RD - B Side
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"Sometimes meaningless gestures are all we have"

terça-feira, setembro 27, 2005
Penetras Bons De Bico (Wedding Crashers)

Divertidíssima comédia. Acho que um dos destaques é a direção de David Dobkin, responsável por um dos melhores filmes do Jackie Chan nos EUA. Ele consegue fluir bem por entre o humor mais escrachado e o sentimentalismo mais piegas. Sua parceria com Owen Wilson deve ter sido muito útil e sua direção de atores torna até o então sem graça e chato Vince Vaughn em alguém apreciável. Outras atrações do elenco: Rachel McAdams conquista a platéia com sua graciosidade; Isla Fisher por outro lado nos diverte com seu histerismo; Keir O'Donnell com sua bizarrice proporciona a cena hilariante no quarto com Vince; o uso dos conhecidos atores de seriados Bradley Cooper (Alias) e David Conrad (Miss Match) fazendo personalidades opostas do que eram conhecidos ficou bem encaixado e convincente (Bradley, o típico melhor amigo pra se contar se tornar um playboy fdp é uma mudança brusca e bem vinda); Jane Seymour também vem de seriado, mas sua carreira no cinema também é conhecida, se mostra (como eu sempre achei) uma deliciosa milf, eu fui até levado ao cinema em parte por saber que ela exerceria seu lado sedutor (eu até gostaria de mais), coisa que pouco vi ela fazendo antes. Só Christopher Walken que apesar de boas cenas fica meio subutilizado. Da trama em si nenhuma novidade, é típico de dezenas de comédias românticas com duplas, um mais sério outro mais porra louca que podem mudar no decorrer do filme e tal, incluindo a revelação de alguma farsa que afasta o casal principal vinte minutos antes do final. Ainda bem que ao menos não há uma corridinha final para um casamento ou um aeroporto. E tenta-se consertar isso no final rebelde, onde elas se convertem ao lado adolescente deles. Ah, não esquecer da participação do Will Ferrell que é até engraçada (confirmando a panelinha atual dessa equipe), já que sempre achei ele no cinema bem sem graça em comparação ao que fez no Saturday Night Live (e mesmo lá não era sempre que acertava, ele tende à exagerar no humor do personagem, esticando as coisas, irritando, falta ele ser mais comedido).

Vingança Cega (Mannaja)

Um western spaghetti já em seus anos finais mas que mesmo assim tem várias coisas interessantes. A história do protagonista de vingança (e sabemos os motivos por flashbacks ocasionais geralmente que surgem de repente) é manjada, assim como a canção tema que volta e meia toca (eis uma coisa ruim do filme, a canção é péssima, culpa do cantor, fica parecendo Rammstein tentando fazer country) e uma barreira que será posta diante do mocinho para o final (no caso, ele ficar cego). As qualidades estão na condução da história e nos pequenos detalhes. O dvd está em wide.

A Ilha (The Island)

Até que não é ruim esse filme do Michael Bay (e posso dizer isso apenas de Bad Boys 1) quando está querendo contar a história, pois quando vai pra ação continua péssimo, insistindo em tomadas curtas e tremidas (ele quer deslocar as retinas dos espectadores?), confusas e mal posicionadas. A própria ação é até boa se filmada de outra forma (quando pegam a moto futurista, por exemplo), mas do jeito que ficou... Ele insiste em ter cenas iguais como a da auto estrada com o lançamento de coisas do caminhão (em Bad Boys 2 foram cadáveres e se não me engano carros de um transportador). Um dos aspectos que mais gostei foi da história fingir ser de alta ficção, muito futurista e se mostrar mais real a partir de certo momento. Todo aquele ambiente inicial, caso fosse a realidade total eu pouco me interessaria, aquela coisa de saber regras de um outro universo e tal me cansa e distancia, mas quando vemos que aquilo é uma ilusão de uma realidade mais próxima nossa a estória fica bem instigante, tocando no tema da clonagem para fins de armazenamento de orgãos e dos sentimentos dos clones, nada novo, mas curioso. Scarlett Johansson, nem preciso dizer, está linda e está engraçada como uma inocente, quase criança (uma fala que li por aí ser péssima eu achei boa, ela soltar um "bom trabalho" após uma cena, algo que soa deslocado e inocente, bem acertada). Djimon Hounsou e Steve Buscemi estão bem e é boa a virada de Djimon que era quase que o vilão do filme.

