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"Sometimes meaningless gestures are all we have"

quinta-feira, dezembro 23, 2004
Dança Comigo? (Shall We Dance?)

Remake americano do sucesso japonês que consegue não estragar o original, servindo ao propósito de alcançar um público bem maior com a história. A diferença fundamental é que a dança no ocidente é vista de outra forma do que no Japão, no filme japonês até colocaram letreiros no início para explicar a relação complicada dos japoneses e a dança. Então no filme americano perde-se todo o lado do personagem estar fazendo algo extremamente inapropriado. Ressalta-se nesse remake a questão do casamento. O roteiro de Audrey Wells (diretora de Sob O Sol Da Toscana) segue as linhas básicas da narrativa japonesa, mudando pequenas coisas. Há um explicitamento de tudo que no filme japonês ficava sem ser dito, onde até o personagem principal tem narração em off (comparando a vida com seu trabalho). Os coadjuvantes foram bem escolhidos (Bobby Cannavale aparece aqui de novo, em boa participação) e Stanley Tucci se não chega a ser tão hilário quanto o ator japonês consegue em alguns momentos se equiparar. Como Susan Sarandon é a atriz que é o personagem da esposa é mais trabalhado, com cenas só dela no trabalho onde se elabora uma estória de traição para comparação. Uma mudança significativa é uma cena feita especialmente para Richard Gere e Jennifer Lopez envolvendo uma dança. É a concretização da traição, que é vista com bons olhos, colocando até a esposa do personagem o liberando depois para a "amante" para a felicidade do casamento dos dois. Não sei se a escolha de JLo pro papel é adequado, a tristeza da personagem nunca transparece bem e a personagem japonesa era quase uma princesa, intocável, distante, enquanto JLo apenas parece uma gostosona, botando um componente sexual que atrapalha a atração de Gere por ela (no filme japonês a atração do homem por ela, além da beleza etérea, era pela tristeza da personagem, a curiosidade de saber porque tal beleza estava triste). Há uma cena proposital para o choro que funciona (pelo que se nota entre o público). E a conclusão é ainda mais explícita, mostrando como cada personagem finaliza sua história.

Na Idade Da Inocência (L'Argent De Poche)

O mais adorável filme de Truffaut que vi até o momento. Trabalhando com crianças na maioria das cenas Truffaut se mostra ideal para retratá-las. Mostrando episódios da vida tanto na escola quanto na vida social (familiar, fora da escola) o filme abrange também um professor que está para ser pai e alguns dos pais das crianças. As situações mostradas são memoráveis pela graça, pela sensibilidade, pela identificação. O filme é tão cheio de ótimos momentos que nem dá para citá-los aqui. Depois lendo o trecho do livro O Cinema Segundo Truffaut onde se fala sobre o filme fica-se sabendo mais sobre o projeto e as filmagens (contando com improvisações), incluindo algumas explicações como a ausência da crueldade das crianças, a seqüência do pequeno garotinho, o garoto que assobia, etcs.

Escravos Do Rancor (Abismos De Pasión)

Buñuel adaptou O Morro Dos Ventos Uivantes de forma que ressalta a relação trágica e doentia dos amantes, assim como os envolvidos (o marido e sua irmã). Ernesto Alonso como o marido tem uma interpretação excelente, o que faz depois também em Ensaio De Um Crime. É pelo marido que vamos ver essa história, pois os amantes são mostrados, mas o conflito para entender tudo é dele. O final que todos devem saber como é foi filmado de forma soberba.


posted by RENATO DOHO 2:14 PM
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