simpatia, a presunção e a insegurança. Uma confirmação de talento é de Peter Sarsgaard, o conhecia em vários trabalhos, mas neste que realmente chamou atenção (em Hora De Voltar do mesmo ano ele também tem destaque) fazendo um papel que se modifica diante do espectador. Não sei por que eu sempre achei que ele era filho do Stellan Skarsgård... Do resto do elenco destaco Chloë Sevigny e Hank Azaria, com papéis marcantes. Rosario Dawson, Melanie Lynskey e Steve Zahn também participam.

A fotografia evita a centralização (essa qualidade é ressaltada pelo wide preservado no dvd) e o próprio Ray destaca nos comentários (feitos junto com o verdadeiro ex-editor da revista, Chuck Lane) que muito se deve ao diretor de fotografia que fazia a composição dos quadros. No dvd também há um segmento de 60 Minutes com o verdadeiro Glass (além de outros envolvidos), só que sem legendas.

Produção executiva de Tom Cruise. Billy Ray é roteirista (A Guerra De Hart, Suspeito Zero) e atualmente faz o roteiro de Flight Plan que tem Josie Foster e novamente Sarsgaard (numa trama intrigante num set único: uma mãe perda a filha dentro de um avião em pleno vôo) e dirige The 11th Hour, novamente baseado em fatos reais.

O diretor Ted Kotcheff tem participação pequena como o chefe da revista; como não é ator sua participação talvez seja por amizade à Ray que escreveu para ele Atirador De Elite.

Enfim, um filme que merece ser mais conhecido que nos faz pensar tanto nos mecanismos (frágeis?) do jornalismo quanto na questão da verdade, das manipulações no ambiente de trabalho e também no estudo de um personagem enigmático e carismático que causou um escândalo sem precedentes.


posted by RENATO DOHO 9:44 AM
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quinta-feira, março 03, 2005
Rosa De Esperança (Mrs. Miniver)



Um excelente filme de William Wyler que foi me conquistando aos poucos pois não sabia do que exatamente se tratava. Greer Garson se revelou para mim, não a conhecia, fazendo um ótimo trabalho, além de ter grande beleza. Teresa Wright se mostra como a beleza mais jovem e inocente. O filme se passa na Inglaterra durante a Segunda Guerra Mundial com os alemães bombardeando as cidades e no meio disso uma família, onde se destaca a mãe (Garson), tem dois de seus membros diretamente envolvidos no conflito: o pai em patrulhas marítimas e o filho na aeronáutica. O envolvimento do filho com a jovem Carol (Wright) é uma trama secundária, mas importante. A guerra é vista pelo lado dos que ficam, proporcionando cenas emotivas (a mãe reconhecendo o filho pelo motor do avião) e de impacto (o bombardeio sentido dentro do abrigo familiar - uma cena espetacular quase toda no escuro onde a tensão é criada pelo som e as intepretações). É claramente um filme de propaganda de guerra (anti-bélico), mas mesmo vendo hoje não parece datado pela força emocional das situações (a primeira vez que o jovem casal se encontra - ela acaba com a retórica pomposa do jovem universitário - o concurso de rosas, o casamento, o paraquedista alemão dentro da casa) e os personagens criados (a avó da jovem, o chefe da estação de trem). Lançado em 1942 é impressionante pensarmos que foi feito durante a guerra e antes dos EUA realmente entrarem no conflito, assim o final assume outros ares (se fosse feito após o público saberia quem ganhou e perdeu a guerra, mas não em 42). Hoje a reação é uma, fico imaginando como foi na época. Winston Churchill elogiou bastante o filme. Há muitas curiosidades interessantes sobre o filme que valem ser conhecidas após ele ser visto, entre elas o discurso final, um casamento na vida real logo depois do lançamento do filme, etcs.

Cupido É Moleque Teimoso (The Awful Truth)

Divertido filme de Leo McCarey onde Cary Grant e Irene Dunne fazem um grande jogo de dissimulações a fim de conquistar um ao outro após o divórcio do casal. Outros personagens aparecem para complicar as coisas. Até o cachorro tem destaque. O casal de atores parece tão solto que muitas cenas parecem quase cair no erro, isto é, parece que estão quase errando ou a marcação ou o diálogo ou o sentido da cena, fazendo com que tudo seja mais engraçado ainda (enquanto os outros atores estão fazendo tudo dentro dos padrões). Mesmo sabendo desde o início com as coisas acabarão o que vale é acompanhar como cada um sabotará o relacionamento atual do outro sem deixar parecer que cada um quer o outro de volta.

Nathalie X (Nathalie...)