Coach Carter - Treino Para A Vida (Coach Carter)

Típico filme de professor que vai pegar classe rebelde e transformá-la baseada em fatos reais. Então como o filme mesmo assim é ótimo? A direção, o elenco e o roteiro ajudam a escapar da mesmice. Quem acompanha filmes atuais de esportes baseado em eventos reais vem notando uma característica que se repete aqui e não digo para não estragar o final, mas é notável que agora se escolham trajetórias diferentes das escolhidas em outras épocas, com outras qualidades e objetivos. Há vários momentos de emoção que o filme trabalha bem, com Samuel L. Jackson atuando muito bem e garotos relativamente desconhecidos que convencem. A filmagem das cenas de basquete são ótimas, empolgantes. Também a estrutura é diferente, de repente vemos um final no meio do filme (quando conquistam um título) e notamos que falta bastante pra acabar, o que vai acontecer? E no final outra surpresa, bem mais real. No dvd temos de extra o verdadeiro Carter falando de sua trajetória e alguns dos alunos também. Engraçado que ele se mostra até mais simpático que retratado no filme, mas é que não o vimos treinando hehehe Um cara inspirador.

Fábio Fabuloso

Um documentário bem divertido e bem feito sobre um dos grandes surfistas brasileiros. Mistura técnicas mais reconhecidas pelo pessoal global como Jorge Furtado e Guel Arraes (e também José Roberto Torero) de um narrador que vai explicando de forma bem humorada através de montagem rápida certos trechos biográficos ou não da narrativa. Ressaltasse a origem do surfista (da Paraíba), inclusive com narrador de carregado sotaque e desenhos típicos. O personagem não poderia ser mais carismático, Fábio se destaca dos outros surfistas tanto pela técnica como pelo jeito de ser, fugindo do tradicional modelo de como um surfista é, se veste ou age. Fora isso sempre tem as ótimas cenas de surfe, que são hipnotizantes mesmo quem não pratique (pois acho raro alguém que não ache legal só de ver).

Sangue Por Glória (What Price Glory?)

Filme do John Ford que é de guerra, mas com muito humor. A segunda parte é claramente mais séria, quando vamos para o campo de batalha mesmo. Dá pra notar que originalmente era pra ser um musical (boa parte das canções estão na primeira parte). Há um gritante diferença entre James Cagney e Dan Dailey, Dan não consegue acertar o tom do personagem. Até a Charmaine de Corinne Calvet não é bem construída ou melhor dizendo, interpretada. A primeira versão dessa peça é de 1926, com direção do Raoul Walsh. O humor salva o filme de ser um Ford fraco. Ah e o final, muito bom (mesmo que patriótico e militarista).


posted by RENATO DOHO 2:41 PM
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sexta-feira, setembro 23, 2005
Bendito Fruto

Eis um filme difícil de explicar e definir e o engraçado é que é bem simples. O filme é ótimo, mas tem características que não sei quais são ao certo, não que não saiba, mas como houve essa mistura ou feitura para acabar do jeito que está na tela. Pra começar, o filme é de uma ternura incrível, as situações, os personagens, sentimos carinho por tudo apresentado, como se conseguiu isso? Atores? Direção? Roteiro? Como consegue tamanha naturalidade se é feito por atores tão conhecidos? E ainda mais que a paisagem, os cenários e tudo mais são familiares, mas não "realistas" e nem por isso soam falsos! Pra mim ainda é um enigma tudo isso, se descobrisse mais como o filme conseguiu ser assim melhor aprenderia tamanha qualidade. Engraçado pra caramba, o filme tem um elenco fantástico, até o Eduardo Moscovis, que não gosto muito, está muito bem como o galã gay (e sua caracterização está tão boa que só de vê-lo de primeira dá pra perceber que é gay, mesmo evitando a afetação). E disse que além do humor o filme consegue ser emocional, verdadeiro e até ter um lado bem social? Mais complexo do que aparenta o filme é uma delícia.

