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"Sometimes meaningless gestures are all we have"

quarta-feira, abril 28, 2004
Anjo Do Mal (Pickup On South Street)

Ótimo filme de Samuel Fuller com um carismático e excelente Richard Widmark e uma atriz que não conhecia, Jean Peters, que soube foi esposa do Howard Hughes. As cenas entre os dois contêm alta carga erótica, seja no roubo da carteira no metrô ao início ou em outros momentos e apenas pelas expressões dela conseguimos acreditar que está apaixonada pelo bandido e disposta a mudar de lado. A trama envolve um roubo de microfilme e comunistas. Richard Kiley está bem como o medroso vilão (que deixa as coisas ainda mais enervantes, pela sua indecisão e covardia). As lutas são fortes, não diria realistas, mas cruas, de impacto. Feito com orçamento reduzido e em 20 dias Fuller dribla tudo isso e não percebemos essas condições com excelentes planos.

A Última Noite (comentários em aúdio)

Spike Lee se mostra pouco falante, com muitos momentos em silêncio e também detalhando apenas aspectos técnicos, sejam locações ou algo da fotografia ou da trilha. Não esclarece ou dá sua visão do que quis mostrar no filme, fica parecendo que é mais um filme de um cara antes de ir pra prisão, com o adicional de querer colocar a estória numa NY pós 11/09. Lee não gosta do 'autheur theory' e acha que é algo coletivo e pelo que ele fala muitas coisas realmente vieram do diretor de fotografia, da production designer (qual seria o equivalente dessa função aqui?), da figurinista, dos atores, do roteirista, etcs. Por exemplo, Edward Norton revendo as pessoas da seqüência do "fuck you" ao final do filme foi idéia do próprio. Lee se posiciona mais em certas questões do filme como o relacionamento do professor com a aluna, coisa que condena veementemente (a cena do beijo entre os dois foi difícil para Lee realizar ao pensar em sua filha de 10 anos), aliás ele sempre fala que o personagem de Philip Seymour tem problemas; ou a questão das drogas (incluindo referências à uma lei especialmente ruim) e culpa do personagem principal (e seu grande medo de ser currado na prisão). Lee também gosta de desmistificar o fazer cinema, ele acha que qualquer um pode aprender e fazer, uma profissão como outra qualquer. Por isso ele leciona, dando aulas na NYU e muitos alunos foram estagiários no filme. Engraçado é ele repetindo falas que acha legais e se divertindo ouvindo algumas delas. No geral é meio decepcionante a forma que Lee comenta as coisas, mas ao mesmo tempo se mostra um cara bom de se lidar e que não intelectualiza demais o próprio trabalho, se auto congratulando ou dando importância demasiada em si mesmo.


posted by RENATO DOHO 5:06 PM
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