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"Sometimes meaningless gestures are all we have"

terça-feira, julho 02, 2002
Uma pequena homenagem ao Fernando, eis a introdução dele de sua ótima monografia sobre Bernard Herrmann:

A VOCAÇÃO PARA A MÚSICA A SERVIÇO DO CINEMA: BERNARD HERRMANN

Fernando Morais da Costa

1. Introdução

Explicando primeiramente o objetivo desta monografia, esclareço que, a partir da biografia do compositor Bernard Herrmann, será exemplificada a linha de pensamento maior que irá conduzir este trabalho.

Defendo a teoria de que a utilização da música no cinema obedece a critérios segundo os quais, tal utilização seria melhor definida como sub-utilização se levadas em conta as abrangentes possibilidades da linguagem musical, uma vez que ela, a música para filme, está vinculada à demanda que outra linguagem, esta imperativa, a cinematográfica, necessita preencher.

Transportando este pensamento para uma ótica mais subjetiva, tomo a figura individual de Bernard Herrmann para exemplificar os problemas que tal utilização limitada do contexto musical pode acarretar sobre o compositor, que tem que adaptar sua criação e seu trabalho ao espaço que lhe é dado dentro da estrutura fílmica e da própria linguagem cinematográfica.

A relevância deste projeto, e a importância de sua realização, são de fácil percepção, devido ao reduzido número de pesquisas sobre a música para cinema, e a escassez de um pensamento teórico sobre o som em cinema de uma forma geral.

É, portanto, com este intuito que se apresenta a linha que conduz este trabalho, ou seja, desenvolver um pensamento sobre a utilização da música em cinema, aspecto da composição do filme, na modesta opinião do autor deste texto, pouco explorado, pensado e desenvolvido teoricamente, o que, nesta mesma opinião, não faz jus à importância que tal aspecto, incorporado ao processo cinematográfico, exerce sobre o resultado final desse processo.

O início deste trabalho procura expor alguns aspectos da utilização da música enquanto trilha cinematográfica, ou seja, como o cinema faz uso da música dentro de suas próprias necessidades. Neste começo serão colocados alguns dos limites dentro dos quais a música se coloca dentro do filme.

O capítulo que se segue ao que foi citado acima será uma biografia de Bernard Herrmann, que se justifica com o intuito de servir de base para o quarto capítulo. Sua biografia nos mostrará sua trajetória como compositor, não só em cinema, mas seu começo no rádio, sua incursão quase acidental no meio cinematográfico e a posterior concretização deste meio como seu ambiente de trabalho.

A quarta, e mais significativa parte deste trabalho, se baseia na junção das duas anteriores, com a intenção de expor e exemplificar mais profundamente a problemática decorrente da limitação do uso da música em sua vertente de trilha sonora para cinema, tomando como exemplo prático a carreira de Bernard Herrmann.

É sobre esta linha de pensamento que está a espinha dorsal desta monografia. Serão demonstrados, na quarta parte deste estudo, os problemas descritos no segundo capítulo, onde se delineavam os parâmetros onde a composição musical se colocava no filme, inseridos dentro da carreira do compositor, servindo a exposição de sua trajetória como confirmação ilustrativa das teorias sobre as dificuldades e os limites da criação musical em cinema.

Para tanto, serão utilizados depoimentos de pessoas de seu círculo profissional e particular, como, por exemplo, o depoimento de sua ex-mulher, Lucille Fletcher, que lançarão luz sobre as dificuldades do compositor em ajustar seu trabalho à demanda do cinema.

A união, na linha mestra deste trabalho, dessas duas partes distintas, o pensamento sobre a música cinematográfica e seu espaço na estrutura fílmica, e a biografia de um dos maiores representantes da recente história desta área da composição musical, terá conseguido traduzir, ao fim deste trabalho, a estrutura de pensamento que o idealizador deste queria expor.



posted by RENATO DOHO 12:43 AM
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