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"Sometimes meaningless gestures are all we have"

domingo, maio 21, 2006
Zona De Risco (Gongdong Gyeongbi Guyeok JSA)



É o filme de Park Chan-Wook que mais gostei até agora (Oldboy vem logo a seguir e Sr. e Lady Vingança não são exatamente filmes que aprecio). De imediato esse thriller militar investigativo parece fonte de origem de Violação De Conduta onde uma situação inicial envolta em suspeitas e pontos de vista só se revela ao final. Ainda mais que quem realiza a investigação é uma mulher. A relação entre os três soldados lembra muito John Woo. O filme consegue envolver com sua narrativa em flashbacks não óbvios e sua temática que vai além do mero thriller. A questão coreana (norte / sul) é importante e Park consegue desenvolver isso muito bem através dos movimentos da câmera e dos atores, fora a encenação coordenada em todos os planos (nada mais significativo do que aquela linha fronteiriça no meio dos dois quartéis). A protagonista voltou a trabalhar com o diretor em Lady Vingança. A "solução final" não é apenas um desvendamento de um mistério e sim uma complexa cadeia de eventos emocionais onde cada personagem age de forma pessoal e que foge dos padrões, não acertos, erros, culpados ou inocentes. A questão ou o problema é maior. O plano final, da foto, é excelente, com muita ambiguidade, de um lado o reforço de uma idéia (humana, localizada) mas ao mesmo tempo uma dúvida se essa idéia se sustenta diante do cenário apresentado (político, geral).

A Passagem (Stay)

Um dos problemas do filme (diante de vários) é que no seu andamento não há a preocupação de uma melhor caracterização do paciente ou do médico que o trata. Não ficamos intrigados em saber o que paciente tem ou esconde e nem envolvidos com a preocupação do médico. Se o paciente se matasse ou o médico simplesmente não ligasse pro caso apresentado o público, nós, nem ligaríamos, então como manter interesse na história que precisa da atenção do espectador para funcionar? Isso seria um problema que poderia ser resolvido na resolução, caso fosse algo revelador ou inédito, a curiosidade da revisão se estabeleceria. Aí que o filme estraga tudo mesmo. O final é banal, extremamente auto explicativo e quase que joga contra todo o desenvolvimento anterior (como se realmente não importasse tudo aquilo mostrado ou debatido). E também é um final batido, famoso num filme muito melhor e copiado em várias outras obras. Um desastre. Fora isso as atuações não apresentam nada mais que o automático e a direção de Marc Forster tenta ser menos acadêmica que o filme anterior, mas indo no vazio dos maneirismos visuais e de montagem (com indícios iniciais no Última Ceia). Parece que só mesmo Gritos Na Noite, feito lá atrás, é o único filme que importa na filmografia do diretor.

O Grande Ataque (The Great Raid)

John Dahl pula dos noirs modernos para um filme de guerra, e parece seguir o que tinha demonstrado no filme anterior (Perseguição), ser um sub-Spielberg. O que é o filme a não ser um sub-Soldado Ryan? Inclusive no making of ficamos sabendo que o filme é dedicado ao pai de Dahl, veterano da segunda grande guerra. Se prestarmos atenção mais Spielberg aparece, sem querer talvez, o campo de prisioneiros de guerra lembra muito a do Império Do Sol, as cenas iniciais e finais tentam dar um clima de Band Of Brothers, o resgate em si não deixa de parecer com A Lista De Schindler. Esse início e fim com cenas documentais reais são a melhor coisa do filme, cria uma expectativa que o filme nunca cumpre, que haverá um retrato respeitoso e crível dos acontecimentos quando o que vemos parece mais um telefilme da semana com um pouco mais de violência nas cenas de batalha. A ação é muito fácil, quando na realidade a diferença de soldados dos dois lados era enorme. Não se consegue mostrar essa superioridade numérica ou os grandes desafios da missão, reforçando essa coisa de simplificação que obras para a tv geralmente (algumas vezes injustamente) são mais caracterizadas. Mesmo uma minissérie televisiva como Band Of Brothers consegue muito mais em relevância e cinema do que o filme. E é bem mais patriótico do que a minissérie ou Ryan são juntos, pois retrata a maior e mais bem sucedida operação de resgate de prisioneiros da história do exército dos EUA.


posted by RENATO DOHO 9:03 PM
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