RD - B Side
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

"Sometimes meaningless gestures are all we have"

quarta-feira, dezembro 03, 2008
Tirando O Atraso



Eu já não lembro mais quais filmes vistos eu comentei aqui ou não. Espero que alguns não sejam repetidos, tem filmes de 2 meses atrás...

Cidade Tenebrosa (Crime Wave)

Mais um espetacular filme de André De Toth, um film noir dentre os melhores do gênero. A trama vai num crescendo que nunca parece parar, o protagonista parece ir numa espiral sem saída e Sterling Hayden faz um policial extremamente ambíguo que só ao final veremos seu real caráter. E tudo isso em meros 73 minutos, que conseguem ter muito mais coisas do que diversos filmes de 2 horas ou mais. Além ter sido filmado com poucos recursos e em 13 dias! Curiosidade é ter Charles Bronson como um dos bandidos, ainda assinando Charles Buchinsky. Pena que De Toth só teve 3 filmes nesse gênero (um deles com fama de essencial, Pitfall, que ainda não vi), mas ele era foda em qualquer gênero (guerra, western, horror).

Na Mira Do Chefe (In Bruges)

Ótimo filme de estréia do cineasta Martin McDonagh. É uma mistura deliciosa de policial com comédia e fantasia. Colin Farrell, numa fase muito boa (o trabalho anterior foi O Sonho De Cassandra), está hilário, fazendo um matador profissional que, com o parceiro, se refugiam em Bruges após um serviço, na espera de novas instruções do chefe. Lá, uma pequena cidade bélgica, sem nada pra fazer ele vai se relacionar com uma moça que está "trabalhando" num filme rodado na cidade. Só o fato de balancear bem os diversos elementos já é algo para elogios, mas o filme vai um pouco mais, fazendo uma amálgama que é mais do que as partes separadas.

36 (36 Quai Des Orfèvres)

Segundo filme da trilogia policial que Olivier Marchal realizou (os outros são Gangsters e MR 73). Os policiais interpretados por Daniel Auteuil e Gérard Depardieu disputam a resolução de um caso de gangues de ladrões e para isso acabam apelando cada vez mais para métodos que beiram o ilegal. Nisso as coisas complicam para um dos lados após um incidente. Envolvente e bem realizado o filme consegue ser tanto um bom policial quanto um bom drama, nisso os atores tarimbados ajudam muito. E a questão dos limites da ética são discutidos. Curiosidade é que Marchal foi policial antes de ser cineasta, por isso sua desenvoltura nesse universo e seu toque único ao tratar desses temas.

Kevin Smith – Sold Out

Terceira vez que Kevin Smith realiza esses Q&A (perguntas e respostas) com seus fãs. Dessa vez num teatro e no dia do seu 37.o aniversário. Não vi os outros dois, mas variavam no formato (o primeiro foi uma tour por faculdades e o segundo foi ele indo de casa em casa de fãs). Todos têm quase 3 horas cada um, por isso é necessário ao menos ter simpatia por ele para aguentar a duração. Smith, vai se revelando, cada vez mais, um típico cineasta que curto bastante falando e não na mesma intensidade os filmes. Aqui entram Robert Rodriguez, Quentin Tarantino, David Cronenberg e outros. Sempre tendo as exceções de cada um (como Planeta Terror, Jackie Brown e O Balconista 2). Parece até ter uma relação (ao menos pra mim) de quanto mais o cineasta se expressa bem oralmente menos ele se expressa bem visualmente, ou não tanto quanto eu gostaria ou esperaria que se expressasse; afinal, se ele consegue passar bem o que quer que seja falando pra que usar outro meio? Enfim, Smith se mostra muito bom no palco, quase um stand up comedian, contando e envolvendo o público com suas histórias pessoais e de bastidores de filmes. As histórias são ótimas, desde a do(s) seu(s) cachorro(s) (que rende quase uma hora), passando por Jason Mewes nas filmagens de O Balconista 2, as filmagens de Duro De Matar 4 (excelente por dar a noção exata do que é uma super produção e o que é uma super produção com Bruce Willis), Ben Affleck, as citações nada favoráveis dele em Entourage (que ele adora, mesmo que o sacaneiem direto - ele falou de 2 vezes, mas essa temporada recente teve mais uma citação), a gravação de um piloto que não foi ao ar apesar das ótimas recepções nos testes com o público, e dentre várias outras, a melhor: suas desventuras com relação à uma fissura anal. Às vezes nem parece verdade certas coisas que ele conta, mas como bom contador de histórias o que importa se aconteceu isso ou aquilo exatamente como ele conta? Smith não tem pudores de tirar sarro de si constantemente e coragem pra falar abertamente de algo que pode afligir várias pessoas, mas que nunca revelam pros outros (como o problema anal, tema que aliás apareceu num programa da Oprah mostrando o relato de uma mulher com o mesmo problema e sua coragem de se expor assim). Sua esposa e filha é que o apresentam no início e sua mãe está na platéia - será que a filha pôde ficar pra ouvir todas as coisas que o pai disse? Pode ser visto como uma longa entrevista informal como também um espétaculo de stand up muito engraçado, com a vantagem que não são piadas inventadas, mas fatos da vida dele. Agora tenho a curiosidade de ver os 2 anteriores e esperar o quarto nos próximos anos.

