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"Sometimes meaningless gestures are all we have"

quarta-feira, julho 18, 2007
Sortimento

Editors - An End Has A Start



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Almas Em Fúria (The Furies)

Grande filme de Anthony Mann, um de seus primeiros westerns, extremamente psicológico com uma trama operística onde pai (Walter Huston) e filha (Barbara Stanwyck) se amam e odeiam e rumam em direção à tragédia. Os intérpretes estão magníficos e os planos em silhueta são memoráveis, dando esse ar de hiper-dramaticidade necessária para a história. Nisso a trilha de Franz Waxman só reforça o aspecto bigger than life que aquela fazenda e aqueles personagens assumem. O roteiro, com diálogos e ações fortes, consegue ser muito mais ousado do que qualquer filme atual, o que só depõe contra os filmes de hoje.

Directed By John Ford

Atualização do famoso documentário que Peter Bogdanovich realizou no início de sua carreira. Há uma mistura entre o filme original, com entrevistas com John Wayne, Henry Ford, James Stewart e o próprio John Ford e narração de Orson Welles, com entrevistas atuais com Martin Scorsese, Steven Spielberg, Walter Hill e Clint Eastwood. Engraçado comparar as entrevistas e ver como antes havia uma preocupação em movimentar a câmera, fazendo recuos, mostrando Bogdanovich no quadro e tal e hoje em dia apenas cabeças falantes em quadros fixos. O bom mesmo é além de tudo rever as cenas dos filmes de Ford e ficar maravilhado. Emocionante é a parte em áudio com John Ford no final de sua vida num encontro com Katharine Hepburn. Se como cineasta ele foi o maior dos maiores como pessoa foi uma figura fascinante e misteriosa que daria dezenas de filmes e livros. Obrigatório. Agradeço ao amigão Ailton que me mandou o documentário.

Pecados Íntimos (Little Children)

Estranho que o tão malhado filme venha a ser muito bem construído e realizado. O diretor com grande domínio da imagem (e algumas influências de Kubrick), os atores bem escolhidos (principalmente Patrick Wilson, Kate Winslet e Jackie Earle Haley) e uma trama que soa menos trágica do que aparenta (pelo trailer, pelo som inicial, pela Madame Bovary citada), o que parece ser algo que o realizador espera do espectador, para que ele possa jogá-lo em outra direção, apostando no que o espectador, em seus preconceitos, ache que vai acontecer (a cena perto do final no parquinho é o ápice desse jogo). A narração só falha quando em algumas horas diz muito o que se pode ver e perceber pelo visual, mas acerta bastante pelo tom de documentário de vida animal e comportamental dando um aspecto irônico no geral. A cena do pedófilo no carro é desnecessária e quase lança o filme em outro rumo (ruim). O discutido final me parece o mais adequado, tanto por não apostar na fuga boba do casal que reforçaria o título original (little children) quanto a não valorização do cônjuge (é mais importante os filhos do que os parceiros), fazendo com que os protagonistas cresçam (reconheçam erros, esqueçam fantasias adolescentes), definam prioridades (os filhos, o outro) e com isso criem uma identidade (seja o ex-policial perdido ou os pais meio inconsequentes) e tenham o futuro para enfrentar com menos bobeiras infantis. Nisso o final é maduro e não conservador (ele propõe mudanças) ou moralista (ele estabelece ética) como muitos apontam, ele deixa a porta aberta, como o próprio narrador diz: "You couldn't change the past. But the future could be a different story. And it had to start somewhere."

Candidato Aloprado (Man Of The Year)

Barry Levinson voltando aos tempos de Mera Coincidência fazendo uma comédia com fundo político. Robin Williams tolerável, o que é algo positivo diante de seus últimos trabalhos, e Laura Linney sempre ótima. Com algo de humor e algo de thriller a trama chega a ser ambígua demais em seus propósitos colocando uma fraude eleitoral para o candidato mais honesto e carismático, passando a imagem de "deixe a política com os políticos" que soa estranha.

posted by RENATO DOHO 5:08 PM
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