Filme de Anne Fontaine que segue o padrão do filme francês médio abordando relacionamentos (infidelidade) e tendo muitas falas. Se não chega a ser notável é interessante pela trama básica. Esposa (Fanny Ardant) contrata uma prostituta (Emmanuelle Béart) para seduzir o marido infiel (Gérard Depardieu) para o conhecer melhor. Há uma pequena surpresa no final que pode até ser vislumbrada no decorrer da narrativa. Muito acontece pela fala, nos privando de ver mais da beleza de Béart. A questão de conhecer alguém pelo olhar de outro não é muito explorada, nem a da comunicação (ou falta de) entre as pessoas. Pode-se pensar sobre isso, mas o filme mesmo passa por isso pela superfície.


posted by RENATO DOHO 6:12 AM
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terça-feira, março 01, 2005
A LISTA DOS DESCONHECIDOS (RELOADED 2009)

Esta lista foi criada há tempos. Quis um dia listar alguns filmes que tinha gostado e que poderiam servir de indicações para distribuir entre parentes e amigos. Coloquei como desconhecidos, só que um cinéfilo vai achar a maioria bem conhecida, mas o objetivo original era voltado não ao cinéfilo que vai atrás de filmes pouco conhecidos e sim do público dito comum. Alguns filmes ficaram mais famosos depois (Pi, por exemplo), mas não quis tirá-los, para deixar registrado. Evitei listar clássicos para não ficar com uma lista enorme. Não sei o que me coloca a acrescentar certos filmes e outros não, mesmo que tenha gostado. Talvez pela vontade de recomendar certos filmes enquanto outros ficam apenas na apreciação particular.

As classificações não são exatas e nem muito bem definidas ("realmente bons" dá a entender que o resto não é...), mas deixei como escrevi da primeira vez. A diferenciação sutil talvez seja que nos "estranhos" eu coloquei filmes que podem ter reações diversas enquanto nos "bons" a probabilidade de apreciação é maior (ou não, como posso saber?).

Ficam as indicações para ao menos despertarem a atenção caso encontrem os filmes nos mais diversos lugares (tv, locadora, cinema, internet).

[não retirei nenhum filme da lista original, mesmo que agora possa discordar - em tempos de internet quase todos podem ser achados e baixados]

Estranhos e Originais:

A Mão Do Desejo (Spanking The Monkey)

A Menina Do Outro Lado Da Rua (The Little Girl Who Lives Down The Lane)

Amor & Morte (Love And Death On Long Island)

Angela – Nas Asas Da Imaginação (Angela)

A Salvo (Safe)

A Sangue Frio (Coldblooded)

Bigger Stronger Faster

Blackout (The Blackout)

Closet Land (Idem)

Crime Passional (Loved)

Crimes De Um Detetive (The Singing Detective)

Delírios Mortais (Nomads)

Denial – O Lado Escuro Da Paixão (Denial)

Donnie Darko (Idem)

Ed E Sua Mãe Morta (Ed And His Dead Mother)

Equus (Idem)

Estrada Para Lugar Nenhum (Nowhere)

Eu Sou Cuba (Yo Soy Cuba)

Êxito Fugaz (Young Man With A Horn)

Fase IV – Destruição (Phase IV)

Freeway – Sem Saída (Freeway)

Geração Maldita (The Doom Generation)

Glam – Roteiro De Uma Obsessão (Glam)

Guy (Idem)

Huckabees – A Vida É Uma Comédia (I Love Huckabees)

Inverno De Sangue Em Veneza (Don't Look Now)

Jesus Is Magic

Johnny Vai À Guerra (Johnny Got His Gun)

La Madre Muerta (Idem)

Lembranças De Duas Irmãs (Tale Of Two Sisters)

Matador Em Conflito (Grosse Pointe Blank)

Mickey One (Idem)

Mórbido Amor (Dead Girl)

Muito Cansado Para Morrer (Too Tired To Die)

Nadja (Idem)

Noites Sem Dormir (J'Ai Pas Sommeil)

No Limiar Da Esperança (God's Lonely Man)

O Colecionador De Almas (Dust Devil)

O Encanador (The Plumber)

O Estado Do Cão (Nohoi Oron)

O Impaciente (Critical Care)

O Mistério Da Ilha (The Secret Of Roan Inish)

O Reflexo Do Mal (The Reflecting Skin)

O Show Da Vida (The Jimmy Show)

O Solitário Jim (Lonesome Jim)

Orgasmo (Orgazmo)

Palavras De Amor (Bee Season)

Patrulha Da Montanha (Kekexili)

