O Pagamento (Paycheck) De imediato não parece um filme de John Woo e quando começa a se assemelhar é o Woo diluído dos dias de hoje. Mesmo assim o filme empolga em boa parte de sua duração, apesar de ter Ben Affleck inadequado no papel principal. Uma Thurman, saindo de Kill Bill, está bem e consegue ser mais que do que geralmente é esperado desse tipo de papel. A trama é absurda, mas crível, só que há grandes falhas em certas partes para acomodar esse absurdo enfraquecendo a criação do faz de conta da estória, como a aquisição de certos objetos para o envelope, a habilidade na moto, o incrível lance do pente da arma na linha do metrô, etcs. Mas, é um bom Woo. Matemática Do Diabo (Devil’s Arithmetic) Um telefilme feito com a clara intenção de despertar nos jovens (judeus?) a consciência do holocausto. A estória criada é um pouco O Mágico De Oz, com uma jovem judia nos dias de hoje de saco cheio em ter que comparecer numa cerimônia familiar até que ela volta ao passado, na Polônia na época da segunda guerra e vai ser presa e levada à um campo de concentração. Ela acha que tudo aquilo é um pesadelo, mas como não consegue sair dele vai lidando com a situação e amadurecendo. Há uma ênfase nos costumes judaicos (por isso a dúvida se o filme é direcionado especificamente à juventude judaíca americana que é retratada como alienada). Kirsten Dunst e Brittany Murphy se desglamourizam no filme e conseguem bons resultados (principalmente Brittany). A ambição pequena (além do orçamento e da duração) faz com que o filme não alce grandes vôos e o roteiro é apenas correto. Produção de Dustin Hoffman e Mimi Rogers. Táxi (Taxi) Refilmagem americana de sucesso francês (com a grife Luc Besson) que não consegue juntar bem os ingredientes que dispoe. Queen Latifah e Jimmy Fallon, geralmente bons comediantes, estão meio perdidos, sem timing e desmotivados (pelo que aparentam em algumas cenas). Os próprios personagens não têm muita garra, como a taxista que é paciente demais com o policial, ou a tenente tolerante demais com a inabilidade dele. Algumas situações potencialmente engraçadas são mal aproveitadas (a do gás hilariante é curta demais). A estória é ridícula. Ann-Margret coitada, faz um personagem engraçado, mas decadente para sua imagem (parece fim de linha pra carreira dela). A atração principal para o público nacional é Gisele Bündchen que não está ruim, suas caras e boas são boas e as poucas falas não caem no ridículo. Só paga mico na reação final. Jennifer Esposito, uma maravilha, aparece pouco, mas a cena dela com a Gisele vale a conferida. Cazuza – O Tempo Não Pára Filme estranho. Depois que se vê dá pra se perguntar qual o propósito do projeto? Uma cine-biografia não é (o que se fica sabendo dele que até um leigo já não sabia?); um retrato geral tenta ser, mas não é (falta profundidade em muitas coisas e fatos); um painel da época não é (é infeliz as poucas interferências do que acontecia no mundo somente através da tv); no final parece que é apenas a idéia da mãe sobre o filho famoso (a única coisa mais explorada)... Que o filme amenize muito a vida do Cazuza já era esperado, agora, que não o retrate bem é inusitado. Amizades e amores, onde estão? Vemos transas, vemos grupos de pessoas, mas entre elas quem é retratado bem? Leandra Leal, por exemplo, é uma incógnita. Deborah Falabella só serve de desculpa. Andréa Beltrão quase vira uma pessoa de carne e osso, mas não tem a oportunidade. André Gonçalves é figurante de luxo. Até o Frejat não é bem retratado! Apenas o produtor Zeca é mais significante. Fica parecendo que os únicos amigos do Cazuza foram sua mãe e em menor grau seu pai. Talvez até tenha sido assim, não sei, mas nenhum amor fora os pais também? A opção de não ter uma narrativa tradicional e sim, trechos de vida, é boa e ruim. Boa por sair do comum, ruim por não dar consistência ao filme. Isso só parece aumentar o rumor de que o filme passou por mudanças onde uma nova versão foi realizada com a entrada de mais um diretor (Walter Carvalho veio ajudar Sandra Werneck ou o contrário), já que o filme parece juntado, com partes aqui, acréscimos ali, uma narração off aparecendo de vez em quando pra ligar coisas... E por ter muitas apresentações musicais num filme relativamente curto a dramaturgia necessariamente teria que se sacrificar. Resumidamente parece tratar de um filhinho de papai rebelde que vira estrela musical e por seus excessos acaba doente e com isso encontra a paz em si mesmo. Há uma cena boa visualmente: a descoberta da Aids na corrida na praia. A atuação de Daniel De Oliveira é boa, e fica especialmente melhor conforme o tempo passa, se entregando ao personagem. O filme não chega a ser ruim, mas poderia ser muito mais, o "personagem" Cazuza merecia bem mais. O Encontro (The Gathering) Bom suspense que à princípio não se espera muita coisa, mas mostra-se uma boa surpresa. Sendo o motivo principal a Christina Ricci encontramos uma trama bem curiosa e que nos faz acompanhar tudo com atenção. A idéia pode ser emprestada e antiga, mas não a conhecia e é interessante: fala das pessoas que viram a crucificação de Cristo, não por reverência ou ódio, mas por prazer. Falar mais estraga. Acompanhamos duas histórias em paralelo que vão se juntar depois, na primeira é descoberta uma antiga igreja, soterrada, onde se acredita que José De Arimatéia fundou, sendo ele um dos que estavam no local da crucificação, podendo então haver um registro do que ocorreu em primeira mão. Figuras são achadas, olhando a cruz, e um especialista vai conferir a autenticidade. Na outra uma jovem (Ricci) é atropelada por um carro e depois não lembra por que estava naquele local e nem sua história passada. Ela é acolhida na família da motorista que a atropelou e estabelece um vínculo com o filho menor, calado e asmático. Há um clima de tensão e cria-se a vontade de saber o que exatamente vai acontecer. Os elementos são bem trabalhados, como a atitude e visual de um certo grupo ou as cenas premonitórias que Ricci têm de vez em quando. A conclusão tem até uma leve surpresa e o final é bem arranjado. Para o que aparenta ser um filme modesto o resultado é bem acima da média, com uma mitologia criada (ou emprestada se já existe obra falando sobre isso) que envolve o espectador e até uma mensagem extremamente feliz sobre atitudes, oportunidades e passividade. Ah, Ricci está uma delícia! hehe posted by RENATO DOHO 1:06 AM . . . Comments: