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"Sometimes meaningless gestures are all we have"

quarta-feira, março 09, 2005
O Golpe (The Big Bounce)

Baseado no livro de Elmore Leonard o filme é muito divertido e agradável de se ver se a pessoa, entre outras, conhecer e gostar do estilo da direção de George Armitage. Filmes como O Anjo Assassino e Matador Em Conflito evidenciam um jeito peculiar de misturar tramas policiais com humor (muitas vezes negro) que dão aos filmes um tom difícil de se definir e por isso não muito fácil de se apreciar pelos desavisados. A inclusão de Owen Wilson como protagonista e a transferência da história de um cenário urbano para as praias hawaianas melhoram ainda mais o clima solto da narrativa. Owen é especialista em encarnar tipos cools (sem ser posado) onde dificilmente encaramos uma situação como séria (que eu me lembre apenas em Atrás Das Linhas Inimigas ele mostrou um outro lado), por isso desfrutamos mais das situações que em outros filmes seriam tensas (as brigas por vir, o golpe em si). É como se no fundo o filme mostrasse o quão ridículo essas tramas podem ser quando levadas à sério demais (não por acaso Doze Homens E Um Segredo é excelente por também seguir essa linha), virando Supercines que alertam incaultos espectadores sobre as amizades suspeitas, a parceira maquiavélica, o vizinho sinistro, etcs. Não que as tramas sérias sejam ridículas, mas podem cair facilmente nessa armadilha de auto-importância. E o filme não se levar à sério não quer dizer desleixo na filmagem. É um trabalhão deixar um filme e um set tão relaxado assim sem parecer falso ou banal. No elenco só gente boa como Morgan Freeman, Gary Sinise, Vinnie Jones, Charlie Sheen, Willie Nelson, Harry Dean Stanton (a reunião dos 4 na mesa jogando dominós é ótima), Bebe Neuwirth (acho ela muito interessante e ainda tem um belo corpo, já chegando perto dos 50) e a revelação Sara Foster (sua estréia no cinema). Ótimas cenas como a das subidas e descidas de Sara se balançando entre Owen e Charlie ou da visita à casa do policial gay. A parte do golpe é bem realizada, sem enaltecer surpresas e o final é bem adequado (o bom humor, como sempre). O roteirista Sebastian Gutierrez escreveu e dirigiu o ótimo O Beijo Da Traição que mistura também policial com golpes e humor.

The Cooler - Quebrando A Banca (The Cooler)

O mundo dos cassinos retratado é como se fosse a versão baixo orçamento (e com menos glamour e ambição) de Cassino. Só que não vamos acompanhar a história do dono (que aqui é feito por Alec Baldwin, muito bem), mas do "cooler" da casa, o cara que dá má sorte pras pessoas só de estar perto. Papel que cai em William H. Macy perfeitamente. Ele vive uma vida bem pra baixo, num trabalho que no final das contas é deprimente, fora que nunca está bem vestido e tem um problema no joelho que o faz mancar. E o que acontece quando começa a se relacionar com uma garçonete do trabalho e sua sorte muda? Maria Bello faz um belo trabalho não se mostrando atraente, mesmo em cenas de nudez, há sempre algo de decadente no seu rosto e no seu físico. O que pode-se estranhar no filme é que ele é comedido, um drama leve que faz paralelos da vida com o jogo, mas bota cenas dissonantes de sexo (a câmera baixando nos corpos de Macey e Bello para nos mostrar ela segurando o pau dele é inesperada neste tipo de filme) e violência (o que Baldwin faz com o filho de Macey, uma provocação com a pessoa errada, um braço quebrado), talvez para dizer que tudo pode acontecer e trazer um realismo. No meio disso os coadjuvantes Paul Sorvino (um cantor decadente), Shawn Hatosy (o filho de Macey), Estella Warren (sua namorada grávida) e Ron Livingston (o agente dos investidores que quer mudar o cassino) estabelecem pontos importantes da narrativa. No meio desse ambiente pra baixo há um carinho pelos personagens, mesmo pelo dono do cassino que seria o "vilão" do filme; e também cenas engraçadas (o sexo fingido, por exemplo). Em paralelo à trama principal vemos como os novos tempos em Las Vegas estão chegando para desespero do personagem de Baldwin, que faz as coisas do jeito antigo, o 'old school'. Há uma leve elipse perto do final onde tentamos deduzir o que houve, e o que achava que seria uma boa solução se mostrou ingênua depois quando percebi que tinha esquecido do outro lado. Apesar de que daria uma bela cena (imaginada) e mais condizente com vidas reais não abrangeria todos os componentes em jogo, então o final apresentado é mais adequado (e mais fantasioso). Para não esquecer que o filme também é sobre outra coisa que não só o destino do 'cooler' vemos nos créditos imagens reais das demolições dos cassinos.


posted by RENATO DOHO 1:37 AM
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