Duas Vezes Com Helena

Curto filme de Mauro Farias que consegue ótimos resultados adaptando um conto do grande Paulo Emílio Salles Gomes. O uso do back projection é até estranho de início, mas se revela muito bem colocado, quebrando um naturalismo. O trio de atores está muito bem, destacando Christine Fernandes que está maravilhosa na cena do jantar que vai ser a mais importante de todo o filme. E é dela que parte o mote de algo que ao se ter a reviravolta final o espectador se sinta quase que na pele do protagonista (caso seja um homem assistindo), o que torna tudo melhor ainda nas implicações psicológicas e emocionais que o protagonista e o espectador terão. A história se permite discutir coisas bem de cinema, mesmo que não aparente de imediato. O olhar, a narração, a construção de cena. Extras bem interessantes no dvd, incluindo um comentário do professor João Luiz Vieira (por acaso meu ex-professor) que é sempre muito bom. Tem também do elenco, do diretor, do fotógrafo e outros, dando bem mais que 45 minutos. Não lembro de repercussões desse filme, espero que em dvd o filme seja mais visto e descoberto.

Jogo Subterrâneo

A idéia até que é curiosa e há um bom começo, mas quando a personagem de Maria Luisa Mendonça começa a ser desvendada (o lado misterioso dela antes é interessante) tudo fica fraco demais. É aí que o filme perde o pouco de credibilidade que tinha, ficando mais explícito que é apenas um filme cheio de clichês e assim nos distanciamos da ação e dos personagens. Roberto Gervitz se não escreveu bem o roteiro ao menos conseguiu boas coisas no metrô. Outro personagem ruim é da cega feita pela Julia Lemmertz, que vira uma espécie de oráculo do Felipe Camargo e finaliza sua participação com uma revelação péssima. Daniela Escobar nem erra ou acerta (mas fica nua) e a menina que faz sua filha (autista) tem bons momentos. Numa comparação grosseira o filme nos seus piores momentos lembra Nina, talvez pelo visual "cinema paulista anos 80". Mas não é de todo ruim não.

De Passagem

O filme de estréia de Ricardo Elias é muito bom. Vê-se algumas tomadas escolares até, mas outras muito boas e a utilização dos trens paulistanos é ótima. Fora isso o filme passa um senso de real e familiar muito próximo, os dois atores principais são ideais pelas diferenças e também pela amizade evidente. O filme é quase um railroad movie, passado em dois tempos, claramente mostrando uma jornada (ou duas no caso) de um dia que modificou e modificará as pessoas envolvidas (os 2 que fazem a viagem no presente e a terceira pessoa oculta). Nisso o filme pode remeter à vários filmes que seguem essa trajetória, como Conta Comigo. E o fato de ser brasileiro e em São Paulo dá outros importantes contornos ao filme. Particularmente achei bem legal ver dois orientais em destaque no filme, Claudio Yosida no roteiro e Carlos Yamashita na fotografia. Uma cena que até parece um interlúdio onde há uma paquera no trem revela uma graciosa atriz que consegue se fazer notar apenas pelo olhar e deixar lembrança nos espectadores. Há extras no dvd.

Contra Todos

Dá pra destacar a direção de atores que consegue extrair performances impressionantes como as de Silvia Lourenço e Giulio Lopes, dois atores que não conhecia. E também dos mais conhecidos como Leona Cavalli e Ailton Graça. O uso do digital às vezes é bom, às vezes estraga a cena. O que pega mesmo é o roteiro. Quando tudo vai transcorrendo como no cotidiano, tudo bem, mas quando começa a virar uma demonstração de algo, vai ficando cada vez pior até chegar ao ponto do flashback explicativo que além de redundante se mostra apenas um efeito narrativo e não algo para dar substância àquelas pessoas ou àquela situação. Aliás fica parecendo no final que nem há interesse naquela realidade, mas sim uma utilização ou no pior dos casos uma crítica vinda de cima, de como é podre "aquela gente lá", reforçada pelo final que se propõe irônico e cínico. Curioso notar que o filme segue uma tradição hollywoodiana de explicitar a violência, mas ser púdico no sexo (apenas a transa mais pro final que é um pouco explorada, o resto é só (mal) sugerido).