Pelo Amor E Pela Morte (Dellamorte Dellamore)

Primer

Roger O Conquistador (Roger Dodger)

Terráqueos (Earthlings)

Tóquio Porrada (Tokyo Fist)

Vida Sem Destino (Gummo)

Visitors (Idem)


Relacionamentos:

ABC Do Amor (Little Manhattan)

Amor E Outras Catástrofes (Love And Other Catastrophes)

Bola Pra Frente (Go Now)

Daisy

Jantar Entre Amigos (Dinner With Friends)

John E Mary (John And Mary)

Lado A Lado Com O Amor (If Lucy Fell)

Laurel Canyon – A Rua Das Tentações (Laurel Canyon)

Love & Sex Etc (Idem)

My Sassy Girl (Yeopgijeogin Geunyeo)

Na Cama (En La Cama)

O Amor Segundo Um Extraterrestre (The Mating Habits Of The Earthbound Human)

O Clube De Leitura De Jane Austen (The Jane Austen Book Club)

Piratas Do Amor (Pyrates)

Sexo, Bares E Confusão (The Opposite Sex)

Windstruck (Nae Yeojachingureul Sogae Habnida)


Turmas:

Confissões De Quatro Apaixonados (The Pompatus Of Love)

Jogando Para O Alto (Shaking The Tree)

Tempo De Mudança (Last Call)

Swingers – Curtindo A Noite (Swingers)

subUrbia (Idem)


Realmente Bons:

44 Minutos (44 Minutes)

A Chave Do Sucesso (The Big Kahuna)

A Embriaguez Do Sucesso (Sweet Smell Of Success)

A Estranha Família De Igby (Igby Goes Down)

A Ilha Nua (Hadaka No Shima)

Ainda Muito Loucos (Still Crazy)

Alerta Vermelho (Hostile Waters)

Alma De Poeta, Olhos De Sinatra (Dream For An Insomniac)

Amigos Para Sempre (Four Friends)

Amor Maior Que A Vida (Waking The Dead)

As Mulheres De Jake (Jake's Women)

Atirador De Elite (Silent Trigger)

A Voz Do Meu Coração (Grace Of My Heart)

Bang Bang, Você Morreu (Bang Bang, You’re Dead!)

Bem Vindo Mr. McDonald (Welcome Back, Mr. McDonald)

Billy Jack (Idem)

Buffalo '66 (Idem)

Cenas Do Crime (Scenes Of The Crime)

Chaga De Fogo (Detective Story)

Corrida Contra O Destino (Vanishing Point)

Cubo (Cube)

12 Homens E Uma Sentença (12 Angry Men)

Encontros E Desencontros (Wonderland)

Focus (Idem)

Gritos Na Noite (Everything Put Together)

História De Um Egoísta (Patterns)

Indo Até O Fim (Going All The Way)

Irma Vep (Idem)

Laços Humanos (A Tree Grows In Brooklyn)

Lembranças Vivas (The War At Home)

Lenny (Idem)

Linha Direta (Public Access)

Lone Star – Estrela Solitária (Lone Star)

Mães Em Luta (Some Mother's Son)

Memórias Do Subdesenvolvimento (Memorias Del Subdesarrollo)

Meu Melhor Amigo (Mon Meilleur Ami)

Minutos Extremos (Deterrence)

Morra Smoochy, Morra (Death To Smoochy)

Na Mira Do Chefe (In Bruges)

Noites Brancas (Le Notti Bianche)

Nothing But The Truth

O Caçador De Assassinos (Manhunter)

O Filho De Jesus (Jesus’ Son)

O Gigante De Ferro (The Iron Giant)

O Milagre De Anne Sullivan (The Miracle Worker)

Operação Nuclear (By Dawn's Early Light)

O Preço Da Ambição (The Buddy Factor)

O Retorno De Um Herói (Taking Chance)

Paixão À Flor Da Pele (Wicker Park)

Pi (Idem)

Ponto De Mutação (Mindwalk)

Proteção À Testemunha (Witness Protection)

Quando Estranhos Chegam (When Strangers Appear)

Sedução Fatal (Eye Of The Beholder)

Sem Notícias De Deus (Sin Noticias De Dios)

Kung Fu Futebol Clube (Shaolin Soccer)

Sob Suspeita (Under Suspicion)

Tolerância Zero (The Believer)

13 Visões (13 Conversations About One Thing)

Uma Lição De Vida (Wit)

Um Sonho Em Manhattan (Manhattan By Numbers)

Vivendo No Abandono (Living In Oblivion)


posted by RENATO DOHO 7:04 AM
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