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"Sometimes meaningless gestures are all we have"

segunda-feira, maio 08, 2006
Caravana De Bravos (Wagon Master)

Já comentei anteriormente, é excelente.

Beijos E Tiros (Kiss Kiss Bang Bang)

Shane Black, o cara era "o" roteirista nos anos 80 quando criou Máquina Mortífera, também escreveu Deu A Louca Nos Monstros, O Último Boy Scout e Último Grande Herói. Depois do fracasso do filme do Schwar não foi mais o mesmo, Despertar De Um Pesadelo provou isso. Retornou agora, ainda com ajuda do Joel Silver, dirigindo e escrevendo. Fez uma delícia de filme! Um policial noir cheio de humor, com ótimas atuações de Robert Downey, Jr. e Val Kilmer, a revelação de Michelle Monaghan (agora mais em evidência por causa de Missão Impossível III) e uma trama bem confusa que nem precisa ter muita lógica (como todo bom noir) pra prender nossa atenção. A narração off de Downey já é um acerto. Fazer Val ser um detetive gay, melhor ainda. Botar doses de humor e ação na medida certa e conseguir fazer da vida noturna de Los Angeles algo novo e interessante é um feito e tanto para um primeiro filme. Situações excelentes e memoráveis, ótimas piadas, ação nada parecida com o que se faz hoje, putz, várias coisas boas no filme. Se eu quisesse criticar algo seria o fêcho, a cena final, poderia ser melhor trabalhada ao invés de apenas um falar com o público. Pra ver e rever.

O Plano Perfeito (Inside Man)

Spike Lee além de fazer um ótimo filme de assalto conseguiu dar algo a mais que se destaca do mero filme de gênero: uma contudente crítica à formação de uma cidade e sociedade. É um Gangues De NY dele em formato pop, por assim dizer. E isso não é de hoje e nem algo exclusivo desse filme, mas aqui por ser algo mais escondido tem uma força ainda maior com o público que nunca vai perceber isso conscientemente (mas vai ficar com ele lá no fundo). No que consiste nossa base social? De onde surgiram nossas instituições? O que isso reflete no que somos e como agimos com os outros?

O Sol De Cada Manhã (The Weather Man)

Até que achei bem bom este filme do Gore Verbinski e olha que não gosto particularmente nem do seu mais elogiado filme, O Chamado. Muito se deve mais aos atores e ao roteiro de Steve Conrad que trabalha o cotidiano de forma cuidadosa, explorando e observando vidas que num primeiro momento não despertam o mínimo interesse ou glamour por parte do público. Afinal, ver a vida do cara que fala do tempo na tv não é algo que desperte atenção da maioria. Ainda mais que ele seja separado, sua filha apresente problemas de peso e desânimo, o filho naturalmente tem envolvimento com bebida e maconha, o pai doente e distante, etcs. A ambiguidade é o aspecto interessante do filme, Nicolas Cage não é um loser, afinal ele é reconhecido por seu trabalho e ainda ganha bem, pela fama consegue as mais variadas mulheres, é um pai atencioso e um filho preocupado, não é vazio, tenta sempre outras formas de extravasar sentimentos (é escritor, começa a praticar arco e flecha), só que ele não pode dizer que seja bem sucedido também, ele tem uma angústia de não ter acertado no casamento e não estar à altura que acha que devia estar com relação às expectativas do pai (um premiado escritor). É a procura dele pelo que a sociedade impõe, o sonho americano, que faz dele uma pessoa triste. Por isso o final é mais interessante ainda, não se resolve o conflito principal, mas aponta uma descoberta de si próprio, entre a brigada 47 e Bob Esponja! Nem o máximo da realização (não vai ser o herói americano, como um bombeiro, idealizado, perfeito) e também nem o produto descartável da mídia, o vendido, o grande produto das massas. E nisso ele também é irônico, será que nem um e nem outro realmente é o caminho? Por isso o "hello america" como encerramento. Onde é que chegamos, hein? Só o fato de ter dado um ponto final com relacão ao casamento, continuar o contato com os filhos e não ter desperdiçado a chance de tentar algo a mais (numa grande emissora) já é uma evolução com relação ao que era ou imaginava que poderia ser.

Noites De Circo (Gycklarnas Afton)

Um bom filme de Bergman, já apresentando temas que retrabalharia constantemente futuramente. Lembra bastante um Fellini de Abismo De Um Sonho e Mulheres E Luzes. O destaque maior é a fotografia de Sven Nykvist, começando uma longa parceria aqui.

Como Fazer Bebês (Maybe Baby)

Um divertido filme inglês com Hugh Laurie e uma linda Joely Richardson (nunca esteve tão bela quanto aqui, totalmente adorável e não esquelética como atualmente em Nip/Tuck) que lembra Um Sorriso Como O Seu feito 3 anos antes nos EUA (com Greg Kinnear e Lauren Holly). São as aventuras de um casal na tentativa de terem um filho. Tem mais humor que o americano, com alguns obstáculos similares e outras passagens bem diferentes (a questão da criação artística nem é tocada no filme americano). Uma participação especial é hilária e até Emma Thompson aparece. O filme é levemente autobiográfico do Ben Elton (diretor e roteirista do filme que adaptou o próprio livro).

Vinicius

Bom documentário que se destaca pelas personalidades que aceitaram participar. Além de muitos terem prestígio, vários participaram da vida do biografado dando maior força no que se mostra e se diz. Caso víssemos personalidades B que nem tiveram vivência com a pessoa por melhor que fosse a estrutura poderíamos achar tudo um trabalho menor. Nesse sentido penso num disco de covers onde só haveria bandas desconhecidas que por melhor que fossem (o que quase nunca acontece) não dariam a importância que um álbum repleto de artistas de peso daria. As intervenções de Camila Morgado e Ricardo Blat são irregulares, ela melhor que ele (o que é aquele rap?! caso fosse só os rappers tudo bem, mas ele entrar na roda que estragou tudo). As apresentações musicais poderiam ter melhor elenco de artistas (os mais importantes só falam enquanto os mais desconhecidos cantam). O melhor desse tipo de documentário são os "causos" da vida da pessoa, além de imagens de arquivo raras, mais do que qualquer proposta que o filme pretenda ter (que fica parecendo "ah, os bons e velhos tempos"). Ferreira Gullar quase estraga tudo ao cometer a besteira de opor Vinicius ao Beckett, claramente dando opinião pessoal apenas para atacar a figura (e obra) de Beckett, quando em nenhum outro momento se ataca alguém. Bola fora! O "causo" final que o Chico Buarque conta finaliza bem, passando o principal da coisa que é o riso, a felicidade.

Serenity – A Luta Pelo Amanhã (Serenity)

Star Wars B (como se Star Wars já não fosse feito como filme B)? Han Solo cover? Bem, o filme é isso. O aclamado Joss Whedon (que nunca me convenceu com seus sucessos Buffy e Angel) estréia na direção em cinema e só mostra que veio da televisão mesmo. O filme parece um episódio esticado (com um poquinho mais de grana) tanto dramatica quanto cinematograficamente. O humor (que tem seus fãs) é totalmente fora de lugar e muitas vezes sem graça, usando o recurso das tiradas de contexto (sucesso entre geeks, por isso há uma legião de fãs dele). Os atores são fracos (só de ter Adam Baldwin como humorista já indica o nível da coisa), a maioria vindo da tv (a Anna Espinosa de Alias é uma das principais, por exemplo), mas há o destaque das atrizes Jewel Staite e Morena Baccarin (uma brasileira que lembra a cantora Katie Melua) que se não são grandes atrizes são graciosas. O conceito do filme vem do seriado Firefly, que teve curta duração na tv e por causa da pressão dos fãs o filme surgiu (fãs de Joss são como trekkers, fanáticos que conseguem mobilizações de peso). Serve de passatempo como especial de tv, mas nada mais sério que isso.


posted by RENATO DOHO 11:25 PM
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