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"Sometimes meaningless gestures are all we have"

segunda-feira, fevereiro 21, 2005
Lua De Papel (Paper Moon)

Belo e simpático filme de Peter Bogdanovich, ainda na fase áurea de sua carreira. A fotografia é excelente, com grande profundidade de foco e paisagens escolhidas com muito critério. Os longos takes proporcionam ótimas atuações de Ryan O'Neal e sua filha, Tatum. Ela é realmente um achado (quem diria que depois teria todos aqueles escândalos com Melanie Griffith, caso com Stanley Kubrick, etcs?). Acho fraca a parte do meio com Madeleine Kahn (pra mim ela só funciona com o Gene Wilder). É um pequeno grande filme.

Diário De Uma Paixão (The Notebook)

Soube deste projeto ainda na década de 90, quando diziam que Tom Cruise trabalharia pela primeira vez com Steven Spielberg. Por isso adquiri o livro importado (na época que os pocket books eram muito baratos nas livrarias daqui), mas quando logo após eles desistiram do projeto eu não quis mais ler o livro. Foi só quando Nick Cassavetes retomou o filme que fiquei levemente interessado em ver como seria a história. É um romance clássico, de um amor quase impossível, que envolve diferenças de classe misturado com uma história no tempo presente, com idosos. Essa opção ao mesmo tempo interessante (pois fala do mal de alzheimer afetando a relação e também da velhice) é um ponto fraco por tentar dar um suspense na coisa, quando faz o espectador pensar se o casal é o mesmo da história ou se o homem é o noivo e não Noah. É desnecessário isso e o vai e volta estraga o desenrolar da história principal. Não há novidades, há vários clichês, mas o romance convence e é marcado por atritos do casal, o que diferencia um pouco. Os jovens atores estão bem, o visual é esplendoroso, a música é forte e os coadjuvantes não atrapalham e em alguns casos há lances muito bons (Sam Shepard adorável como o pai dele e Joan Allen muito boa como a mãe dela). O noivo que poderia ser facilmente visto negativamente é bem retratado, até melhor que Noah, o que reforça que a escolha dela é de algo bem mais profundo que as aparências (o noivo é visto como uma pessoa boa, boa pinta, rico, carinhoso, atencioso, compreensivo, já Noah é mostrado até com defeitos). Não consegue ter algo a mais que torne o filme especial, mas na tradição é um bom romance.

Jogos Mortais (Saw)

De início o filme até parece ter seu fascínio, mas conforme vai se desenvolvendo as escolhas erradas estragam tudo. A trama vira algo risível (quando o ideal seria que se aumentasse a tensão, botando seriedade na coisa), as atuações passam do over (e ficam caricaturais, não passam mais o desespero da situação, mas sim de um jogo se gritos e incoerências comportamentais), o personagem de Danny Glover é um dos mais patéticos dos últimos tempos (ele ter escolhido o papel é pior ainda), parecendo um fantoche na mão do roteiro e os flashbacks são mal montados e repetitivos, como se tentasse explicar mais do que o necessário, insultando o espectador. Fora isso as câmeras "modernas" soam datadas. O filme muito me lembrou o nacional Nina onde também há uma clara influência no estilo do diretor, só que uma influência mal trabalhada, mal digerida, como se pegasse apenas o superficial de um estilo, não tendo um conteúdo de real importância por detrás. Fica então quase um filme vazio, mas é um filme de estréia e o diretor até sugere que pode dar mais do que o apresentado, só tem que refletir mais sobre o que realiza, e não só tentar mostrar as coisas.

O Filho De Chucky (Seed Of Chucky)

Pulei um dos episódios (A Noiva De Chucky) e só posso dizer que é uma diversão trash, pois há coisas muito mal feitas, mas há uma vontade (em certas horas) de serem mal feitas que é prazeiroso. As expressões de Chucky estão bem melhores atualmente. Jennifer Tilly é constrangedora e divertida ao mesmo tempo. O filho é bizarro. Então é bom, mas ruim e ruim, mas bom. Só sei que a platéia saiu achando que foi totalmente enganada, o que foi bem divertido de se ver hehe

Ray (Idem)

Uma boa cinebiografia, menos chapa branca que achava que seria. Mas a atuação de Jamie Foxx ainda é um enigma, não sei se realmente é boa, pois o roteiro não dá espaço para ele. Na parte final com os olhos abertos senti na hora a diferença, ele já não era Ray, mas Jamie. Se o olhar denuncia uma interpretação é complicado avaliar o quanto ela vale quando é inteira feita de olhos fechados. O gestual ao menos é idêntico e isso é algo a se valorizar. Taylor Hackford mostra a mesma competência com que produziu La Bamba, uma boa cinebio e nada muito além disso. Para mim apenas o seu Marcados Pelo Sangue se destaca em sua filmografia (e alguns momentos de Advogado Do Diabo). Ray para mim se encaixa naquele tipo de filme que pega um artista conhecido, mas não muito prestigiado no momento e o transforma em ídolo, virando uma mania ou onda. Sempre soube da importância de Ray na música, mas nunca tive o interesse de conhecer o novo trabalho ou sequer acompanhar a carreira e de repente vemos cds tributos, especiais, relançamentos... Como seria com Stevie Wonder caso fizessem um filme sobre ele. Não acho que haja uma atenção para sua carreira musical atualmente, mas é só ele morrer ou ter um filme que teremos a redescoberta do músico de primeira. Não sei o quanto isso é válido ou importante e se isso não é supervalorização. Com isso quero dizer que Ray não estaria numa lista minha sobre músicos que gostaria de ver a vida nas telas, mas já que fizeram um filme sobre ele até que não é ruim, só não sei se ultrapassa a mera cinebio.

Enigma (Idem)

Produção modesta e nada muito empolgante sobre os decifradores da segunda guerra. O tema em si já causa espanto alquém querer levar isso pras telas. Não tem como não ser meio chato a atividade. Por isso incluíram um romance, mas o protagonista é tão apagado que não nos envolvemos nisso. Fica, então, a sempre ótima Kate Winslet com o ingrato papel da amiga feia que se mostra interessante com o passar da ação. Enfim, um supercine do futuro.


posted by RENATO DOHO 12:38 AM
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