Dragão Vermelho (Red Dragon) Refilmagem desnecessária do filme de Michael Mann realizado na década de 80. Talvez o único motivo é Dino De Laurentis poder fazer caixas duplas ou triplas no futuro juntando este filme, Silêncio Dos Inocentes (se os direitos forem dele) e Hannibal... O elenco, apesar de bom, nunca supera os originais. Edward Norton é um erro de escalação pela idade e pelo jeito dele, nem parecido com um profiler obsessivo (ao contrário de William Petersen que reafirma esse jeito atualmente em CSI). Harvey Keitel e Dennis Farina se equiparam. Ralph Fiennes perde para Tom Noonan que está ótimo. Emily Watson quase chega perto da interpretação de Joan Allen. Anthony Hopkins está ficando mais careteiro de um personagem só, atuando no automático, enquanto Brian Cox é um ótimo ator, que está sendo reconsiderado atualmente pelos ótimos papéis que vem desempenhando (começando por Nuremberg) e a química entre Cox e Petersen é bem mais intensa que Hopkins e Norton. A direção de Brett Ratner nem precisa falar muito, é óbvia, de campos e contracampos, correta e nada mais, já a de Michael Mann é criativa e autoral. Um lance diferencial também é como o filme de Mann se encaixa nos temas que sempre trabalha, o que some nessa refilmagem. Há um duelo entre Graham e Hannibal pois são faces da mesma moeda, como Al Pacino e Robert De Niro em Fogo Contra Fogo, como Al Pacino e Russel Crowe em O Informante e outros dele. É um mundo masculino em essência. E também Mann capta e sabe tirar mais do ator principal com quem trabalha para mostrar sua angústia (exemplo Daniel Day Lewis em O Último Dos Moicanos e é só ver toda sua filmografia confirmando isso). Norton na versão nova parece um coadjuvante que investiga o caso desleixadamente e não um investigador com traumas que se entrega de corpo e alma na caça ao assassino, tentando eliminar na verdade o que ele acha que tem de perverso em sua própria personalidade (com Hannibal o cutucando psicologicamente, o que acontecia na versão original e também com Clarice Starling em O Silêncio Dos Inocentes). Na refilmagem poucas mudanças, como a cena do museu (que creio deve estar no livro, já que Mann não foi fiel à fonte) e o final (bem mais fraco). Nas cenas parecidas a refilmagem sempre perde na comparação (principalmente na cena totalmente perdida na versão atual que é a da visita num zoológico para o toque no tigre). Talvez o problema maior é que Hannibal Lecter virou um personagem carismático, um herói até para o público, se tranformando numa imagem como Freddy Krueger, Jason e Pinhead. O filme de Mann não tinha essa preocupação e por isso se sai melhor. Ratner agora tem que lidar com um personagem que é mais querido pelo público do que Will Graham. Os serial killers são heróis e seus crimes não passam mais a ojeriza que passariam, agora são mais cools... É esperar que o filme de Mann chegue aqui em dvd: "If one does what God does enough times, one will become as God is" posted by RENATO DOHO 10:20 PM . . . Comments: