SOREN AABYE KIERKEGAARD I – A VIDA DO FILÓSOFO Soren Aabye Kierkegaard, nasceu na capital dinamarquesa, Copenhague, em 1813. Foi o último dos filhos do casamento precipitado que Michael Pedersen Kierkegaard (viúvo e sem filhos) realizou com sua governanta Anne Srensdatter (respectivamente 56 e 44 anos na época do nascimento de Soren) uma vez que já era viúvo sem filhos. Kierkegaard teve um relacionamento muito difícil com seu pai, pois sua personalidade ficou marcada como a do filho da expiação. Vive com uma vocação de sacrifício e de mártir idealizada pelo pai. Considerava–se pecador diante do olhar de Deus, apesar de sua educação ter sido baseada no princípio do amor e temor de Deus, assim mesmo sentia sobre si a responsabilidade dos pecados de seu pai. Vale mencionar que seu pai blasfemou contra Deus na sua infância. Mais tarde quando a família mudou–se para Copenhague, seu pai enriqueceu tornando–se um comerciante de lã, apesar da forte crise que assolava o país deixando muitos dinamarqueses na miséria. Dois outros fatores marcaram profundamente a vida do filósofo: a morte de seus irmãos Mikael em 1819, e de sua irmã Maren Cristine em 1822. A fatalidade aumentou a angustia de seu pai que já era um homem marcado por um grande sentimento de culpa e deixou profundas cicatrizes em Kierkegaard. Sua obra traz as marcas dos relacionamentos difíceis que teve com seu pai e com sua noiva Regina Olsen, com quem rompe um romântico noivado que durara aproximadamente um ano. Apesar de muito apaixonado afirma estar fazendo um grande bem à noiva: “... nosso rompimento é um profundo ato de amor...” Na verdade não havia nenhuma razão aparente para o rompimento. Entretanto, em suas notas ele menciona um “terrível acontecimento” que chamou também de o “grande tremor de terra”. Após esta experiência traumática do noivado rompido, vem um grande período de profundidade literária. Não se pode deixar de mencionar que Kierkegaard escreve a partir de sua experiência pessoal. No transcurso de sua filosofia vão se agregando aspectos de sua existência. O filósofo vive momentos de profunda depressão, uma amargura sem limites. Porém, esta energia negativa, se transforma em inspiração para a produção literária que aborda tema diverso da existência humana. II – A OBRA Sua primeira obra é uma tese de Doutorado em Teologia defendida em setembro de 1841, onde escreve o conceito de ironia profundamente relacionada a Sócrates. Em 1843 escreve Enten, Eller (A alternativa), nesta obra é que se encontra o Diário de um sedutor. Neste mesmo ano publica Temor e Tremor. Obra que é considerada a mais profunda onde comenta a história de Abraão empenhado em sacrificar seu filho Isaac para obedecer à ordem de Deus. Ao mesmo tempo aparece Repetição, que trata do tempo e da felicidade. Em 1844 escreve As Migalhas Filosóficas, que trabalha o paradoxo da fé. Conceito de Angustia (1844), fala do pecado enquanto supõe o livre–arbítrio e a angustia da livre escolha dentre as possibilidades. 1845 – Os estágios sobre os caminhos da vida – nesta obra estão incluídos O Banquete (diálogo platônico), e Culpável e não culpável. 1846 – Post–Scriptum às Migalhas filosóficas. 1849 O Tratado de Desespero (reflexão sobre o pecado), traduzido também como: A Doença Mortal. Seu último livro, A Escola do Cristianismo, é uma crítica à igreja. O autor se posiciona contra um teólogo chamado Martensen, e contra o Bispo de Mynster. Em maio de 1855, funda um jornal: O Instante. Todas estas obras são publicadas com pseudônimos como: Victor Eremita, Johannes de Silentio, Climacus e outros. Estes pseudônimos possivelmente são para se proteger de sua briga com o bispo da Igreja Luterana. Neste mesmo período Kierkegaard também publica mais de 24 discursos com seu próprio nome. Apesar de seus pseudônimos a obra de Kierkegaard se torna célebre, o fim de sua vida é bastante conturbada com polêmicas com os representantes da igreja oficial. Em 02 de outubro de 1855 passa mal na rua e é levado ao hospital. Internado, rejeita tomar a comunhão das mãos de um padre, afirmando que os padres