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"Sometimes meaningless gestures are all we have"

sábado, julho 29, 2006

Kelly Lin

Profissionais Do Crime (Chuen Jik Sat Sau)

Ótimo policial de Johnny To (co-direção). Muita ação e tiroteio num filme cheio de referências cinematográficas (sem querer ou não). A história dos apartamentos e da faxineira lembra muito Amores Expressos, inclusive na forma como os personagens se comportam na parte romântica. Os assassinos profissionais que se enfrentam, se admiram e rivalizam lembram personagens de John Woo com a trama de Assassinos. Várias falas citam filmes como El Mariachi e O Samurai. Há até uma cena num cinema. O Exterminador Do Futuro 2, Duro De Matar, Janela Indiscreta e vários outros filmes parecem estar no caldo de referências. Esse jeito auto-referencial dá charme ao filme que se mostra consciente de ser apenas um filme. A bonita Kelly Lin é o objeto de paixão dos dois assassinos. Os tiroteios são excelentes e a câmera parece fazer rasantes pelos cenários, solta sem ser trêmula. Algo para se ligar numa revisão é a questão da visão ou do olhar que é tratada de forma muito interessante (começando pela coisa do apartamento e as janelas até uma cena memorável em que se tenta concluir a missão através de um espelho) inclusive na loucura do investigador que não vê o assassino sumir e também num plano que gostei bastante (bem simples) que simplesmente focaliza o canto do prédio vazio no local onde antes ele estava atirando, um plano que nem deveria existir, não é para reforçar que ele não está mais lá, mas simplesmente para vermos a ausência dele naquele espaço.

Jesus Is Magic

Sarah Silverman é uma ótima comediante, veterana de stand ups comedies que nunca chegou (até agora) a ser mais conhecida no cinema. Este filme tenta misturar o show dela ao vivo com cenas isoladas que algumas vezes não funcionam. Só o registro do show já seria bom demais. Incrível a tolerância da platéia, bem receptiva pois Sarah brinca muito com esteriótipos e trabalha piadas racistas. Este é, na verdade, sua maior caraterística, o contraste brutal de sua imagem (white little lovely chick) com o que diz. Caso fosse outro comediante o humor não seria tão bem aceito assim. E nota-se até negros na platéia (mexicanos não percebi). Não sei se piadas que ela conta caso fossem apresentadas aqui seriam bem recebidas pelo público (uma certa dose de tensão e constrangimento estaria no ar). O mínimo de trama que se tentou montar foi a de que Sarah inventa um show inteiro apenas para não ficar sem graça diante de amigos que contavam o que estavam fazendo no momento e ela não tinha nada para contar. Seria ótimo Sarah ter mais espaço na mídia, seja desenvolvendo mais filmes, se apresentando na tv (mais shows transmitidos), fazendo canções humorísticas ou simplesmente sendo entrevistada em vários programas. Ela é demais!

Tapete Vermelho

Singela homenagem ao Mazzaropi com interpretação muito boa do Matheus Nachtergaele. Tem momentos bons e fracos. O que mais gostei foi o recurso de usar o folclore popular caipira para dar um realismo mágico em certas partes, além de algumas tradições musicais e de dança. Um fato evidente que foi bem apontado na Cinética é que o filme tem o problema de querer buscar algo que já se foi. É um filme em busca do público do Mazzaropi, nostálgico de um cinema que pode ser só da imaginação (como a pessoa que só fala que era bons nos tempos dele quando na época não eram realmente). Ao invés de tentar recuperar a magia ou de transformá-la em algo para os novos tempos fica-se só no passado.

Kaena – A Profecia (Kaena – La Prophétie)

Primeira animação francesa em cgi. Parece que o software usado é o mesmo de jogos, por isso o visual é muito parecido, perdendo um pouco daquele ar de filme e cinema e tendo mais um clima joguístico (?). A trama também não ajuda, sendo bem clichê. Quando aparece um velho da aldeia que fala meio errado e soa profético não tem como achar graça de estar vendo um sub-Yoda. Por quê tem sempre que ter esses velhos que não falam direito como os guias de civilizações diversas? A parte de religião também não é algo novo e nem bem explorado. Na dublagem americana (a que tem no dvd) temos as participações de Kirsten Dunst, Richard Harris e Anjelica Huston. Há um problema geral de direção que muitas vezes cria planos confusos em cenários escuros e ficamos sem saber exatamente o que estamos vendo (direção e animação que escolheu cores erradas, sem contraste).

Viagem Maldita (The Hills Have Eyes)

Depois de um tempo vendo o filme notei que até aquele momento absolutamente nada apresentado tinha qualquer valor de novidade, como dezenas de outros filmes tudo transcorria by the book. Surpresa foi notar ao final que a novidade ou o diferencial nunca chegaria. Era aquilo mesmo. Quem conhece o original aí que realmente não deve haver espectativa alguma, mas mesmo quem não conhece (grande parte da audiência alvo do filme) já sabe como as coisas vão se encaminhar do começo ao fim. O filme não consegue ser tenso (para isso deve haver espectativa de algo), misterioso (do que? qualquer dúvida foi sanada logo no início), assustador (mesmo as manjadas passadas em primeiro plano com som alto não davam sobressaltos) ou mesmo apenas violento (hoje em dia até um episódio de seriado tem um nível de violência similar ou superior). Em certo momento perde-se até o motivo narracional do filme: Por que a narrativa continua? Importa algum personagem viver ou não? Não. Há algo a descobrir dos vilões? Não. Melhor ir embora daquele deserto? Seria bom. O descaso com os personagens é tão grande que o cachorro é que tem toda simpatia e as melhores ações (cheguei a pensar que seria muito bom se ele acabasse com todos, mesmo que não salvasse ninguém e terminasse caminhando pelo deserto de volta para a cidade, o verdadeiro lone ranger). Não se pode falar que seja ruim pois vê-se tudo tranquilamente, ainda mais se começar a achar graça de certas coisas. Pode-se começar com o súbito MacGyver que se apossa do garoto, criando um "complexo" sistema de alarme, que realmente não serve pra nada a não ser botar mais uma ceninha. Ou o jovem pai que vira uma máquina mortífera (a virada do machado tem efeito óbvio de ser cômico) com música grandiosa acompanhando em 3 momentos de "triunfo". Emilie De Ravin, coitada, além de não ter nada pra interpretar em boa parte do filme passa a outra parte gritando e chorando (não que faça grandes coisas em Lost, mas nem o lado Lolita dela foi explorado). Nenhuma das famílias serviu para algo a mais do que body count. A cena ao final da arma, da garota, do jovem pai e do vilão é tão prenunciada que quando acontece gargalha-se. Coitado dos deformados (ou dos caipiras de interior) sempre são malvados e psicopatas nestes filmes quando assassinos reais são bem mais charmosos, educados e até ricos (não é Suzane?). Os sobreviventes ao final dão até uma impressão (proposital) de serem uma nova família (o pai fica com a cunhada e o jovem vira o filho mais velho). Ah é, tem o plano final, outra risada.


posted by RENATO DOHO 12:46 AM
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