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"Sometimes meaningless gestures are all we have"
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segunda-feira, novembro 07, 2005
Depois Da Mostra...
na viagem de volta
Seria bem legal caso tivesse um notebook para escrever e postar durante a Mostra. Com certeza sairia mais coisas do que esse resumão de agora, pois já não tenho saco para colocar aqui o que pensei depois de ver cada filme ou mesmo impressões gerais da Mostra enquanto ocorria.
Esse ano não me entusiasmei muito não, eram poucos os que eu realmente estava doido para ver e eu quase achei que não teria um que me arrebatasse como em outros anos (como Adeus Dragon Inn, Gerry, Antes Do Pôr Do Sol, Mal Dos Trópicos, etcs), mas surgiu o Brant e aí...
EXCELENTE
A Carruagem Fantasma (Körkarlen), de Victor Sjöström - experiência diferente, ver um filme mudo sem som algum mesmo (geralmente há uma música), estranho no início, mas o filme é tão bom que se esquece disso
Blood And Bones (Chi To Hone), de Yoichi Sai - adorei, Kitano numa performance maravilhosa; ninguém vai entender mas lembrei muito de meu avô e ele não batia na minha avó ou outras coisas que o protagonista fazia, mas me lembrou muito e de uma certa forma é uma lembrança muito boa para mim
Crime Delicado, de Beto Brant - um dos melhores dele, se não for o melhor, ainda muito o que se pensar dele
ÓTIMO
A Criança (L'Enfant), de Jean-Pierre Dardenne & Luc Dardenne - final lembra Bresson, mesmo gostando bastante preciso rever pois vi metade com sono
A Lula E A Baleia (The Squid And The Whale), de Noah Baumbach - ótimo filme sobre a família e/ou sobre os relacionamentos
Dig! (Idem), de Ondi Timoner - ótimo retrato de duas bandas, duas trajetórias e mais um gênio musical incompreendido
Dumplings (Gaudzi), de Fruit Chan - uh, que fome!
Espelho Mágico *, de Manoel De Oliveira - quanto mais velho, melhor?
Estrela Solitária (Don't Come Knocking), de Wim Wenders - devo ser um dos poucos que gostaram do anterior dele, por isso vejo neste uma melhoria que não esperava (os planos hopperianos continuam constantes)
Eu, Você E Todos Nós (Me And You And Everyone We Know), de Miranda July - eu até colocaria no excelente, mas soaria demais para filme tão simples, foi o filme mais divertido da Mostra, e eu não sabia que a Miranda era a atriz do filme, fazendo com que gostasse ainda mais do filme e dela; ótima chance pro John Hawkes ser o protagonista, gosto dele há tempos como coadjuvante; a cena do menino e a mulher no parque resume bem o espírito humano do filme, a cena fica terna e sentimental ao invés de ser apenas um motivo de riso e humilhação (a mulher seria vista como patética caso fosse outro filme) e isso se extende para várias outras cenas do filme; legal o entusiasmo de várias pessoas após a sessão achando esse o melhor que viram; quero ver mais coisas da Miranda, seja dirigindo, atuando ou escrevendo.
Factotum (Idem), de Bent Hamer - Matt Dillon supreendentemente bem como Chinaski, fez um Bukowski bem semelhante
Ingmar Bergman Completo: Bergman E O Cinema, Bergman E O Teatro, Bergman E A Ilha De Faro (Bergman Och Filmen, Bergman Och Teatern, Bergman Och Farö) *, de Marie Nyreröd - imperdível pra fãs de Bergman
Manderlay (Idem), de Lars Von Trier - difícil classificar esse, é envolvente e muito bem realizado (uma afinação do que se testou em Dogville), mas por outro lado é odiável a manipulação grosseira que ele faz dos personagens e da trama, pior que isso é o público adorar e sair revigorado pela crítica ao outro, nunca a si mesmo ("ah sim, os americanos que são odiáveis..."), reforçasse idéias preconceituosas achando que se combate outras; Bryce ao menos está excelente
Marcas Da Violência (A History Of Violence), de David Cronenberg - bem violento, quem diria que Cronenberg e Viggo fariam um filme do Justiceiro sem saberem?