Gaijin – Ame Me Como Sou

É difícil falar do filme de outra forma que não a pessoal e nesse aspecto Gaijin se torna mais do que pode ser para grande parte do público. Tudo me remete à minha família (até na parte dos dekasseguis) em vários aspectos, do presenciar, do ouvir falar, do conhecer, do vivenciar, do amar, do sofrer. Quando um primo diz ter chorado numa cena por tê-lo feito lembrar de nossa avó falecida não tem como ao reconhecer a cena eu não me emocionar também. E nisso o filme de Tizuka Yamazaki consegue passar muito bem. Mas deixando tudo isso de lado dá pra falar da dublagem um pouco inadequada dos atores estrangeiros (em algumas cenas em especial, pois no geral é passável). Não senti, como diziam, uma esquizofrenia ao tentar abordar muitas histórias num só filme, achei que teriam pulos abruptos, mas acompanhei toda a história sem sentir falta de algo (e quanto mais, melhor pra mim). Na sessão que fui apenas eu e mais duas pessoas, uma mulher com sua mãe, ambas japonesas (elas gostaram). É uma pena.

Água Negra (Dark Water)

Fiquei surpreendido ao achar que o filme não é ruim como pintavam (ou queriam) por aí. Walter Salles não demonstra uma mão pesada que tenta imprimir uma marca pessoal evidente e nem um diretor qualquer que faria tudo no automático. Tudo ajuda, a Jennifer Connelly atuando, os coadjuvantes de luxo, o roteiro de Rafael Yglesias (parece até que há mais coisas dele que de Salles no filme), a fotografia, os cenários e até o figurino. Todos os personagens são caracterizados como solitários ou sozinhos, mesmo que não sejam de verdade, nunca vemos suas outras relações pessoais (em todos os níveis, até da garotinha) dando a sensação de isolamento ao filme. O final é bom e creio que fiel ao original japonês; um pouco desolador para uma produção americana.


posted by RENATO DOHO 2:07 AM
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quarta-feira, setembro 21, 2005
Quatro Aventuras De Reinette E Mirabelle (Quatre Aventures De Reinette Et Mirabelle)

Mais um ótimo filme de Eric Rohmer que aqui divide o filme, como o título diz, nas 4 aventuras das protagonistas. Diferente da primeira as outras três têm mais humor. E diferente da primeira que se passa no campo as outras três se passam na cidade. O embate, ou melhor dizendo, a exposição teórica e prática de questões de moral, bom senso e costumes são excelentes, nunca assumindo realmente um lado, não deixando que a interiorana seja vista como obtusa ou ingênua e nem que a garota da cidade seja superior e esperta. Uma tirada melhor que a outra e o destaque fica com a atriz que faz a interiorana.

A Outra Face Da Raiva (The Upside Of Anger)

Um bom drama com muito humor e ótimo elenco. As filhas de Joan Allen no filme foram escolhidas à dedo, dificil não querer todas (ordem de preferência: Evan Rachel Wood, Erika Christensen, Keri Russell e Alicia Witt) e até dependendo do dia a Joan entra na fila também. Kevin Costner está ótimo, largado e bonachão. O curioso é quem não sabe quem é o diretor (como eu) vai ficar surpreso ao vê-lo no making of. Tem algo de humor negro ao final do filme, desvendando a trama (que aparentemente não sugeriria ter algo a ser desvendado). O personagem de Evan que narra o filme e é justo ela que não se afeta emocionalmente pela raiva que o filme tanto enfatisa e discute, permeando todas as relações.

Assalto À 13a. DP (Assault On Precint 13)

Tem coisas interessantes nessa refilmagem do clássico filme de John Carpenter. Nunca chega perto de se equivaler, sequer de superar, mas ao menos em algumas escolhas aperfeiçoa ou explora coisas a mais do "original" (que já era uma refilmagem de Rio Bravo). A história já é ótima por si só, podendo passar de um western para um policial ou um terror (e poderia se dar bem em ficção e guerra também). Algumas tomadas "virtuosas" são estéreis e até risíveis. Já alguns atores estão bem como Ethan Hawke e John Leguizamo. Todo o lado psicológico dos personagens não sei se era explorado no filme de Carpenter. Engraçado ver o diretor (francês) dizer que cresceu em bairros perigosos e tem essa "experiência de rua" e notar que se parece mais com um nerd francês.

