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"Sometimes meaningless gestures are all we have"

sexta-feira, abril 27, 2007
Sunshine – Alerta Solar (Sunshine)

Pra alguém que não é fã de Danny Boyle dizer que esse é seu melhor filme não é exatamente um elogio tão bom quanto se viesse de alguém que curte as obras anteriores. Então é isso. Tirando Boyle da jogada é uma boa sci fi, séria, que joga bastante com o fato da grande tela e do som alto para impressionar. O começo tenta emular 2001 nos tempos das tomadas e na voz tanto da nave quanto do tripulante, pausadas e calmas. Mas logo estamos num outro tipo de registro com a reunião da equipe com todos falando mais "naturalmente". Aí vários outros sci fis são citados, copiados e homenageados. A história é básica e simples, missão de lançar bombas no sol para que renasça e a Terra possa de novo ficar mais habitável. Pena nesses filmes que desde o começo se ficamos afeiçoados com os personagens já antevemos que boa parte não vai sobreviver até o fim. Dava para imaginar quem seria a última pessoa diante do que o filme propõe. As dificuldades da missão é que servirão para que fiquemos ligados à cada etapa. O elenco misto foi muito bem escolhido, principalmente pelo fato de 3 integrantes serem asiáticos (deliberadamente apontando futuros desdobramentos mundiais?) já que geralmente, quando muito, é apenas um e que logo morre. Um é até capitão da nave! Meu destaque é Rose Byrne, apaixonante. O roteirista Alex Garland conseguiu dar identidade à quase todos do grupo fazendo com que identificássemos quem era quem e nos importasse com cada um, em maior ou menor grau. Os questionamentos metafísicos ficam na superfície já que não era esse o intuito do filme e geram a parte mais falha do todo que é o final quando um "quinto elemento" surge. Se até aquele momento poderíamos acreditar numa missão parecida e nas crises e barreiras encontradas quando surge o ser diferente aí se vai a plausibilidade da coisa e vira um filme mesmo, no que isso tem de negativo. A incorporação literária dos receios e questionamentos do grupo num ser parece mais uma opção narrativa preguiçosa para criar um vilão, um oponente final para o clímax quando poderia muito bem ser descartado em favor do que o filme estava tratando até aquele ponto. Além disso Boyle incorpora cacoetes fílmicos a partir desse estágio, lembrando seus piores momentos. Sem ele o filme ficaria mais forte e com maior impacto, com ele o filme termina de forma até tradicional.

O Cheiro Do Ralo

Pra que achou o anterior de Heitor Dhalia, Nina, uma bosta, este até que é bom. A maior qualidade é o personagem e a interpretação de Selton Mello que se fundem. Nem por isso o filme deixa de parecer preso, a câmera e os personagens parecem confinados em marcações e cenários que mais parecem galpões de ensaio teatral. Alguns dos clientes soam falsos demais, decorados demais. O mais próximo de vida real que o filme chega são nas cenas no bar, tanto pelo local quanto pela interpretação de Paula Braun. Não sei se é de propósito essa irrealidade toda (em Nina também acontecia isso), mas acho que o filme (ou os filmes) se beneficiaria de um ar mais real, que aquele personagem e aquele local soassem familiares, que pudéssemos encontrá-los virando a esquina ao invés de (parecer) estar num mundo outro que só existe na imaginação do autor. Há cenas hilárias onde destaco a participação especial da Susana Alves, a interação dela com Selton (mesmo que não no mesmo lugar) é ótima. Não percebi que era a Alice Braga em sua participação, só pensei que era uma atriz bonita e fiquei surpreso ao ver os créditos. Falando em mulheres bonitas uma que faz um strip também merece atenção. Engraçado que Paula Braun, uma revelação, apenas com algumas calças parece ter uma bela bunda, não é daquelas bundas que fariam a perdição do protagonista, mas é seu carisma e talento que fazem dela inesquecível. O final não poderia ser outro.

A Profecia Celestina (The Celestine Prophecy)

Virando moda esses filmes de auto ajuda? O sucesso de Quem Somos Nós? logo foi sucedido pelo O Segredo e não foi surpresa quando vi o filme na locadora. Confesso que nunca soube do que se tratava o livro best seller, a não ser o título, e nem reconheci os realizadores ou elenco na capa, mas quis ver o que era, já esperando uma bomba. É e não é. É até um competente telefilme (e não é telefilme) que lembra alguns outros filmes (soube depois que um dos produtores é o mesmo de Amor Além Da Vida, o que explica um pouco). É uma aventura no Peru com a tal da profecia celestina, os pergaminhos secretos e gente tentando abafar a descoberta. Esses mistérios que envolvem grandes descobertas são um grande filão que englobam tanto essas vertentes mais de auto-ajuda quanto na cultura popular (Arquivo X, Lost, Alias, Heroes, O Código Da Vinci). A revelação da "grande verdade", do "segredo" e da "verdade está lá fora", misturada com a importância do indivíduo em todo o processo em diferentes variações é tudo a mesma coisa seja em livros de auto-ajuda ou nos produtos populares que a cultura cria. E isso parece cativar o público. Estranho é porque o autor do livro (e produtor e roteirista do filme) demorou tanto para adaptar para as telas e acabou numa produção claramente pequena, sem grandes astros ou divulgação (alguém sabia que tinham feito um filme sobre o livro?). A parte esotérica, se é que se pode dizer assim, fala de energias que temos e podemos compartilhar ou sentir tanto nas pessoas quanto em todas as coisas. Engraçado que é um papo que não vai muito longe do que David Lynch anda pregando e que bota aqui e ali em seus filmes (só pensar em como age a eletricidade/luz/energia em vários de seus filmes). Também fala da sincronicidade e de uma nova era de conhecimento o que também podemos ver sendo tratados, com outros graus de seriedade, em obras de mais prestígio. Há algumas caras conhecidas no elenco como Annabeth Gish, Hector Elizondo, Joaquim de Almeida, Sarah Wayne Callies (pra quem vê Prison Break) e Jürgen Prochnow. No dvd há um making of de quase meia hora onde até há casos de sincronicidade relatados pelas atrizes. Os efeitos finais são engraçados para mostrar a sintonia de energia que eles alcançam, difícil não rir da situação. Acho que demorou pro Paulo Coelho entrar nessa, já devíamos ter umas 3 superproduções baseadas em seus livros e mostrar que aqui também se faz auto-ajuda de grande alcance.


posted by RENATO DOHO 12:33 AM
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