quinta-feira, junho 22, 2006
Impulsividade (Thumbsucker)
Cine indie com acertos e erros, sendo o maior erro a presença mais do que a desnecessária de artistas conhecidos. Por isso o maior acerto é a escolha do protagonista. Aquela família soa falsa, o dentista soa falso (Reeves saindo de uma sessão de Matrix dando uma de filósofo zen), a estrela drogada soa falsa... Se não exatamente falso fica menos envolvente ou convincente com o drama do personagem. Ao menos a trilha é boa.
No Rastro Da Bala (Running Scared)
Apesar da boa impressão de The Cooler e os elogios diversos não gostei quase nada deste novo filme do Wayne Kramer, uma quase decepção. Engraçado que vão aparecendo uns filmes que parecem seriados na forma, este parece ter a estrutura de 24 Horas (ou melhor dizendo, os sub-produtos gerados pela série) com efeitos de CSI (rewinds, flash-forwards, zooms, imaginação de situações, fotografia). Kramer parece estar querendo se exibir, mesmo que pra nada, junto com a temática niilística parecia que estava vendo Irreversível (algumas tomadas parecem idênticas). Os personagens são bem caricatos e esteriotipados e o protagonista não apresenta sequer uma ligação com o espectador para que ele se importe com a procura da arma ou do menino (o que acaba com qualquer cena que possa ser tensa ou enervante). Se 24 Horas já força a barra em 24 episódios imagine concentrar tudo num filme só, dá-lhe coincidências, acasos, azares e sorte chegando ao ponto de virar uma comédia involuntária (daqueles tipos onde se o filho se mostrasse agente mirim do FBI, a esposa uma andróide e o pai semi morto o verdadeiro chefão por trás de tudo não causariam espanto algum). Só comparar o tiroteio inicial (onde não temos espectativas) que é muito bem feita (ao menos algo é elogiável) e a última que parece desfile pastelão com sangue (mas quem acha graça?). Sendo esse o caso, melhor ver o início apenas, aqui. Certos trechos e o final mostram a influência dos contos de fada, mas só revelam o quanto é esquizofrênico o projeto, nunca se definindo e por isso se auto-anulando a cada mudança (o que era pra ser sério fica ridículo, o que era pra ser engraçado fica de mau gosto, o que era pra ser realista fica irreal e o que seria fantasioso soa deslocado). O roteiro (?) nem pode realmente ser analisado pelos furos, absurdos e falas pobres, ainda mais se levarmos à sério os plot points (e o final), daí vemos que tenta enfiar assuntos "quentes" (pedofilia, patriotismo, corrupção, drogas, infância) para não chegar a reflexão alguma sobre eles. Se compararmos com The Sopranos que consegue brilhantemente fazer essa mistura do sério com o humor (além de dezenas de outros tópicos aparentemente que não combinam), falando do mesmo tipo de gente (pequenos mafiosos de Jersey), o abismo de diferença se mostra maior ainda. Há uma graphic da parte inicial que até poderia ser o campo mais apropriado para o projeto. Quando vi o nome de Brett Ratner no filme não pude deixar de pensar que o cara está se especializando em entretenimentos movimentados, mudernos e vazios.
O Zodíaco (The Zodiac)
Meio que aperitivo para o filme de David Fincher sobre o mesmo assunto, o famoso caso do serial killer zodíaco, até hoje um mistério. Não foge muito dos fatos reais, mas erra ao concentrar ou estabelecer a família do investigador como base para todo o roteiro, quando isso é o que menos importa e é o mais irreal da história. As matanças ocorreram em diversos locais e com diversos suspeitos, então várias forças investigativas estavam no caso, mais vale um retrato geral ou, como Fincher vai fazer, focar num dos suspeitos (o que também não acho uma boa opção, mas é melhor do que a tomada por esse filme). Mesmo não sendo telefilme as mortes não são mostradas como realmente foram (ou o mais próximo disso) ficando quase banais. O jogo que o assassino fez com a mídia e a polícia poderiam ser melhor exploradas. E o filme, como o caso, termina meio sem resoluções. Não deixa de ser interessante para quem curte a historiografia de serial killers.
. . .
Comments:
|
. . .
|