A Um Passo Da Morte (The Indian Fighter)

Ótimo western de André De Toth com Kirk Douglas e a presença de Walter Matthau (que é daqueles que parece que nunca foram jovens). Um tratado de paz entre índios e brancos é abalado por causa de aproveitadores que querem descobrir a fonte de ouro dos índios. Kirk faz o homem do meio, que estabelece contato entre um lado e outro. Também faz contato com uma mulher de cada lado, tendo um relacionamento com uma e sendo assediado por outra (numa ótima cena de proposta de casamento inversa). A relação com a índia é politicamente incorreto para os dias de hoje, todo avanço dele é brutal, forçado, com ela resistindo bastante de início para depois gostar desse quase estupro. A parte final é bem movimentada com o ataque dos índios ao forte (isso me lembrou muito meu forte apache de brinquedo, pois a geografia e detalhes da construção são muito semelhantes).


posted by RENATO DOHO 12:21 AM
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segunda-feira, setembro 19, 2005
Lançamento



Diante da data eis um bônus, faixas dos singles lançados de Have A Nice Day com versões ao vivo para I Get A Rush, Miss Fourth Of July e The Radio Saved My Life Tonight,
aqui.

posted by RENATO DOHO 1:53 PM
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sábado, setembro 17, 2005
Cocorico Monsieur Poulet (Idem)

Primeiro filme que vejo do renomado Jean Rouch. E por pouco saber de sua carreira é mais interessante entrar no filme, pois parece que estamos vendo um documentário sobre vendedores de galinha na Nigéria, mas na realidade é uma ficção documental. Mesmo percebendo se tratar de uma ficção (pelas câmeras de cobertura e a montagem) o realismo é tamanho que embarcamos numa boa, como se fosse um divertido documentário dos intrépidos vendedores. As situações que eles passam são fascinantes, sendo o carro usado um símbolo daquele povo, daquele país. Todas as técnicas usadas por Rouch para filmar essa viagem são inspiradoras pois tiram muito do pouco e nunca soam forçadas e artificiais (e muitas vezes até documentários soam assim mesmo filmando o "real"). No final estamos diante de um ótimo road movie, extremamente bem humorado e de bem com a vida, apesar dos pesares.

Cinco Dedos (Five Fingers)

Ótimo suspense de espionagem realizado por Joseph L. Mankiewicz. James Mason está ótimo como um mordomo que vira espião para os nazistas, passando documentos secretos da embaixada inglesa. Não ficamos sabendo de suas motivações em boa parte da metragem, mas passamos a torcer por ele, o que é ótimo, na parte final, cheia de tensão (a cena da empregada é enervante). O final se passa no Rio De Janeiro e é uma resolução perfeita. O surpreendente é saber depois que o filme é baseado em fatos reais (o filme não diz isso, é informação off the screen).

A Chave Mestra (The Skeleton Key)

Filme ridículo. Quando o filme vai progressivamente dependendo de sustos com aumento da trilha (ou som) e aparições "de surpresa" já dá pra perceber que não há nada de realmente relevante sendo dito ou mostrado. A direção é desastrosa. Depois quando percebemos que há algo de racista e preconceituoso com relação à crenças e práticas antigas tudo fica pior ainda. Jogar para o casal negro a imagem do mal é revoltante, ainda mais quando no início se achava que o preconceito que os fez serem enforcados (que na verdade eram as crianças sendo mortas), mas na verdade parece que o filme concorda com as atitudes dos "nobres". Pobre Gena Rowlands fazendo um papel perdido que nem ao menos é ameaçador (outra coisa pobre do filme é que não há algo para se aterrorizar - a não ser ter medo do que o diretor vai jogar na frente da câmera com um som alto pra assustar). Tirando a parte preconceituosa que se traveste de final "corajoso" o filme não se sustenta mesmo assim, sendo muito mal realizado. Um mau legado à uma região arrasada atualmente (maldição pelo que o filme prega?). Ao menos concordo com o amigo
Ailton sobre a cena gratuita da Kate Hudson, as mais belas costas que vi em tempos no cinema, se o filme inteiro fosse isso, quem sabe eu gostava mais.

Maria Cheia De Graça (Maria Full Of Grace)

Achei o filme mais comum do que imaginava. Mostrando a trajetória de uma jovem colombiana quando faz o serviço de "mula" para traficantes o que fica é a revelação da atriz principal. Seja a história ou a forma como foi filmado ou o resto do elenco nada se sobressai realmente. Sendo que as condições anteriores não eram extremamente precárias ou desesperadoras fica a impressão que o que conta é a cobiça de ganhar grana boa com pouco trabalho. Depois disso a percepção muda, mas também não há algo positivo ou negativo no que o personagem decide ao final. Não desestimula futuras mulas, nem critica claramente os imigrantres nos EUA ou a situação colombiana. Enfim, fica tudo no banho maria.

