É um especial antigo já que a Claudia Schiffer ainda era casada com ele e faz o papel de uma jornalista que o entrevista. Traz os momentos mais marcantes de sua carreira, em particular suas mágicas mais grandiosas como o desaparecimento da Estátua da Liberdade, o Expresso Oriente, a fuga do prédio que implode, etcs. Lembro bem dos domingos que essas mágicas eram exibidas no Fantástico. Esse tipo de mágica decaiu no gosto geral quando entrou em cena o David Blaine, com sua mágica de rua, sem grandes produções e truques cenográficos. Mas conforme as loucuras do Blaine foram aumentando, tentando se mostrar um ser imortal ao invés de um ilusionista como no início, e fracassando ou tendo pouca audiência, ele também perdeu sua popularidade. No momento a sensação é o tal do Criss Angel, um mágico que parece saído do poser metal dos anos 80, vestido com bandana, jaqueta de couro, botas, diversos anéis e colares (além de uma personalidade bem poser mesmo). Ele tenta fazer as coisas espetaculares do Copperfield só que num ambiente mais real, urbano, como num reality show, tipo andar sob a água numa piscina pública, se cortar ao meio num parque, etcs. Um menos famoso atual que eu curto é o Derren Brown, inglês, que faz questão de frisar que não tem poder algum (ao contrário dos seus pares que indiretamente tentam se passar por super-homens) e só utiliza técnicas de desorientação, manipulação da percepção, psicologia e persuasão.
Voltando ao Copperfield um aspecto legal revendo seus melhores momentos é perceber como foi um dos grandes na idéia do encantamento pela magia. Sua noção de teatralidade e narração se destacam, mesmo que ele seja um ator péssimo e algumas coisas são sentimentais demais. O uso de trilha grandiosa, luzes e fumaça, efeitos e muito mais dão aquele sentimento de maravilhamento diante do fantástico (ops) da imaginação, fazendo com que ele seja um dos que mais se aproxime da idéia de cinema (não é por acaso que ele fez parceria com Francis Ford Coppola em um dos seus espetáculos). Ao invés do cetismo do "como ele fez isso" ou "como ele me enganou?" há mais o sentimento de "ele pode voar" ou "ele se teletransporta", algo pueril de acreditar no impossível. Algumas de suas mágicas parecem, hoje, fáceis de notar quais os truques, outras ainda não, só que mais importante é como ele monta bem sua mágicas em torno de alguma história. Por exemplo, o efeito de neve tem uma história emocional de quando ele era uma criança que dá sentimento a algo que seria meramente um truque ou então a mágica das cartas com a história do seu avô, que fica bonito. Mais do que ser um bom truque o que fica é a emoção. O quarto mal assombrado chega a ser mais uma forma de se contar uma história do que efeitos bem realizados. E revendo nos dias atuais ainda impressiona o truque dele voar, pois nem em filmes que são filmados bem antes e têm mil efeitos são poucos os que conseguem um bom resultado e ele conseguiu isso ao vivo, num palco.
É por essas e outras que entendemos perfeitamente o fascínio que mágicos exerceram e exercem no imaginário de diversos cineastas, pois lidam com idéias muito similares ao do cinema e o papel do diretor.