RD - B Side
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"Sometimes meaningless gestures are all we have"

quinta-feira, fevereiro 22, 2007
Shut Up & Sing



Documentário realizado por Barbara Kopple e Cecilia Peck mostrando tudo o que aconteceu desde que Natalie Maines, vocalista do grupo Dixie Chicks, disse, em 2003, num show em Londres, que tinha vergonha que o presidente George W. Bush fosse do Texas, o mesmo estado natal dela, e toda repercussão negativa que isso criou nos EUA. Kopple é documentarista famosa, seu trabalho mais conhecido é o Wild Man Blues que acompanhou Woody Allen em turnê. Mesmo não sabendo com certeza acho que ela estava acompanhando o grupo em turnê, documentando a possível turnê de sucesso de um dos grupos de maior vendagem da história dos EUA, e após o acontecimento mudou o foco do filme. Mas se pensarmos no geral não mudou tanto assim o foco. O filme não é uma declaração política de liberdade de expressão tendo as Dixie Chicks de pano de fundo, mas sim um relato de tudo o que ocorreu se concentrando nas gravações do mais recente álbum, Taking The Long Way. O lado político existe pois o momento retratado lidava com isso e não se chega a enfatizar isso desviando para outros casos, consultando especialistas e fazendo panfletagem. Ao contrário, conhecemos mais a vida pessoal de cada uma (curiosidade, Natalie é casada com Adrian Pasdar, o Nathan Petrelli de Heroes), a gravidez de Emily (a guitarrista), como é o processo criativo entre elas, um pouco do passado do grupo, o fortalecimento da união das três nesse turbilhão e como lidaram com o banimento de suas canções das rádios country, a queda nas vendas e os shows não lotados, as manifestações de censura e ódio, a briga pessoal com o cantor country Toby Keith, ameaças de morte, entre outros assuntos. Acho que esse aspecto de se manter com o grupo, sem desviar muito, é uma das melhores qualidades do filme. A fragmentação temporal é boa, não sendo linear e indo e voltando entre 2003, 2006 e o que aconteceu entre esse período, de acordo com o que cada segmento tem a complementar ou comentar sobre o outro. E o enredo ainda tem aquele apelo bem conhecido da volta por cima que até poderia ser coroado, caso o filme demorasse um pouco mais para ser lançado, com a surpreendente vitória no Grammy deste ano em várias categorias. O documentário acaba sem precisar acrescentar créditos explicativos do que aconteceu depois, termina num recomeço e nisso lembra bastante o final de Rocky Balboa. Para fãs do grupo é obrigatório - acabamos gostando ainda mais de Natalie, Emily e Martie, cada uma com uma personalidade distinta. Para não-fãs é uma bela porta de entrada não só para o grupo mas para os bastidores da música, para os eventos políticos pós 9/11 com relação ao mundo artístico, e para a vida dessas três grandes mulheres que formam o Dixie Chicks.



E quem ainda não viu nem o trailer vale
conferir pois é emocionante já nesses breves instantes.

Aconteceu Perto Da Sua Casa (C'est Arrivé Près De Chez Vous)



Uma pequena equipe de filmagem segue todos os passos de um serial killer, seja ele matando suas vítimas ou convivendo harmoniosamente com sua família. A premissa desse filme belga é curiosa e vamos aos poucos nos habituando à estranha filmagem. Um dos diretores é o próprio protagonista, Benoît Poelvoorde, que tem uma ótima atuação fazendo do assassino alguém fascinante. Os outros dois diretores também atuam no filme já que são o cameraman e o entrevistador. Aliás a vida real se confunde com o ficcional pois a família de Benoît é a mesma do personagem (e não sabia desse lado do filme, achava que participava de um documentário da vida do real Benoît). Há um certo retrato cru de algumas mortes, mas nada chocante (o filme é de 92 e talvez na época fosse um pouco mais do que hoje). Há registros muito bem elaborados que jogam com a metalinguagem utilizando "realisticamente" o som e a equipe de filmagem (e isso inclui o final). Há uma brincadeira com operadores de som que vão morrendo no decorrer da filmagem. A equipe que segue Benoît além de não julgá-lo começa a criar uma amizade com o retratado chegando até a participar dos crimes. Discute-se o limite dos reality shows bem antes que virassem essa febre atual, o alvo, na época, seriam os documentários "reais" e a interação entre realizador e cria. Pena que o trio nunca mais fez outro filme, Benoît segue como ator, André Bonzel como operador de câmera e Rémy Belvaux se matou. Desde quando foi lançado que tinha curiosidade em ver o filme, mas acabei esquecendo e só lembrei recentemente. Creio que se tivesse visto na época teria ficado com impressão ainda maior do que hoje.

posted by RENATO DOHO 12:30 AM
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