são apenas funcionários de uma instituição e não são testemunhas do cristianismo. Kierkegaard queria tomar a comunhão, mas esta não poderia ser das mãos de um clérigo, antes queria que fosse ministrada pelas mãos de um leigo. Kierkegaard tinha uma boa relação com Deus, mas não aceitava a igreja. Emilio Boesem, amigo que o assistia no hospital, escreve por Kierkegaard, uma palavra de despedida dizendo como foi sua vida de solidão e seu destino. Em 11 de novembro de 1855, prematuramente, morre Kierkegaard com 42 anos. Depois de sua morte a igreja Luterana tenta apropriar–se de seu corpo (apesar de em toda sua vida ter negado religião oficial), porém os jovens dinamarqueses não permitiram. III – O PENSAMENTO FILOSÓFICO Todo o pensamento de Kierkegaard é desenvolvido a partir do seu íntimo. Uma escolha consciente do pensador por si próprio. Apesar disto, o filósofo experimenta os valores da tradição ou da “moda” filosófica de seu tempo, mas é, sobretudo em sua existência que Kierkegaard encontra elementos considerados por ele como importantes para o seu pensamento. Com uma vida conturbada e com grandes alternativas, o resultado de sua filosofia é uma novidade, muito mais de acordo com suas próprias experiências do que com outros sistemas anteriores há seu tempo. Das influências que recebe parte de um conceito amplamente utilizado por Sócrates, o conceito de ironia. Kierkegaard considera Sócrates como “precursor e patrono da filosofia da existência” (Mesnard, Pierre. Kierkegaard, Edições 70. Biblioteca Básica de Filosofia. p. 17). A filosofia dos Estágios de Existência. Kierkegaard era um profundo conhecedor de obras clássicas. Entre as fontes que o influenciava estava: as belas–artes, a filosofia clássica e moderna, a teologia, etc. Pode–se perceber na obra de Kierkegaard um pensamento reflexivo bastante abrangente, fruto desta sua diversidade de fontes. Toda esta abrangência tem o objetivo de confrontar as idéias, os fatos, as experiências à luz do cristianismo que, para ele, é uma consciência moderna. Seu pensamento baseia–se em sua cultura incomum e nos complexos sentimentais profundos. Através de si e de seus problemas quer encontrar uma explicação para a sua existência. Mas não bastava para Kierkegaard analisar o conteúdo da consciência para se encontrar aí uma filosofia da existência. Tem–se, também, que ter idéias. E entre as idéias, tem que se estabelecer uma dialética. E é através desta dialética que ele percebe os estágios da existência: estágio estético, estágio moral e estágio religioso. O Estágio Estético. Para Kierkegaard, este era o estágio básico na realidade humana. Segundo o autor, os valores estéticos eram originários do romantismo e influenciavam muitos de seus contemporâneos. A caracterização deste estágio, ao contrário do que pode parecer em um primeiro momento, é de difícil distinção, pois é marcado pela diversidade. Ao citar alguns personagens das obras filosóficas e clássicas como estéticos Kierkegaard demonstra esta diversidade, pois eles podem ser desde crianças audaciosas das fábulas, até sedutores insaciáveis como o clássico Dom Juan. Mas um ponto, diz Kierkegaard, será comum no caráter dos estéticos: “o desejo”. Este desejo poderia passar pela satisfação sentimental, material, entre outros, mas em última instância, o desejo erótico. Kierkegaard irá desenvolver o estágio estético com autoridade da experiência. Pois no período que sucede a morte de seu pai ele se entregou a esta forma de vida, contrariando de certo modo, seu estilo de vida. Entretanto, a partir do momento que sente em seu coração a desesperança de uma vida feliz através da estética, tornar–se–á um forte opositor de tal princípio de vida e algumas de suas obras irão claramente opor–se ao estágio estético (o Banquete é um exemplo). O tipo de vida estético não proporciona realização àquele que lhe dedica a vida. Kierkegaard percebeu que neste estágio de vida os objetivos não são claros e se perdem por não haver satisfação. É então que se pode perguntar: Quem é feliz realmente? Dos que buscam o prazer, o mais feliz não