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"Sometimes meaningless gestures are all we have"

terça-feira, setembro 12, 2006
Huff - Primeira Temporada



Huff é um psiquiatra que atende em Los Angeles, com uma boa carreira e uma boa família. Quando um de seus pacientes se mata na sua frente muita coisa muda e uma das principais coisas é que ele começa a questionar sua vida, tanto profissional quanto familiar.

O seriado é mais uma ótima produção da Showtime, canal à cabo nos EUA que também produz a excelente Weeds. O estilo lembra os seriados da HBO seja na duração (quase uma hora), na estrutura narrativa (a instigante
abertura, a não necessidade de mini-ganchos para comerciais e nem de episódios para episódios), no livre uso de palavrões, drogas e nudez (não que haja abusos), na abordagem dos assuntos e na construção de personagens.

É um drama levemente cômico onde não há uma centralização no psiquiatra, mas em todos os coadjuvantes, sendo eles: a esposa, o jovem filho único, a mãe que mora com eles, o advogado melhor amigo, o irmão internado num hospital psiquiátrico e outros que volta e meia aparecem como a mãe da esposa, pacientes, a secretária do advogado e um mendigo que aborda Huff frequentemente. Cada um com seus problemas, suas falhas, mas geralmente girando em torno do questionamento do sentido da vida, mesmo que não autoconsciente. O que fiz até agora? Estou no caminho certo? O que farei de agora em diante?

Um dos grandes trunfos dessa criação de Bob Lowry além dos roteiros é o elenco intrinsicamente ligado aos personagens que cada um interpreta. Começando por Huff que Hank Azaria faz, eis a primeira real chance de Hank, muito mais conhecido pelo lado cômico, em fazer algo mais denso sem perder essa comicidade. Huff se debate em ser muito preocupado com os outros, em sempre querer ajudar e perceber que com isso deixou de prestar atenção em si mesmo e nas pessoas mais próximas como a esposa e o filho. Fica evidente que ele também sofra de distúrbios quando ele faz de seu irmão perturbado o seu confidente e não um outro psiquiatra (o que é natural um psiquiatra se tratar com outro psiquiatra como ocorre com o personagem de Lorraine Bracco em The Sopranos). O mendigo que ele esbarra toda hora e tenta ajudar nada mais é que uma projeção de sua psiquê. A esposa é feita por Paget Brewster que é um achado (fãs de Friends podem lembrar dela num episódio onde ela foi disputada por Chandler e Joey), boa atriz, também de um background cômico fazendo muito bem drama, ideal no papel de uma jovem mãe, bem atraente e maternal ao mesmo tempo. Se aparentemente vive saudavelmente vemos seus conflitos internos diante de sua profissão, sua família que mora longe e a relação conflituosa com a sogra. O filho é feito por Anton Yelchin e sua interpretação e seu jeito de ser acentuam o personagem mais centrado da série, muitas vezes o pai de seus pais, o que mais sente o clima da família seja ele bom ou ruim e ainda assim pisa na bola às vezes, mas tem uma abertura emocional diferencial diante de todos os outros. A mãe de Huff é extraordinariamente feita por Blythe Danner, um dos melhores personagens da série, complexa e contraditória, controladora e atenciosa, distante do filho doente e a melhor avó do mundo, preconceituosa e extremamente prestativa, um personagem que teria tudo para ser odiado e consegue ser adorável e ainda muito atraente (fora o fato de que adoro a Blythe como atriz e como mulher). Oliver Platt faz o advogado melhor amigo de Huff, totalmente hedonista que entra numa espiral autodestrutiva de drogas, bebidas e sexo casual (principalmente pago) e ainda ser bem sucedido além de ser quase da família (do Huff). Andy Comeau faz o irmão maluco de Huff, com uma complicada relação com a mãe e carinhosa com Huff, muitas vezes sendo de sua forma o equilíbrio mental do caos da vida de Huff.

Na primeira temporada as participações constantes foram de Robert Forster como o pai de Huff, Lara Flynn Boyle, uma paciente maluquinha e Swoosie Kurtz a sogra de Huff que enfrenta um câncer. Na segunda temporada Sharon Stone, Tom Skerritt (substituindo Forster, fazendo o mesmo papel) e Anjelica Huston fizeram participações em vários episódios.

A primeira temporada consegue terminar numa ótima confusão que junta todos os personagens principais na mesma situação.

Infelizmente, apesar das premiações e indicações (Blythe, Oliver e Swoosie ganharam prêmios, bem como a abertura e direção) o seriado foi cancelado após sua segunda temporada (no recente Emmy a Blythe ao ganhar novamente como coadjuvante ironizou o fato, fazendo um leve protesto). Mesmo assim é uma série que vale conhecer, que cativa com as histórias e os momentos dramáticos, cômicos e surreais, que trabalha bem as questões existenciais assim como as familiares e profissionais.

Felizmente o seriado foi lançado por aqui em dvd com alguns bons extras. Espera-se que a segunda temporada saia logo (nem saiu nos EUA ainda pois a segunda temporada acabou quase agora).



posted by RENATO DOHO 11:38 AM
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