RD - B Side
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

"Sometimes meaningless gestures are all we have"

domingo, agosto 03, 2008
A Família Savage (The Savages)



Um drama familiar com toques de humor que não chega a ser negro, mas é de um tipo bem peculiar que caiu certinho com o mesmo gosto e acabei dando boas risadas em certos momentos. O legal é que o perfil dos personagens é um pouco diferente do usual. Geralmente vemos esses tipos de dramas nos "blue collars", a classe trabalhadora americana e não na classe média, de pessoas com instrução superior, ligadas ao mundo artístico. São dois irmãos (Laura Linney e Philip Seymour Hoffman, ótimos), ambos com ambições teatrais/literárias que precisam arrumar um lugar para o pai deles - o qual mal tinham contato - ficar já que está sem casa e sofrendo de demência. Ao invés de parecer um conto dramático de superação ou descoberta da família vemos mais é um perfil de uma geração que não se encontrou ainda. Ela, apesar da graduação em artes, faz trabalhos temporários como secretária, tentando patrocínios de fundações para escrever uma peça e mantém um relacionamento com um cara bem mais velho e casado (com um passado teatral). Ele é um professor universitário, com aqueles trabalhos acadêmicos publicados que ninguém lê e que não pretende casar com a namorada, perdendo-a já que o visto dela tem validade. As neuroses, as culpas (burguesas ou não), os desentendimentos, a inveja artística, a descoberta de onde vem uma renda extra dela, tudo é muito engraçado, ainda mais que há um quê de constrangedor em certas coisas. É menos a relação deles com o pai, mas mais como indiretamente isso vai mudar aos poucos a vida dos dois.

Wall E (Idem)

Essa animação da Pixar ao mesmo tempo que impressionou pela primeira metade quase sem diálogos decepcionou na metade seguinte. Um das coisas mais irritantes, que não deveria ser tanto, mas foi, é o recurso muito fácil de fazer com os objetos imitem comportamentos humanos - o que é muito comum nas animações com animais, mas nesse, em particular, por ser um robô e achar que havia espaço para não cair nesse truque, a irritação foi bem maior. Tanto que em certas partes já não importa quem são aqueles personagens, pois caso fossem trocados por humanos não faria diferença quando o diferencial seria tornar a estória singular, que só poderia ocorrer entre 2 robôs. Soou como um roteiro de qualquer outro romancezinho juvenil encaixado no filme, sem muita sutileza. Isso e também a mal tratada estória envolvendo os humanos, sem grandes motivos para voltar à Terra, além de esteriotiparem demais para destacar a "humanidade" dos robôs.

Cão Sem Dono

Primeiro filme de Beto Brant que não gostei. Não sei se isso se deve à co-direção de Renato Ciasca ou a adaptação de um livro do Daniel Galera ou os atores. Primeiro que a estória tenta soar demais como sub-Bukowski ou sub-Fante, no caso de Bukowski trocando a bebida pelo fumo. O protagonista é um semi-morto que nunca inspira curiosidade, interesse ou identificação. Com um aspecto doente (como doença é o que marca toda a trama, com o cara, a moça e o cachorro, por exemplo), magrelo, barba por fazer e cabelo ensebado meio indie/emo já não é fácil aceitar que uma modelo de espírito oposto ao dele se interesse por ele e ainda corra atrás. Mas, vá lá, tudo é possível. Os fades dão a impressão que estamos vendo cenas do cotidiano, pequenos trechos de um livro, mesmo que eles não tenham a força para sustentar que algo tenha ocorrido entre um fade e outro. Há uma mistura de interpretações que atrapalha, alguns parecem ter tudo decorado contracenando com outras que improvisam, as cenas soam no máximo um ensaio bem feito e não um relacionamento real. Tipo, a quase boa cena de pai e filho ao final nunca dá impressão de pai e filho, mas de dois atores contracenando, com um deles até puxando algo de sua própria vida, mas não a do pai do filme. Tanto é que a mãe eu achava que era a irmã do protagonista (mas aí é um pouco mais um casting errado). Não sei se o sotaque do sul atrapalha, parecendo que tudo é formal demais ou os atores que deram essa formalidade (talvez a maioria amadora ainda). Vendo o making of do dvd tem coisas que são mais bem entendidas por quem fez do que por quem viu, como o fato do protagonista ler muito e ser niilista, mas em boa parte do filme isso não se demonstrar (só mais para o final que o vemos lendo algo e mesmo assim isso não quer dizer que seja um leitor voraz, pois só o víamos fumando, olhando o nada, dormindo, transando, andando com o cachorro, fumando mais, etcs). O porteiro/pintor, o único que desperta curiosidade, infelizmente não é explorado, fica mais como muleta para a estória do protagonista já que nem figura paternal ele vira. E no final a moça ainda está correndo atrás do cara, isso que é cara irresistível hein! hehe Parece mais fantasia de escritor...

Super Herói – O Filme (Superhero Movie)


Essa paródia (mais uma) é quase que uma refilmagem de Homem Aranha com acréscimos aqui e ali de outros filmes. Há uma produção que tenta parecer um filme de verdade ao invés de ser algo precário apenas para que piadas se sucedam na tela. Mesmo assim o filme pouco se sustenta, mas aqui e ali tem umas piadas engraçadas.


posted by RENATO DOHO 9:03 AM
. . .
Comments:


. . .