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"Sometimes meaningless gestures are all we have"

sábado, junho 19, 2004
O Inocente (L'Innocente)

O último filme de Luchino Visconti é um belo encerramento para uma grande carreira, mesmo que seja um final carregado de tragicidade. A história hoje em dia todos conhecem este tipo de comportamento do protagonista: tem uma amante quase que declarada, mas a partir do momento que a esposa tem caso com um escritor ele se amargura e descobre o amor pela esposa, até que ela diz que está grávida do amante. Trama que daria um dramalhão daqueles, mas não é o que ocorre. Uma cena de assassinato é especialmente forte. O casal principal tem nuances comportamentais muito boas que culminam em toda a ação ao final. Pode-se ver até um homossexualismo enrustido nas atitudes do marido em relação ao amante da esposa (e o filho deste relacionamento), senão vejamos, afirmação de masculinidade em esportes e no sexo, castração diante da impossibilidade de vingança física, ódio ao fruto gerado da infidelidade. Parece mais que o centro das coisas não era a esposa, mas o amante, mesmo que indiretamente. E como essa relação homossexual é impossível (nem sublimada pode ser mais) só resta o trágico desfecho (poxa, fica parecendo teorias da grande conspiração gay, que tudo no fundo é algo homossexual hehe mas quem sabe não seja por isso que Visconti tenha se aproximado do material?). Jennifer O'Neill está belíssima no filme como a amante. Já Laura Antonelli não achei nem ao menos bela (mas é quem aparece numa bela nudez). Nem preciso dizer na qualidade de cenários e figurinos, e da grande fotografia, além da austera decupagem de Visconti.

O Sorriso De Mona Lisa (Mona Lisa Smile)

Podia ser bom, mas falta algo. O que? Talvez a importância do filme? Qual é exatamente o motivo de retratar aquela escola naquele período para ser exibido nos dias de hoje? Que muita coisa mudou? Não muito se formos ver. Que continua tudo igual? Não, claramente o filme fala que houve mudanças. Então esse em cima do muro e falta de objetividade pesam contra o filme. Por outro lado temos um grupo de jovens atrizes que despontam: Kirsten Dunst (boa como uma mulher má, que ela quase não fez na carreira), Maggie Gyllenhaal (a mais moderna e descolada) e Julia Stiles (bom contraponto para a professora que tem a postura anti-casamento, anti-dona de casa e assim vira dogmática). Julia Roberts aceitando ser a velha da turma até arriscou ser jogada para escanteio diante dessas jovens. Uma coisa mal feita: o namoro de Julia com o professor de italiano. Como de uma hora para outra ela se interessa e sai com ele? Do nada? Mesmo ele tendo demonstrado que dorme com alunas e galinha todas? Em que momento ele fez algo que despertasse o mínimo de simpatia ou interesse nela? Só se cortaram essas cenas na montagem. Como está é gratuito demais e sem sentido (só para ela ter um relacionamento amoroso). O noivo dela também é mal resolvido. A coitada da Marcia Gay Harden não serve para muita coisa. Falando nela não dá pra não lembrar de Max Bickford que em um episódio conseguia ser muito mais relevante que este filme tratando de temas parecidos. Ao menos há uma cena muito boa: quando Kirsten desata a chorar nos ombros de Maggie logo após a ter ofendido. Seria muito comum a Maggie reagir com violência ou jogar o segredo que tinha nas mangas na cara de Kirsten, mas o fato de ela ser compreensiva e assim desarmar a outra foi algo de belo, de maturidade tamanha, de imensa bondade. Uma ótima cena. Os homens no filme são bem mal vistos, nenhum se salva (a não ser o ex-noivo, coitado). Curiosa a participação de Tori Amos no baile. No dvd bons extras sobre a época, a arte (o elenco falando sobre o tema) e a mulher ontem e hoje. A questão da arte (o que é arte? como distinguir arte boa de ruim?) é algo interessante que foi pouco explorada.


posted by RENATO DOHO 3:06 AM
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