quinta-feira, janeiro 29, 2004
Adrenalina (Pressure)
É um filme rotineiro (talvez telefilme?), mas a direção é envolvente e vemos tudo sem incômodos. Kerr Smith (de Dawson's Creek) é um estudante de medicina voltando de um congresso com um amigo mais festeiro, param num restaurante de estrada e justamente lá acontece um torneio de cheerleaders. Eles ficam um pouco (por insistência do amigo baladeiro), Kerr conhece uma gostosa no local (Angela Feartherstone, mais conhecida como a garota do xerox em Friends), sai para uns amassos, se arrepende (tem noiva), mas é pego num golpe pelo namorado da moça que não é nada mais nada menos que um policial, filho do xerife. Tá, a partir daí muitas outros apuros os dois vão se meter criando aquele clima de que cidadezinhas do interior americanas são perigosas onde impera a lei local (toda especial). Nada novo, mas só de ter algo tão batido e mesmo assim não nos deixar entediados (e até empolgar) já conta pontos para os envolvidos.
Segredos Do Pentágono (The Pentagon Papers)
Bom filme para o cabo sobre a história real de Daniel Ellsberg, o homem que revelou os papéis secretos do Pentágono sobre a guerra do Vietnã, e foi acusado de traição. James Spader está muito bem como Daniel e Claire Forlani ajuda a embelezar a coisa. Paul Giamatti faz o amigo dele e Alan Arkin seu chefe. A direção é de um veterano de séries (O Homem Da Máfia, E.R.), Rod Holcomb. Quem não conhece a história eis um bom ponto de partida (dá vontade de nos aprofundarmos depois). Cenas reais aparecem no final do filme. Acho que o verdadeiro Ellsberg apareceu num dos episódios da ótima série Max Bickford (já cancelada). Importante para os dias atuais onde a imprensa americana (NY Times por exemplo, que no filme desafia a Casa Branca para publicar ps documentos) parece mais ser porta voz do governo oficial. O filme ao menos não fecha a questão, não sendo mais um daqueles filmes que se mostra uma polêmica e se resolve tudo ao final para justificar o american way of life (que dá a idéia de "temos problemas, mas os resolvemos"). Fica no ar que as mentiras ainda continuam, só se precisa coragem para denunciá-las. Uma fala do próprio Ellsberg no final é muito legal (escrevo de cabeça, queria anotar, mas esqueci): "nosso sistema é de tal forma que uma pessoa honesta e íntegra não consegue chegar ou ficar no poder, ela é afastada e eliminada ou acaba se corrompendo". O site de Ellsberg é bem interessante, vale conferir.
A Vingança De Willard (Willard)
Estréia de Glen Morgan na direção. Ele e seu parceiro constante, James Wong, são famosos roteiristas de seriados (Anjos Da Lei, Arquivo X, Millennium) que começaram a fazer filmes (Premonição, O Confronto) sendo Wong o diretor, Morgan produzindo e ambos escrevendo. Willard lembra demais Psicose e Os Pássaros (justamente dois filmes que Morgan exibiu para sua equipe antes das filmagens) e consegue ser razoavelmente interessante, mas nunca totalmente por não explorar bem os relacionamentos e deixar muitos como caricaturas. Em dvd a fotografia é bem escura, mas parece ter sido de propósito pois viram que ratos só ficavam aterrorizantes com pouca luz, o que deixa algumas sequências bem difíceis de se notar alguma coisa. Crispin Glover apesar de estar bem como o protagonista já começa a cansar por interpretar sempre weirdos, com muitos maneirismos, como se só soubesse fazer isso (o que não é verdade vendo os bastidores). Melhor que o filme é o extra do dvd, Year Of The Rat, que uma assistente do filme fez relatando toda a trajetória do filme, da pré-produção até 1 ano depois da estréia. É um ótimo documentário, com muitas coisas de real interesse e como o filme foi prejudicado por cortes e o inal refilmado, além de muitas outras questões apresentadas (testes de audiência, recepção do público, como é a rotina dos profissionais e o que fazem após o término de um filme, etcs). Pelo visto James Wong vai voltar a dirigir após o fracasso desta incursão de Glen Morgan.
Uma Turma Do Barulho (Barbershop)
Ice Cube faz o dono de uma barbearia que anda insatisfeito com seu trabalho (que foi passada de avô para o seu pai e para ele) e vende o estabelecimento para um chefão do bairro. O filme acompanha esse que seria o último dia de trabalho na barbearia, a rotina. Em paralelo acompanhamos dois atrapalhados ladrões que acabaram de roubar um caixa automático. A intenção do filme é clara: mostrar como uma barbearia num bairro negro serve de ponto de referência da comunidade, funcionando como uma pracinha numa cidade do interior do Brasil e como essas tradições podem estar acabando. Há vários bons momentos numa história bem conhecida. Mesmo tendo clichês e reducionismos em função da história não deixa de ser bom filme (com boas questões sendo levemente discutidas), com momentos bonitos de integração do pessoal (como quando dançam ao som de Marvin Gaye) fazendo com que algo que pode ser visto como chato e rotineiro (dia a dia de uma barbearia ou abrangendo o trabalho comum da maioria das pessoas) se mostre rico e saudável. Cedric The Entertainer faz um barbeiro das antigas que sempre lança polêmicas falando mal de Rosa Parks, Jesse Jackson, Martin Luther King, etcs. O filme fez sucesso e já tem uma continuação.
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