posted by RENATO DOHO 12:40 PM
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sexta-feira, setembro 16, 2005
At The Beach (Mourning)



Bela e triste
música composta por Michael Giacchino para um dos episódios de Lost.

posted by RENATO DOHO 3:42 PM
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Sem Essa Aranha

Dos 5 filmes que já vi do Rogério Sganzerla este sem dúvida é o mais experimental. Todo feito em planos seqüência é de se imaginar que sua realização é tão interessante quanto o que vemos na tela, o quanto cada cena teve de imprevisto, improvisação e organização. A utilização de Jorge Loredo é ótima. As atrizes estão particularmente histéricas. O uso das frases (algumas em eterna repetição), além do corte e som lembram Godard. É inesperado Luiz Gonzaga ser tocado para logo após o vermos em carne e osso tocando no filme (outras participações também são curiosas). Irritam alguns aspectos que mostram mais uma encenação e artificialismo do que uma liberdade fílmica (até pequenos toques em coadjuvantes e figurantes ajudariam nisso). Não que não fique óbvio que seja uma encenação, mas até nisso há uma ilusão que pode ser quebrada facilmente por algo negligenciado. A cena do vômito, por exemplo, sente-se a falta de um vômito mesmo e não meras tentativas (se elas tivessem comido antes seria mais interessante). Claro que sempre há o recurso de se dizer que não era a intenção ter certas coisas, mas num filme assim as intenções são a coisa menos importante do processo; a reação do público e sua compreensão é que contam, tornando a obra múltipla e podendo ser ao mesmo tempo exaltada e apedrejada (com razões para ambos os lados). Para mim resulta que o filme é muito mais curioso e interessante que apreciável. Para um texto mais elogioso e detalhado, vale ler
este.

posted by RENATO DOHO 9:36 AM
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quarta-feira, setembro 14, 2005
Segunda Chance (P.S.)



Ótimo filme que tem toda cara de filme indie americano, mas em alguma hora se livra disso e se torna algo mais. Uma das forças do filme é Laura Linney, excelente, como uma trintona separada e solitária que encontra um jovem quase idêntico ao seu primeiro namorado da adolescência, tendo a mesma cara, o mesmo nome e até o interesse pela pintura, que morreu num acidente quando jovem. O jovem quem faz é Topher Grace, cada vez mais mostrando que é bem mais que o jovem de That 70s Show, ele consegue atuar de igual para igual com Linney. Um dos cuidados do filme é com os coadjuvantes, seja o ex-marido Gabriel Byrne, o irmão Paul Rudd ou a amiga Marcia Gay Harden, todos têm presença importante (e o ex-marido numa ótima cena se mostra muito mais complexo do que se esperaria). Não sendo episódico o filme vai intercalando ótimas cenas uma atrás da outra, destacando a entrevista para a universidade, a do sexo entre Laura e Topher (com uma naturalidade excelente), a do espelho, a confissão do ex-marido, o encontro com a amiga e a resolução. A recusa de colocar algo suspeito na identidade do jovem ou procurar uma explicação para a semelhança entre o jovem e o falecido ex-namorado é acertada, não transforma um drama romântico em outra coisa, desviando o assunto. Canções bem escolhidas (incluindo duas da excelente Martha Wainwright) e uma boa trilha de Craig Wedren. Também há ótima escolha nos quadros pintados por Topher, nos créditos vemos que são de vários artistas, os temas apresentados nos remetem direto ao que o filme trata. O diretor Dylan Kidd fez antes Roger O Conquistador que em breve quero conferir. Havia um projeto dele filmar um roteiro com Jon Bon Jovi que não sei se vai vingar.


posted by RENATO DOHO 9:25 AM
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terça-feira, setembro 13, 2005
Vôo Noturno (Red Eye)

