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"Sometimes meaningless gestures are all we have"

sábado, abril 09, 2005
As Feras

Várias histórias envolvem este filme, passando da idéia original (um curta antigo de Khouri), às filmagens (a criação de uma história ao redor desse curta) e o engavetamento por anos. Este seria o perfeito filme testamento de Khouri por tudo que traz sobre sua vida e obra, num tom melancólico. É um corajoso retrato da falência do macho e também da condição de Khouri como cineasta (há
uma crítica de Daniel Caetano que aborda melhor esse ponto). Sua habilidade com atrizes consegue até que Claudia Liz interprete bem (ou ao menos suas falas não soam artificiais), por outro lado Luis Maçãs exagera na dose (e por pouco não estraga o personagem no fim de sua participação). Nuno Leal está bem e as outras atrizes servem ao propósito (os olhares delas são significantes, fora que são belos rostos). Ainda incomoda algumas construções de cenas que parecem amadoras (como nos planos dos aparelhos de som) e alguns closes são postos fora do ritmo da seqüência (com até um close errado, onde um personagem olha na direção errada). Os diálogos (não sei se por causa da contribuição de Lauro César Muniz, noveleiro que entende de diálogos), mesmo que sendo às vezes explicitamente discursivos (monólogos melhor dizendo), conseguem uma naturalidade (ficam no limite do crível). Há um mistura contraditória de amor e ódio para com as mulheres, o amor pela força natural e o ódio pelo desprezo natural. O final não deixa de ser triste em vários sentidos mas principalmente na constatação do próprio Khouri de sua condição final.

O Casamento De Romeu & Julieta

Bruno Barreto tem uma carreira que até hoje se equilibrou entre os filmes nacionais e internacionais. Em nenhum dos lados cometeu grandes erros ou acertos, pode-se dizer que sempre foi um cineasta mediano. Até seu maior fracasso, Voando Alto, não chega a ser ruim, mas mal configurado. De todos os filmes que realizou não consigo apontar um que ache ruim e nenhum que ache excelente. Este novo filme é exemplar, um filme de acertos e erros que se mantém no todo. Querendo ser chato dá pra reclamar das interpretações desencontradas, da indecisão de tom para o filme (que muda de cena para cena), das cenas de futebol mal coreografadas, mas também não dá para deixar de lado cenas realmente engraçadas e interpretações boas de Marco Ricca (o que não é novidade) e Luiz Gustavo além de um tema de identificação imediato (seria o caso de eu ser corinthiano?). Há até uma enganação (proposital ou não) sobre o foco da narrativa; se vermos a estória, o título e todo o resto tudo leva a crer que o casal central é o destaque, mas é o papel do pai da noiva que tem o poder emocional, ele que tem mais falas e importância, afinal é ele que não sabe e não aceita o que todos sabem e aceitam facilmente (o fato do futuro genro ser torcedor de outro time). O sofrimento é todo voltado para o pai, ele que tem um arco mais interessante de se acompanhar, o genro acompanha, mas o resto é quase acessório (é de se pensar que Luana Piovani tem um personagem que até poderia não existir caso não fosse realmente necessário, fora que sua interpretação é quase nula). Coitada da Mel Lisboa que, essa sim, é um nada no filme (infelizmente). E que diabos é o lance da mágica? Posso citar uma cena significante desse personagem: ela gritando que também não se importa com futebol. E só! Los Hermanos aparecem na trilha com pelo menos duas canções (de uma delas só é usado a parte instrumental, a outra até vira mini clipe dentro do filme). Enfim, um bom filme médio.

Um Presente Para Helen (Raising Helen)

Jovem assistente de moda, avançando bem na carreira recebe a notícia que uma de suas irmãs morreu com o marido num acidente e à ela é deixado a guarda de seus três filhos (com idades variando de 5 à 15). Arma-se a confusão. O que se espera se encontra nessa comédia dramática de Garry Marshall com a sempre graciosa Kate Hudson. Aqui ela tem uma competidora: Hayden Panettiere, que desde cedo é uma atriz de destaque (fez a filha de Ally McBeal por exemplo) e faz a filha de 15 anos, começando a sair com caras e aprontar. O tom do filme é até disciplinador, ela vai ter que ser rígida se quiser criar os três, senão ela desiste e pode deixar as crianças com a irmã mais velha e experiente, só que não quer desistir por causa do pedido da falecida irmã. O filme não chega exatamente a muitos lugares, é bem tradicional e já visto, mas essa insistência em ficar com as crianças (quando fica claro que elas podem vir a atrapalhar sua carreira e vida) se torna o motivo do filme: o amadurecimento da protagonista (evidente já no título original). Curiosamente Kate Hudson ficou grávida durante as filmagens e passou pelo mesmo processo de amadurecimento enquanto filmava. Sessão da tarde.

posted by RENATO DOHO 2:26 AM
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