Amor E Inocência (Becoming Jane)

Não é uma onda Jane Austen, mas ela sempre ressurge de tempos em tempos por causa de suas adaptações ou filmes inspirados nela. Nesse, Anne Hathaway faz a própria, mostrando sua primeira paixão, supostamente baseado num fato remotamente real (e nas suas cartas). Anne é mais uma americana que se passa bem por inglesa e o filme tenta fazer com que a própria Jane viva dentro do próprio universo de seus livros, como se ela apenas tivesse escrito, depois, o que vivenciou. James McAvoy faz o par romântico.

Busca Implacável (Taken)

Um bom e movimentado filme com uma trama pra lá de simplória, e com cenas idem como os dos presentes (aparelho de som / pônei), pra não haver dúvida alguma do que se quer dizer. E não sendo nada sutil apenas um pai americano consegue acabar (em dias) com todo um esquema de tráfico de mulheres que ocorre em Paris, já que as autoridades francesas são corruptas e ineficazes - só é preciso alguém com decisão pra que essas coisas acabem... Outra coisa engraçada é que ser virgem garante a sobrevivência nessas situações, senão o destino seria igual a da amiga "galinha" da mocinha. As lutas, no estilo Bourne, e os métodos para obter informações (Jack Bauer fazendo escola) chegam a ser divertidas pela rapidez com que ocorrem. E se esses filmes sempre jogam com a paranóia ("não confie no vizinho", "não confie em estranhos") aqui reafirmasse que é bom ouvir o pai paranóico e é bom mocinhas não viajarem pra Europa, um antro de perdição, pois acabarão sendo leiloadas como escravas sexuais! Melhor ter aulas de canto com a confiável pop star americana, que não deixa de ser uma escrava sexual bem paga.

À Procura De Kitty (Looking For Kitty)

Típico filme pequeno e simpático do Ed Burns. Trama mínima, marido contrata um detetive para achar a ex, que o largou para ficar com o rock star; acontecimentos nada extraordinário nessa busca e um desenvolvimento das personalidades envolvidas. Surpresa ver David Krumholtz fazendo um papel mais adulto, onde o bigode ajuda e sua caracterização (o jeito de falar, andar, etcs) o torna extremamente simpático. Mesmo os personagens coadjuvantes com participações pequenas conseguem ter carisma, e passamos a nos importar com o zelador, a nova vizinha, a festeira, a esposa falecida que só vemos por fotos, e até o rock star. Burns não faz caricaturas das pessoas, então não há os certos ou os errados, os bons ou os sacanas, como inicialmente podem levar a parecer; todos têm suas razões e motivos. Por isso nada mais inconclusivo que o seu final. No meio da trama há belas homenagens à cidade na forma dos prédios antigos que o personagem de Burns apresenta para o seu cliente, refletindo no que está acontecendo.

Espelhos Do Medo (Mirrors)

É daqueles filmes que ao final eu me pego perguntando por que vi. Não que seja ruim, aliás alguns filmes ruins valem até ver, mas é que fica aquele gosto de que não serviu pra nada. Aqui Jack Bauer entra nos filmes de terror e parece isso mesmo já que em várias situações ele resolve as coisas como o personagem do seriado. A trama (?) nem tenta fazer sentido, com personagens ruins que não se justificam como o policial (que arranja tudo pro protagonista sem o menor problema ou mesmo o menor questionamento, lembrando que ele saiu da polícia bem mal visto por todos - quase uma Chloe, de 24 Horas), a irmã do protagonista, o filho dele ou a freira. O final então fica pior ainda, num exagero de pirotecnias e revelando algo meio absurdo: por que a entidade queria sair do espelho já que, pelo mostrado, era muito mais poderosa dentro dele? Claro, só para haver um embate mocinho/bandido, a única justificativa, ainda mais que a entidade é relativamente fácil de ser eliminada.


posted by RENATO DOHO 8:02 PM
. . .
Comments:


. . .