Um thriller tenso que pode ter carreira boa em dvd por causa dos closes, da produção modesta e da curta duração. A história é batida (um filme semelhante melhor trabalhado é Tempo Esgotado que é em tempo real) mas se segura por boa parte da narrativa. A trama é absurda e desde o começo temos que esquecer disso para aproveitar mais (seja na carteira transportada na velocidade da luz ou a totalmente improvável bateria fraca do celular ou o plano terrorista mais capenga do mundo). Rachel McAdams está bem no papel, um de seus primeiros no gênero (ao invés de cômica ou mocinha romântica), tomando a ação em vários momentos (e não soando irreal com isso) e mantendo a pose simpática de uma atendente. Já Cillian Murphy não convence desde o momento que aparece como alguém que se passe por boa pessoa, mas quando se assume como mau fica melhor. É cômica a apresentação dos personagens secundários e não servem para muita coisa (o jovem fornece uma caneta, a loira o encharpe e o médico irritado, bom, não serve pra nada), sendo bem pouco aproveitados. A parte final volta às situações típicas mostradas em Pânico, até com o vilão mais monstruoso (por causa da garganta perfurada).


posted by RENATO DOHO 1:42 PM
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sexta-feira, setembro 09, 2005


posted by RENATO DOHO 2:32 AM
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20.09.2005



posted by RENATO DOHO 2:27 AM
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segunda-feira, setembro 05, 2005
Comédias Românticas

3 vistas recentemente:

De Repente É Amor (A Lot Like Love)

Bem calcado em Harry E Sally o filme tenta mostrar um casal em vários períodos de tempo e vida, se encontrando, se relacionando, mas nunca assumindo a coisa à sério. O primeiro encontro e outras coincidências poderiam ser mais realistas para dar força na história, começar no aeroporto e numa transa num avião já é forçar um pouco a barra, é se distanciar do espectador. Há um carisma do casal central, não necessariamente entre eles (é difícil imaginar alguém amando o Kelso... hehe). O lance profissional é o mais interessante, são tão perdidos como a geração para quem falam, de não definições de vida e de trabalho. Ela se acha na fotografia, mas ele ficamos na dúvida até no final, e isso é bom, tanto quanto mostrar sua aventura pelo mundo do comércio online (ele não se deu bem, ainda bem). Também como Harry E Sally há o foco na amizade do casal, pois vão se formando como amigos / amantes mais do que apenas amantes. A música tem um papel legal na história, nas constantes citações ao Bon Jovi (em referência ao primeiro namorado dela que vemos no filme), na cena muito divertida ao som de Chicago e na melhor cena da declamação de I'll Be There For You, cena essa que é melhor do que se vendia (pelo trailer), não é apenas cômica, ela evolue para se tornar emocional (e verdadeira), o que foi uma surpresa positiva. Destaque para o irmão surdo que apenas pela presença passa um espírito do bem viver e do bom humor, nunca se tornando uma muleta cômica ou melodramática (como a irmã acaba sendo). Acaba sendo um bom filme, mas poderia ser mais, só que foi tentar ser Harry E Sally, aí a competição é difícil.

A Dona Da História

Aproveitando uma promoção de filmes nacionais na locadora resolvi locar alguns que não vi e que talvez nem alugasse num dia normal, mas é bom para dar uma atualizada no cinema nacional mesmo em sua face mais comercial. O filme do Daniel Filho até que ficou acima da média do que eu esperava. É um filme simpático e uma narrativa diferente do que vemos usualmente em produções americanas (experts neste gênero). A narrativa paralela uma hora se cruza e não há nenhuma explicação boba e lógica para isso (como aconteceria fosse outra produção). Simplesmente acontece e os personagens se debatem sobre o tempo e o destino fazendo com que nenhuma das realidades mostradas seja a definitiva, o filme poderia terminar até numa realidade bem diferente daquela do começo (em relação ao presente que parece se mostrar como consolidada - o casal fica junto). Óbvio que dá pra saber como as coisas irão se concluir (mas isso nunca foi problema nesse gênero). Gostei muito mais do casal velho do que o jovem, ainda que Débora Falabella tenha uma inocência no olhar que encanta. O amor não constantemente declarado e até escondido do casal do presente soa mais real que o apaixonado jovem casal. Outra coisa diferente é colocar a coisa social e política na vida dos personagens, mesmo que de leve; esse assunto é até evitado em comédias românticas geralmente. E não parece um produto televisivo, mas isso o Daniel já tinha mostrado que não faz quando realizou A Vida Como Ela É.

