uma crítica antiga: Chaga De Fogo(Detective Story), 1951 * * * * * Um excepcional filme e mesmo não querendo cair no saudosismo sente-se uma falta deste tipo de filme nos dias de hoje, com elenco formidável (até nos mínimos figurantes), roteiro engenhoso e final contundente. William Wyler é um cineasta de primeira linha com filmes tão diversos quanto O Morro Dos Ventos Uivantes, Os Melhores Anos De Nossas Vidas, A Princesa E O Plebeu, Horas De Desespero, Ben Hur e Funny Girl. Neste ele consegue ter absoluto domínio da narrativa cinematográfica se concentrando em um único cenário principal, o 21.o distrito policial. Vale lembrar que o filme é baseado numa peça teatral. Acompanhamos um dia inteiro na rotina deste distrito, onde várias histórias se cruzam e todas conseguem ter consistência e importância para um maior desvendamento da rotina e perfil do personagem principal interpretado por Kirk Douglas. Sua busca incessante por justiça nos traz à luz um caso de um doutor em que vem investigando por um bom tempo. Este caso em particular vai se desdobrar em vários caminhos que empurrarão o filme ao ótimo desfecho. Para não estragar as surpresas que o enredo reserva, o que se pode falar é na perfeita condução de cada caso (dois escroques, um jovem ladrão, um ladra iniciante) sem que o interesse diminua e tendo cada caso um elo que une toda a estrutura. Kirk Douglas mais uma vez nos brinda com uma interpretação arrebatadora, encarnando como nenhum outro o idealismo e raiva que o personagem pede. Nota-se que o filme de 51 é quase um embrião do que viria a ser mais explorado no seriado Nova York Contra O Crime (N.Y.P.D. Blue) com o dia a dia de distritos policiais. O roteiro consegue transformar um único dia deste distrito num épico sobre o sentido da vida, a trajetória de um ser humano, as fraquezas, os complicados entrelaçamentos que a vida consegue armar, o sacrifício e a redenção. Como Hamlet ou uma peça grega o personagem de Kirk vai se transformar, se questionar, se angustiar em cada decisão que venha a ser tomada nesse único dia. Uma obra prima, capaz de prender a atenção de qualquer espectador e fazê-lo se emocionar e admirar esta pérola de direção, roteiro, fotografia, elenco, edição e figurino. Para ser visto e revisto e influenciar futuras gerações de cineastas com uma magistral aula da sétima arte! posted by RENATO DOHO 2:16 AM . . . Comments: