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"Sometimes meaningless gestures are all we have"

sexta-feira, abril 19, 2002
O DESAFIO

A questão apresentada no episódio de hoje de O Desafio foi ótima como sempre.

O seriado tem a rara qualidade de fazer com que os personagens tomem atitudes inesperadas e criar um clima de discussão bem realístico entre os integrantes da firma.

Espera-se que a equipe na maioria das vezes se dê bem, o que não ocorre aqui. As decisões pessoais afetam a firma como um todo e brigas acontecem. As amizades não são seguras ou talvez sejam, mas são constantemente testadas.

O clima de desconforto na firma com uma briga entre os integrantes é palpável, real.

Como balancear a ética com a moral? Eles são uma firma de advogados de defesa, soltam assassinos (e esse é um dos pontos positivos da série ao assumí-los como personagens principais do seriado, geralmente eles são os vilões). No que eles se apoiam para fazerem isso? A crença no sistema é importante, crucial.

Na história apresentada uma companhia de seguros chama a firma para ajudá-los num caso de atropelamento de uma criança. Ela quebrou alguns ossos, mas aparentemente nada mais que isso. Um acordo não é aceito por parte dos querelantes (525 mil dólares). A criança parece que na verdade não se lembra muito do acidente.

Médicos da companhia de seguros descobrem que a criança tem um aneurisma de risco e se não operarem o quanto antes a criança pode morrer a qq momento. Mas revelar isso para a família da criança pode dar num processo milionário. É decisão da empresa de seguros não revelar.

Um dos advogados da firma mesmo sabendo disso vai à família e fala do problema. A criança é operada e salva. A empresa pode mandar o advogado para a Comissão De Ética por desrespeitar o sigilo advogados-clientes. Quem o denuncia, para surpresa de todos, é um dos sócios da própria firma por achar ser a coisa certa a fazer, pois o advogado arriscou toda a firma quebrando esse código.

Segue-se os debates no caso na Comissão. A criação de leis e como a violação de leis pela moral pessoal de cada advogado pode ser prejudicial a todo o sistema. Quando um advogado pode seguir sua própria consciência e não as leis? Quem decide quando se deve fazer algo certo ou errado? Se uma criança é deixada para morrer apenas por uma questão do que é certo então o sistema é que está errado e não o advogado?

Na própria firma discute-se isso já que o advogado teve problemas com aposta no passado e quase pôs em risco a firma ao retirar dinheiro da conta da firma para cubrir o quanto devia para um bookmaker (mas logo após conseguiu depositar a quantia novamente). Há a questão da confiabilidade dele por arriscar botar o nome da firma toda hora por questões pessoais.

Uma das sócias fala para quem o delatou que a questão é ele ter esquecido que faz parte de uma família, onde podemos não concordar exatamente com o que a outra pessoa fez, mas a apoia quando em dificuldades, enquanto ele apenas se apoiou na lei, irrestritamente.

Depois o delator e delatado conversam e admitem que as duas decisões foram tomadas por emoção. Mesmo quem se baseou na lei, na confiabilidade de um advogado e no que representa a quebra deste código, revela que há no passado dele algo que o faz ter essa conduta moral, mesmo pela li a decisão sua também foi emocional.

A Comissão o repreende, mas não o expulsa da ordem, por achar que o sistema se beneficia com ele dentro mais do que fora, ele apenas é suspenso.

A relação entre os dois sócios da firma ainda vai demorar para voltar a um bom termo.

E "O Desafio" continua sendo o melhor seriado em assuntos de ética, moral e justiça.


posted by RENATO DOHO 12:23 AM
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