será aquele que não experimentou felicidade alguma? O Estágio Moral ou Ético. Ao contrário da dificuldade na definição do estágio estético, o estágio ético ou moral é de fácil definição. Isto porque, em princípio, o estágio ético é marcado essencialmente, por uma vida coerente governada por normas morais. Entretanto, diferindo–se do estético, no estágio ético não se encontram personagens com facilidade na literatura. Em resposta a este vazio, Kierkegaard oferece–nos o original Wielhem em A Alternativa. O herói do estágio ético será “o herói da vida conjugal”. Wielhem defende na obra a sua própria causa: o casamento feliz. Misturando na tese de Wielhem, a teoria do amor romântico com a teoria de um acordo econômico e social, Kierkegaard da forma ao amor cristão, um dom generoso entre duas pessoas que reconheceram em Deus, o responsável por esta união. A tese de Wielhem que defende o casamento confunde–se com um discurso de exaltação ao amor. O casamento será então, um meio pelo qual duas pessoas fazem uma opção tendo Deus como testemunha e são introduzidos na realidade da vida. E é aqui que se evidencia conscientemente a vida ética. Terá o homem que empenhar toda força para manter a vida conjugal. A partir desta consciência de vida ética, começa a aparecer no pensamento de Kierkegaard sua traumática experiência amorosa e a dificuldade em entender e relacionar–se com o sexo feminino. Para ele, a manutenção da vida conjugal, característica essencial da ética, será dificultada ao homem pela presença feminina, que para o filósofo, tem enorme dificuldade de se situar em uma relação definida. Kierkegaard vai mais longe, para ele a mulher situa–se naturalmente no estágio estético, onde, aliás, ela é objeto de desejo em última instância. A plena revelação da mulher só será possível no estágio religioso. O casamento torna–se então um grande risco necessário para a vida ética, por ser a única forma de se atingir tal estágio de vida. Porém, a derrocada do casamento traz consigo a derrocada de toda a moralidade. O homem então deve entender que o heroísmo moral da vida cotidiana será a única forma de desviar a fragilidade feminina dos caminhos de oscilação e perigo que poderão induzi–la à sua natureza estética e desta forma comprometer a relação conjugal. Assim sendo, no pensamento de Kierkegaard, só o heroísmo aliado a ajuda de Deus, pode salvar a vida conjugal e consequentemente, a forma de vida moral. O Estágio Religioso. Mas para Kierkegaard, segundo a tese de Wielhem, o casamento não pode ser a única solução. Sendo assim, pode existir a solução excepcional, pois aquele que renuncia a vida conjugal para responder a uma vocação religiosa, atinge um estágio de existência superior à de um marido mais perfeito. Entra–se então nos domínios do estágio religioso. A religião sempre foi para Kierkegaard uma fonte de inspiração e um espaço de reflexão e existência. Desde a infância é conduzido pela família na prática religiosa. Mais tarde, parte para a especulação religiosa ao se iniciar em um curso de teologia, visando à carreira eclesiástica. A religiosidade pessoal do filósofo é composta por duas realidades: por um lado o cristianismo com seus dogmas e seus paradoxos. Por outro lado, a tensão psicológica com que ele e sua família recebem estes dogmas e paradoxos do cristianismo em meio aos problemas existenciais profundos e traumáticos no ambiente familiar: angústia, medo e tremor. A influência da religião em sua vida ficará assente em sua obra. Desde o início, ele deixa claro que se trata de um autor religioso. Neste sentido, Tremor e Temor torna–se um bom exemplo para a introdução ao mundo religioso de Kierkegaard. Esta obra citada é escrita em um momento de algum otimismo por parte do autor. Seu objetivo é mostrar através do sacrifício de Abraão que o estágio ético não é absoluto, pelo contrário fica até ofuscado diante de exigências superiores do estágio religioso. O autor então argumenta que Abraão não hesitou em sacrificar Isaac e que este desprendimento foi exatamente o motivo pelo qual seu filho veio a ser