Nine Lives (Idem) *, de Rodrigo Garcia - similar ao anterior dele de 10 histórias só que desta vez são 9 planos seqüências sem cortes e com muito movimento; como são quase episódicos há uma irregularidade entre os nove, mas há grandes atuações em boa parte, só não sei porque se tentou um cruzamento de personagens já que isso não vai ser explorado plenamente
O Inferno (L'Enfer) *, de Danis Tanovic - segundo ótimo capítulo da trilogia que o Kieslowski iria fazer; Emmanuelle Béart está muito bem
O Mundo (Shijie), de Jia Zhang-Ke - o exótico do ano, mesmo que seja bem normal (tirando as vinhetas animadas)
Reis E Rainha (Rois Et Reine), de Arnaud Desplechin - adorável, o estranho é a duração longa demais para um filme assim, mas nada que atrapalhe muito
BOM
A Dignidade Dos Ninguéns (La Dignidad De Los Nadies), de Fernando E. Solanas - documentário bom da situação argentina com um ou dois enfocados que não são lá muito interessantes
Carreiras *, de Domingos Oliveira - as falas falsas ao telefone atrapalham (falas explicativas e irreais numa conversa telefônica verdadeira, sem nem tempo certo para ouvir e responder), mas no todo há o charme dos filmes do Domingos que permanece
Cosmópolis / Pizza *, de Camilo Tavares, Otávio Cury, Cói Belluzzo / Ugo Giorgetti - inesperadamente achei o Cosmópolis melhor do que Pizza, e só vi o primeiro por causa do segundo
Flores Partidas (Broken Flowers), de Jim Jarmusch - parece faltar algo para ser ótimo (penalizo inconscientemente Bill Murray por não ter comido a Lolita? não sei hehehe)
Heróis Imaginários (Imaginary Heroes), de Dan Harris - lembra Tempestade De Gelo (inclusive porque tem Sigourney Weaver nos dois), tem um leve clima deprê
Humilhação (Bashing), de Masahiro Kobayashi - pra mim soou palpável esse ataque nipônico à certas pessoas, tão comum, mas para públicos ocidentais a coisa é exagerada e despropositada
Marionetes (Strings), de Anders Ronnow Klarlund - todo feito com marionetes (como Team America) com visual e som caprichados e um roteiro básico, bem melhor que a experiência americana
Violação De Domicílio (Private), de Saverio Costanzo - uma situação peculiar retratada de forma tensa e competente, um bom filme
REGULAR
A Máquina, de João Falcão - flui bem, mas no final tudo parece ser um especial "experimental" da Globo
A Terra Vista Do Céu (La Terre Vue Du Ciel), de Renaud Delourme - decepção quando vi que não eram imagens em movimento, mas as fotos sendo filmadas, fora isso as fotos são boas, o uso do som também e a narração meio artística é inusitada (até Pequeno Príncipe entra no meio)
Batalla En El Cielo (Idem), de Carlos Reygadas - tem coisas boas e interessantes, mas no todo soa vazio
Cachimba (Idem) *, de Silvio Caiozzi - filme bem humorado que se ousasse mais sexualmente (uma pornochanchada talvez) ficaria bem melhor
Elio Petri: Notas Sobre Um Autor (Elio Petri- Appunti Su Un Autore), de Federico Bacci, Stefano Leone, Nicola Guarneri - ver um documentário de um cineasta cuja obra você ainda não conferiu é engraçado
Em Memória De Meu Pai (In Memory Of My Father), de Christopher Jaymes - outro com coisas aqui e ali legais, mas eu esperava um filme completamente outro e isso foi uma decepção inicial
Os Atores Do Teatro Queimado (Les Artistes Du Théâtre Brûlé), de Rithy Panh - não vi o tanto que as pessoas elogiaram, até achei meio chato pois a metragem é curta só que parece longa, mas tem coisas boas no meio
Todas As Crianças Invisíveis (All The Invisible Children), de vários - não vi o do John Woo, a da Katia tirando a câmera e montagem frenéticas é bom
Zerofilia (Zerophilia), de Martin Curland - sessão da tarde
FRACO
Palindromes (Palindromes), de Todd Solondz - fraquíssimo, se não serve pra algo ao menos ajuda a enterrar qualquer esperança pela carreira de Solondz
* - filmes com presença do diretor ou produtor na sessão
Exibidos na Mostra, mas vistos fora dela, em sessões pagas:
Cidade Baixa, de Sergio Machado - muito bom, com um daqueles finais que adoro que consiste em terminar exatamente onde eu espere que acabe, e não exatamente em finais tradicionais, quando isso acontece (várias vezes até acertando o momento exato do corte) eu adoro; ah, Alice Braga é maravilhosa!
O Fim E O Princípio, de Eduardo Coutinho - mais um bom filme do Coutinho com algumas pessoas bem interessantes
ATUALIZAÇÃO
Com ingressos, mas não vistos: Free Zone (vi só meia hora, sai para comer e ir ao banheiro pois as sessões eram uma atrás da outra e essa era a quarta do dia, de cinco), Mistérios Da Carne (não fui pois quis prestigiar a apresentação de minha tia tocando na Orquestra Filarmônica Santo Amaro), Cafundó (na repescagem, não deu pra ir) e Uma Vida Iluminada (repescagem, tinha que ir embora, não dava tempo).
P.S.
Leiam a crítica do Eduardo Valente para o filme Eu, Você E Todos Nós que entusiasma e é muito do que achei do filme (inclusive destacamos a mesma cena do parque, não copiei, só li agora hehe). Uma confissão: não sabia que a Miranda July (diretora e roteirista) era a atriz do filme também (só soube pelos créditos finais) e depois da sessão, mesmo sabendo que ela não tem nada de bela esteticamente (ela tem olhos bonitos ao menos) me pareceu the perfect girlfriend no momento: criativa, sensível, diretora, roteirista, atriz, etcs.
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