RD - B Side
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

"Sometimes meaningless gestures are all we have"

quinta-feira, janeiro 26, 2006
As Loucuras De Dick E Jane (Fun With Dick And Jane)

Divertida comédia que tentou esconder seu real tema, o político. Toda campanha lidava mais com trapalhadas de um casal assaltante e não dos efeitos da economia americana na vida das pessoas através dos escândalos corporativos, como o da Enron (Spike Lee lidou com isso de outra forma em She Hate Me). E o filme consegue ser extremamente divertido (Jim Carrey e Téa Leoni estão ótimos juntos) além de relevante. Não sei se só eu que notei, mas Jim Carrey me pareceu bem envelhecido, e notar isso em homem é coisa rara pra mim, só quando é bem evidente. Sem desmerecer o diretor, mas eu nem sabia quem tinha dirigido ou mesmo depois de saber continuava sem saber quem era Dean Parisot (dirigiu Monk e Curb Your Enthusiasm). Essa refilmagem consegue criar o mesmo clima do original (não vi, falo da década) quanto à situação política e social de um tempo, muitos filmes da década de 70 lidavam com o desemprego e a desilusão de uma era, o que de certa forma essa refilmagem também lida.

Amor Em Jogo (Fever Pitch)

Um dos filmes mais sem graça que vi nos últimos tempos. Incrível que pela primeira vez temos um protagonista que não consegue ter uma, eu disse uma, piada boa em todo filme! Se Jimmy Fallon já era sem graça no Saturday Night Live não seria num filme, sem contar com suas imitações que eram o que lhe salvava, que iria conseguir outro efeito que não o de tédio (e sem paixão por algo, o que mata todo o filme). O péssimo roteiro também não ajuda. Além do personagem ser sem graça ele é fanático e infantil ao ponto que é difícil imaginar uma mulher como Drew Barrymore o aguentando (se bem que ela não é um bom exemplo, ela foi casada com o Tom Green...). Algo errado acontece quando vibramos com a separação do casal. Aliás as duas únicas boas cenas do filme são quando Drew volta de Paris e o confronta pela primeira vez e logo a seguir quando um garoto vira conselheiro sentimental. Duas cenas que se mostram relevantes, minimamente tocantes e engraçadas ao mesmo tempo. O resto... bom o resto é resto. Os coadjuvantes são porcamente desenvolvidos: as amigas da Drew até que têm mais espaço dos que os amigos do Jimmy, basicamente apenas figuras de decoração (a não ser o inadequado médico possivelmente gay que o roteiro só brinca duas vezes e deixa por isso mesmo). O beisebol, tão distante de nós, fica ainda mais chato aqui (e olha que muitos outros filmes conseguiram a proeza de deixar o jogo fascinante como Bull Durham e Desafio Do Destino). Interessante pra quem curte beisebol ver nos extras mais da feitura do filme em sincronicidade com o campeonato milagroso dos Red Sox. Só pra falar que é um filme dos Farrellys tem um menino com problema em uma das pernas, duas de cadeiras de rodas, etcs, isso fica tão clichê que daqui a pouco soa como piada a presença de pessoas "especiais" em algum filme da dupla. E Nick Hornby no meio disso? O filme poderia ser creditado como "distantemente inspirado no livro Febre De Bola" pois não sobra nada dele no filme, nem o pai permanece, criam um tio... E não é que tem uma corridinha no final? hehe E ainda o aplauso geral que também aparece em 90% das comédias românticas (e estavam em falta nas duas comédias recentes que vi - bem que o pessoal do rio poderia ter aplaudido Diane Lane e John Cusack! hehe). A versão inglesa, mesmo que bem inferior ao livro ao menos era engraçada e conseguia transmitir essa paixão pela bola (e não fanatismo), com um protagonista levemente mais maduro. E não vira um filme de como-transformar-minha-namorada-em-geek-também.

Guerreiros Buffalo (Buffalo Soldiers)

Ácido e ótimo filme de guerra ou melhor, sobre o exército. Joaquin Phoenix é um militar em uma base americana na Alemanha no ano de 1989, o tédio é constante e sua principal atividade é o mercado negro entre os soldados. Até que duas coisas acontecem: cai em suas mãos sem querer um lote de misseis e armamentos e entra na base um sargento linha dura (Scott Glenn). Coadjuvantes muito bem escolhidos que acrescentam ao filme: Anna Paquin, Elizabeth McGovern (que saudades, muito tempo que não a via), Ed Harris, Michael Pena e Gabriel Mann. Situações hilárias e absurdas (o tanque pilotado pelos soldados chapados é muito bom, com humor negro na morte de dois soldados) que culminam na guerra final, de humor mais negro ainda onde achamos graça de soldados se esfaqueando. Em paralelo às ações na base vemos pela tv o que ocorre na Alemanha como a queda do muro de Berlim. Joaquin ideal como o anti-herói. Gregor Jordan é um cineasta australiano que chamou atenção com o filme Two Hands e após este de guerra fez Ned Kelly (que agora quero conferir). E o final não poderia ser outro.


posted by RENATO DOHO 8:04 PM
. . .
Comments:


. . .