restituído. Será que semelhante renuncia feita por Kierkegaard em relação à noiva no passado pudesse a trazer de volta então? A resposta a este questionamento só seria possível se Kierkegaard se elevasse ao plano da fé como o fez Abraão. Desta forma, percebe–se que o estágio religioso é marcado pelo subjetivismo. Como apelo à subjetividade profunda, o estágio religioso pratica uma devoção ao Deus que não aparece e comunica–se através do silêncio que provem desta relação. Isto nos faz perceber que os dois primeiros estágios são mais populares do que o terceiro. Kierkegaard entendia que os estágios estéticos e éticos não podiam existir sem o estágio religioso. Em outras palavras, o religioso estava presente tanto no estético quanto no ético. O religioso é um estágio conseqüente, pois é a partir da desordem dos estágios inferiores que se tem a possibilidade de encontrar a realidade superior da vida religiosa. Entretanto, apesar da vida religiosa ser conseqüência dos dois primeiros estágios, requer–se por ela uma decisão. Kierkegaard entende que teve que fazer uma escolha, muito clara, pela vida religiosa. Entre as várias vocações que estavam diante de si, ele escolheu a vida religiosa, que para o filósofo torna–se a forma de vida mais difícil, entre outras coisas, por ser marcada pela solidão e pelo olhar atento de Deus. Nesta sua escolha pela vida religiosa solitária, Kierkegaard foi conduzido a uma crise com os oficiais da Igreja Luterana (Igreja oficial da Dinamarca). O filósofo compreendeu que acontecia em seu tempo a descristianização do mundo. Sua luta solitária, contra pastores e bispos oficiais preocupados com suas carreiras eclesiásticas, aumentará o seu sofrimento e o fará alvo das chacotas populares, aumentando, a cada dia, a sua solidão. A solidão no sofrimento torna–se o centro da meditação de Kierkegaard. A partir da solidão e do sofrimento o filósofo desenvolve o sentido da subjetividade e da existência que vem do seu interior. Na luta contra o luteranismo oficial, desenvolve um sistema religioso doloroso que se diferencia em muito da religião que se praticava. O hegelianismo, que outrora o influenciou, é agora alvo de duras críticas dirigidas por Kierkegaard. Ele não aceitava a aproximação da Igreja com o romantismo de Hegel. Kierkegaard aponta para o erro imbecil no âmbito religioso, segundo ele não havia qualquer compatibilidade entre o cristianismo como um momento histórico que se devia ultrapassar, conforme o pensamento dos romancistas. Não, o cristianismo não pode ser considerado apenas como um acontecimento histórico. IV – CONCEITO DE DEUS “O importante é entender –me a mim mesmo, é perceber o que Deus realmente quer que eu faça; o importante é achar uma verdade que é verdadeira para mim, achar a idéia em prol da qual posso viver e morrer” Journals p.44. In Filosofia e Fé Cristã, Colin Brown Em 1848, Kierkegaard passou pela experiência de conversão e registrou em um de seus Journals o seguinte testemunho: “A totalidade do meu ser está transformada... Mas a crença no perdão dos pecados significa crer que aqui no tempo o pecado é esquecido por Deus, que é realmente verdade que Deus o esquece.” Kierkegaard se opunha a Hegel e ridiculariza os argumentos abstratos da metafísica especulativa. Ele escreve sobre Hegel em 1850: “Quantas vezes demonstrei que fundamentalmente Hegel torna os homens em pagãos, em raça de animais com o dom do raciocínio. No mundo animal, pois, "indivíduo” sempre é menos importante do que raça. Mas a peculiaridade da raça humana é: justamente porque o indivíduo é criado à imagem de Deus, o “indivíduo” está acima da raça. Isto pode ser entendido erroneamente e terrivelmente abusado, reconheço. Mas isso é o cristianismo. E é aí que a batalha deve ser travada.” Journals. Para Kierkegaard a subjetividade isolada é má, assim como a objetividade de Hegel por si só, também é má. Para ele, a única salvação era a subjetividade. Deus era como uma subjetividade infinita e compulsora. Por se tratar o cristianismo de uma religião histórica e em decorrência das críticas desta