Mais Uma Vez Amor

Uh, difícil esse filme, não que seja complexo, é simples demais. O duro é a reação e percepção... Não é ruim, mas não é bom também. Baseado numa peça de teatro não é teatral, mas nem cinema parece e às vezes parece tv. Não há cenas boas, mas coisas boas dentro da cena se debatendo com outras ruins. Os atores não estão bem, mas alguma fala ou olhar no meio disso soa bem. Uma boa idéia surge e desaparece. Ora fica caricatural e bem artificial, ora fica sentimental e emocional, não equilibrando ou definindo bem o que o filme realmente é. O que poderia ser mais sério é mostrado como paródia, o que poderia ser cômico vira dramalhão... Não sei se era assim, mas pelo que lembro o primeiro filme da Rosane Svartman tinha essas qualidades e defeitos também. A garotinha numa cena fica muito bem só no olhar, Cristiane Fernandes em outra também, mas só em uma cena. Juliana Paes é mais uma presença de beleza que outra coisa e o Tom Hanks nacional parece estranho como personagem e como par. Ah a "Juliana Paes" adolescente é uma graça, podia ser ela o filme todo! Enfim, só pra curiosos mesmo.


posted by RENATO DOHO 11:54 PM
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sábado, setembro 03, 2005
Dragões Da Violência (Forty Guns)



Ótimo western de Samuel Fuller (escrito, produzido e dirigido) que já começa de forma grandiosa com a passagem de Barbara Stanwyck e seus 40 dragões pelas planícies do Arizona. Os movimentos de câmera durante toda metragem são precisos e belos, com ótimos enquadramentos. O som também se destaca (incluindo as duas canções). Todo o clima é de um western: os cenários, a trama, a música e os personagens, mas estamos diante de um romance doloroso, e não só dos protagonistas. Amor e violência se misturam muito bem sejam através de manifestações naturais (o casal se juntando através de um tornado) ou humanas (três momentos fortes que estragam a trama se ditas aqui mas envolvendo o protagonista, seu irmão e o delegado em cada momento). Até pequenas cenas tocam neste tema: o irmão mimado da rancheira com uma mestiça e o irmão do protagonista se relacionando com um armeira (com a cena do ponto de vista do cano da espingarda). A mais forte e melhor cena do filme é perto do final, no último tiro. Forte, inesperado e complexo no que propõe. Tirando a Barbara não conhecia o resto do elenco. Achei engraçado o título de uma opinião sobre o filme no imdb: West Slide Story. Enfim, um belo trabalho de Fuller de grande impacto pela parte final.


posted by RENATO DOHO 2:06 AM
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quinta-feira, setembro 01, 2005
The Wire





Vi o primeiro episódio dessa aclamada série da HBO. Há tempos queria ver e só agora pude puxar via internet. É um episódio de uma hora e já de cara percebemos que estamos vendo um seriado da HBO, todo o ritmo é outro, não há nada da estrutura de seriados das tv abertas, tudo é lento, como um filme (quem conhece The Sopranos sabe que clima é esse), sem empolgação ou ação, os palavrões são bem mais frequentes e naturais, gírias e expressões peculiares são ditas sem a preocupação do público entender ou não (bom ver o episódio com legendas em inglês pra não ficar perdido com as falas dos universos retratados). Não parece nem que estamos vendo um piloto. A série é conceitual, falando de policiais e marginais há em cada temporada um conceito que serve de base para os episódios. Fica evidente ao ver o episódio, mas a própria HBO fala que a primeira temporada trata do "conflito inerente entre indivíduos e as modernas instituições às quais eles estão ligados" já que acompanhamos a rotina nada glamourizante do trabalho policial (suas políticas e burocracias) e o espelhamento disso numa organização crimininal (traficantes de drogas). A segunda trata da "morte da classe operária americana", a terceira do "conceito e natureza da reforma e do papel da liderança política quanto aos problemas da cidade" e vem por aí a quarta temporada. O realismo é palpável pelo mínimo uso de trilha sonora, o uso de atores não muito conhecidos e um roteiro preciso onde uma simples batida policial contém uma tensão no ar (de dar algo errado) mesmo que não ocorra nada; existe uma não banalização das ações e das vidas em jogo. Essa mesma cena em outro seriado seria banal de tão simples, eis o grande diferencial da série, parece que estamos vendo gente de verdade. A vontade de continuar vendo a série é grande, mas a dificuldade de se puxar cada episódio me faz torcer para que saia em dvd por aqui o quanto antes. Eis um
teaser para a segunda temporada que não mostra nada de revelador mas dá o tom da série, vale conferir.

posted by RENATO DOHO 12:00 AM
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