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"Sometimes meaningless gestures are all we have"

domingo, maio 16, 2004
Corrida Contra O Destino (Vanishing Point)

Road movies têm um charme especial, assim como os westerns, parece um gênero que se encaixa perfeitamente às paisagens dos EUA, suas longas e desertas estradas, além disso há o fato dos pioneiros, desbravando o oeste e em como isso se incorporou na psiquê americana trocando cavalos por motocicletas e depois carros. As canções de estrada, os personagens das letras de Bruce Springsteen que tinham na estrada a fuga de um cotidiano opressivo, os pintores que abordaram o tema (como não lembrar dos postos de gasolina de Edward Hopper?), os escritores (beatniks e contemporâneos), os fotógrafos, etcs.

Lembrando alguns filmes de estrada no momento: Sem Destino, Terra De Ninguém, Agarra-Me Se Puderes, Thelma & Louise, Corrida Sem Fim,
Mad Max 2, O Último Golpe, Louca Escapada e vários outros, até Alfredo Garcia do Peckinpah se encaixa no gênero.

Sempre tive fascínio por esse tema, pois aos 15 tinha um projeto de um filme que ia nessa direção e na época quis ver filmes que abordavam o sentido da vida e fossem roadmovies (não necessariamente os dois num mesmo filme). Até hoje devo ter uma pasta com algumas fotos de harleys e qualquer coisa que pudesse servir de inspiração (como a canção Livin' On The Edge Of The Night do Iggy Pop que eu queria muito ter na trilha hehe). Só não desenvolvi pois achei que não tinha ou tenho estofo pra escrever o projeto, ainda, quem sabe um dia, pois acho que a paternidade é um fator que pode me fazer enxergar melhor como as coisas se desenrolariam, então quando eu tiver um filho eu volto ao roteiro hehehe

Talvez por isso eu tenha interesse em ver Diários De Motocicleta, mesmo que agora saiba que muita gente não gostou.

E isso pra falar que Corrida Contra O Destino se insere maravilhosamente nesse contexto destes filmes que procurava, pois é um road movie existencialista. É um filme excepcional em vários sentidos: é extremamente visual, com poucos diálogos, o protagonista é um anti-herói por excelência, há um contexto social importante, as cenas de ação são magníficas, não há muitas explicações das motivações do motorista, mas vemos partes de seu passado (os flashbacks são inseridos criativamente), a trilha é muito boa, e o final é brilhante. Acho um dos melhores filmes de perseguição automobilística já feitos (junto com Encurralado, que tem outra abordagem).

O roteiro é do famoso escritor Guillermo Cabrera Infante que assinou com outro nome. O filme teve uma refilmagem (que dizem ser fraca e desnecessária) e também tem uma versão britânica do filme, com cenas a mais (e no dvd estrangeiro vem no lado b do dvd).

Só uma cena não entendi bem, a do casal gay, que soou ofensiva por parte do filme, não do protagonista.

O diretor Richard D. Sarafian não vingou nas décadas seguintes (nem seus filhos, o Deran por exemplo dirigiu um filme do Van Damme), será que não foi ele o diretor da cenas com automóvel e sim a unidade b?

O som do Dodge Challenger é como música para mim, como uma Harley acelerando ou um helicóptero vindo de longe, uma hora percebi que o som era muito parecido com o Ford Mustang do Bullitt e soube depois que era o mesmo som! Aliás, que som! E aquela seqüência do Bullitt é antológica!

Lembrei de alguns belos carros nas telas:

• Ford Mustang de Bullitt;
• Pontiac Firebird T/A de Smokey And The Bandit;
• Dodge Charger General Lee da série The Dukes Of Hazzard;
• Ford Torino da série Starsky And Hutch;
• Bel Air/454 de Two Lane Black Top;
• Trans AM da série Knight Rider (ou o nosso conhecido Kitty de Supermáquina);
• '66 Thunderbird de Thelma & Louise.

posted by RENATO DOHO 6:19 PM
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