realidade, Kierkegaard escreveu que os resultados dos fatos históricos para ele eram incertos, o importante era a escolha subjetiva. Crer em Deus era um salto de fé, um comprometimento com o absurdo. A pessoa faz uma escolha por aquele fato histórico porque este significa tanto para ela que até arrisca a vida por ele. “ Então vive; vive inteiramente cheio da idéia, e arrisca sua vida por ela; e sua vida é a prova de que crê”. Não precisa haver provas para a pessoa crer e viver esta fé. A fé é impossível se houver provas e certezas. Sem riscos não há fé, é uma impossibilidade. A fé e a razão são opostas mutuamente exclusivas. O autor Colin Browm compara o conceito de Deus de Kierkegaard comum à estória do Mágico de Oz, ou seja, não é tanto a sua existência o que importa, mas o pensamento sobre sua existência. Nesta estória, o homem de palha, o homem de latão e o leão covarde mudam o curso de suas vidas porque crêem no Mágico de Oz. Porém, no final, este mágico é na verdade um homem comum. Do mesmo modo para Kierkegaard, o pensamento a respeito de Deus o impulsionava para reagir, de certa forma, mais do que o encontro com o próprio Deus. Surge no conceito de Deus no pensamento de Kierkegaard, uma palavra chave: o amor. É por amor que Deus deve decidir–se eternamente a agir, mas como seu amor é a causa, seu amor deve também ser o fim. Deus quer restabelecer a igualdade entre Si e o homem (discípulo), assim com um rei que se apaixona por uma plebéia. Tal idéia per si é incongruente, mas o rei é o rei, acima de tudo. Segundo Kierkegaard, “Deus encontra sua alegria em vestir ao lírio com mais esplendor que Salomão” (Fragmentos Filosóficos, p. 59). O amor de Deus não somente ensina, mas também leva a um novo nascimento do discípulo, passando do não ser ao ser, pois “o fazer nascer pertence a Deus cujo amor é regenerador” (Fragmentos, p. 68). Deus busca a unidade, de Si com o não ser do homem. Assim, “para obter a unidade, Deus deve se fazer igual ao seu discípulo”, e para isto toma a forma de servo. Deus sofre a fome, o deserto, tudo experimenta por amor ao discípulo. Kierkegaard afirma que só Deus pode salvar o indivíduo do desespero: “Deus pode a todo instante...” (Chaves, Odilon. Sofrimento e Fé em Kierkegaard, 1978. p. 36). Não seria também por isso que ele afirma que se deve “tremer” diante de Deus? “É impossível enganar a Deus, Ele é o onisciente, o onipotente” (Attack Upon Christendom, p. 255). E ainda, “Ele é o único que tem uma verdadeira concepção do infinito que Ele é” (Attack Upon Christendom, p. 255). Por outro lado, Kierkegaard menciona ser fácil o enganar a Deus. Não que Deus não notaria a “presença” do homem tentando agradá–lo. Deus, na verdade, cria uma situação na qual o homem, se ele quiser, pode “enganar” a Deus. Como isto é possível? Deus permite que o homem sofra para que ele perceba que é um abandonado de Deus, e que tenta enganá–lo, e, se Deus, na opinião do homem não está atento para este fato, o homem enganou a Deus (Attack Upon Christendom, p.256). Por isso diz Kierkegaard: “Tremei!” No tocante à justiça de Deus, Kierkegaard diz que cada criminoso, cada pecador, que pode ser punido neste mundo, pode também ser salvo para a eternidade. Na eternidade, o que será lembrado? O sofrer, aqui, pela verdade. Todas as transações neste mundo têm como filtro o intelectualismo e a espiritualidade, sendo Deus nos Céus o parceiro. BIBLIOGRAFIA CANCLINI, Arnoldo. Fragmentos Filosóficos. Buenos Aires, Imprensa Metodista, 1956. CHAVES, Odilon M. Sofrimento e Fé em Kierkegaard. Monografia, S.B. do Campo, 1978 LOWRIE, Walter. Kierkegaard’s Attack Upon “Christendom”. Boston, The Beacon Press, 1957 LOWRIE, Walter. Kierkegaard, Christian Discourses. New York, Oxford, 1961. SIMÕES, Carlos O. P. Ética e Fé em Kierkegaard. Monografia, S.B. do Campo, 1958. VERGEZ, André. História dos filósofos ilustrada pelos textos. Rio de Janeiro, Freitas Bastos, 1976. MESNARD, Pierre. Kierkegaard. Edições 70, Coleção Biblioteca Básica de Filosofia. KIERKEGAARD. Coleção Os Pensadores... posted by RENATO DOHO 12:51 AM . . . Comments: