Na Cama (En La Cama) Um casal que mal se conhece num quarto de motel. Uma noite de sexo e conversas. Lembra um pouco Antes Do Amanhecer/Pôr Do Sol, tem até uma cena de homenagem (os olhares que se evitam), mas termina aí a semelhança. Lembrei mais de John E Mary e Love & Sex Etc que são de casais em uma única noite. O que é mais legal neste filme chileno é a naturalidade das falas. Não vão destilar pérolas de pensamentos ou apresentar questionamentos sobre Deus e o mundo. Vão sim, através de banalidades, aos poucos se conhecendo e se abrindo. A química da dupla central era fundamental para o sucesso do filme e realmente acreditamos que é um casal que tem tesão um pelo outro, belas interpretações de Blanca Lewin e Gonzalo Valenzuela. Blanca lembra a Juliette Binoche mais nova e com mais nariz (hehe) e tem um corpo muito bonito (fico pensando se nesses filmes há teste de corpo antes, é muita sorte achar boas atrizes que ainda tenham belos corpos). Outra diferença com os do Linklater é que há sexo, e muito. Por ser num só cenário e só dois atores em nenhum momento me lembrou uma peça teatral, o que é um elogio ao trabalho de câmera e atuação da dupla (sem projetar demais a voz e dizer falas ensaiadas). O diretor, Matias Bize, fez o filme aos 26 anos. Há recursos de dramaturgia ao final para que haja um fêcho que podem parecer rápidos demais para uma só noite, mas válidos e deixam um final aberto, tendendo mais pro melancólico. Um belo filme.Pro Dia Nascer Feliz Documentário muito bom sobre a educação no Brasil. Falando assim até parece algo imponente, mas não, retrata o cotidiano de várias escolas espalhadas pelo Brasil procurando as semelhanças e contrastes devido às regiões e ao nível econômico de cada escola. O foco é os alunos, mas professores também são ouvidos. De imediato vi um pouco do meu próprio preconceito que o filme tenta quebrar: quando alguém de alguma escola mais pobre se destaca ficamos admirados já qualquer questionamento de alguma moça de escola de elite soa uma banalidade. O carinho pelos retratados é tanto que mesmo os de elite não são caracterizados grossamente, aos pouco vamos nos afeiçoando com suas dúvidas e crises. Também o aluno de uma escola no Rio na tênue linha entre a escola e o crime é visto de forma carinhosa. Não há aquela divisão entre os pobres que tentam estudar apesar das dificuldades e os ricos que ficam se auto-questionando, com aqueles clichês de que um pensamento filosófico só pode vir das elites e que a depressão é marca dessa classe, enquanto os outros não têm tempo para essas frescuras. Tanto é que os alunos (e em particular uma aluna) e professores mais questionadores são de uma escola pública. A aluna revela como combateu suas crises existênciais e depressão através da escrita sem saber isso ao certo. A narrativa faz com que fiquemos interessados todo o tempo, a música parece familiar e depois soube que é do Dado Villa Lobos. Como tenho várias pessoas próximas (tias, amigas de família, amigos) que são professores não pude deixar de ficar com muita vontade de querer que eles vissem o filme pois muitos dos temas abordados são tão importantes pra eles. Ficamos ao mesmo tempo com esperança e temor de nosso futuro após ver o documentário, o que aquelas criancinhas ao final representam, tanto uma imagem de esperança quanto de receio.Algo extra-filme é que uma das alunas do colégio rico, a Cissa, é apaixonante. Além de bonita e olhos lindos ela tem um dos momentos mais emocionantes quando ela se abre diante da câmera. Ela poderia até tentar atuação ao invés de engenharia... posted by RENATO DOHO 2:32 PM . . . Comments: