sábado, março 17, 2007
Um Bom Ano (A Good Year)
Quase que um filme de descanso de Ridley Scott, uma comédia romântica em bela paisagem, várias brincadeiras com a câmera, com a montagem, com as referências cinematográficas, com a trilha e o uso das canções, e os momentos soltos de interpretação do elenco. Se já é estranho isso vindo de Ridley também causa pequena surpresa vir de Russell Crowe. Uma das melhores qualidades do filme é a escolha de Ridley (não só aqui) do elenco quase que desconhecido, se limitando ao protagonista e Albert Finney dos realmente famosos. As mulheres Marion Cotillard (grande motivo para se mudar de vida), Abbie Cornish (uma graça) , Archie Panjabi e Isabelle Candelier são os destaques. Nos homens não dá pra não achar ótimo a presença de Jacques Herlin, o Papa Duflot. Ridley tem faro para escolher novos atores antes que fiquem famosos, geralmente quando a pessoa fez algum filme que chamou atenção mas ainda não estourou (como Eric Bana em Falcão Negro Em Perigo após Chopper e antes de Hulk e Munique ou Brad Pitt, Alison Lohman, Djimon Hounsou, Viggo Mortensen, Eva Green e outros). Mais uma vez temos alguém deslocado de seu habitat natural tendo que "duelar" não só com outras pessoas nesse novo ambiente mas também dentro de si chegando a um novo patamar, mas de maneira alguma definitivo, espalhando um pouco de esperança e desconfiança (algo tipicamente inglês?) ao mesmo tempo quanto ao futuro.
Estranha Família (Winter Passing)
Jovem atriz volta para casa atrás de algumas valiosas cartas que uma editora quer publicar e encontra o pai, famoso e recluso autor, morando na garagem enquanto um guitarrista frustrado e uma ex-aluna do escritor estão na parte oficial do lar. O escritor (Ed Harris) é bem inspirado em J.D. Salinger, inclusive no nome, Don Holden. A fascinante Zooey Deschanel faz a filha. Foi o motivo para se ver esse filme. Zooey tem aquela qualidade de parecer comum, a garota da porta ao lado, e mesmo assim ser apaixonante. Como é a Jenna Fischer (The Office) e algumas outras. A questão pai e filha se sobressai, principalmente de uma filha que teve pais intelectuais e artistas (assim lembra um pouco A Lula E A Baleia pois é o mesmo tipo de família e criação). Por milagre Will Ferrell está no filme e não estraga tudo. Deve ser seu papel mais sério e o mais convincente. Não há grandes reviravoltas (bem cine indie mesmo) e o final é suave com canções bem escolhidas.
Apenas Amigos (Just Friends)
Simpática comédia romântica onde Ryan Reynolds é um jovem gordo, tímido e sensível que é apaixonado por sua melhor amiga, Amy Smart, mas não declara seu amor. Quando o faz a coisa é traumática e ele some da cidadezinha que fica em New Jersey (há uma citação de letra do Bruce Springsteen, claro). Anos depois, vivendo em Los Angeles, fazendo sucesso como produtor musical, magro e galinha ele sem querer acaba em sua cidade natal junto com uma jovem estrela da música (Anna Faris faz uma imitação de wannabe Britney Spears hilária) por causa de um problema com o jatinho particular. Assim ele reencontra antigos amigos, a mãe e, claro, seu grande amor que agora é garçonete de um bar. O personagem de Chris Klein é um antagonista bem divertido pois também era um loser quando adolescente e também apaixonado pela Amy e agora é um boa pinta cheio de qualidades: trabalha num hospital resgatando vítimas de acidente, chora ao ver Diário De Uma Paixão no cinema, toca violão muito bem , é querido pelas crianças, faz trabalho voluntário, é educado e atencioso. O antagonista chega a fazer o protagonista ser um zero à esquerda apesar de tudo o que conquistou. Claro (e pena) que o filme tenha que implodir algumas coisas para que voltemos a torcer pelo mocinho. Uma coisa meio esquisita é que Ryan Reynolds mesmo na fase adulta, mudado, ainda tem trejeitos de nerd meio afeminado (ele, na vida real, foi até noivo da Alanis Morissette, se é que isso explique algo) perdendo alguns créditos em tentar nos fazer acreditar que é um garanhão insensível e todo posudo. Anna Faris, para sorte dos atores, mete a língua em quem for beijá-la como forma de exagerar sua persona. O filme tenta se equilibrar no humor escrachado e no romance açucarado e até que não se sai mal.
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