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"Sometimes meaningless gestures are all we have"

segunda-feira, maio 26, 2003
Narc (Idem)

Bom policial que revela o diretor Joe Carnahan. É bem calcado no estilo dos policiais da década de 70, mas durante o filme vemos várias influências de outras épocas e tipos de filmes. A perseguição inicial que é bem realizada e caótica lembra bastante a do filme Caçadores De Emoção (da Kathryn Bigelow). A escolha de Jason Patric para o filme nos faz lembrar na hora do ótimo policial Rush. O filme se mostra bem mais calcado nos personagens e em momentos de diálogo ou pausas do que em ação ou suspense como poderia ser percebido inicialmente. Será que a escolha de Ray Liotta foi acertada? Sem estragar o final é algo para se discutir devido a sua persona cinematográfica. Carnahan sabia disso e usou isso a favor do filme? Ou esqueceu esse detalhe e jogou contra o filme? Só vendo para depois elogiar ou criticar. Agora, um aspecto que Carnahan fala na entrevista (nos extras do dvd) e que é deveras significativo é de como o gênero policial encontrou mais espaço nos seriados televisivos do que no cinema pós-70. Basicamente houve mais inovações e diferente aspectos enfocados nos inúmeros seriados policiais surgidos desde a década de 80. E isso claramente afeta o filme policial atual. Miami Vice mudou muita coisa. Hill Street Blues, Homicide, NYPD Blue e atualmente The Shield (entre outros) não podem ser deixados de lado ao analisar o gênero. Em comparação muitos filmes policiais feitos nessa época são inferiores a um desses seriados em abordagem e até realização fílmica, parecem ficções baratas diante de uma maior brutalidade e realismo que as séries de tv (mesmo diante de uma censura televisa) conseguem alcançar. Narc foi feito com isso em mente e não dá pra ver bem se consegue ou não superar isso. Alguns temas do filme parecem superficiais diante de um The Shield por exemplo quando aborda o mesmo tema. Já em outros aspectos há a possibilidade da pausa fílmica, isto é, dos momentos mais reflexivos que são bem mais difíceis de serem encaixados num episódio de série diante das expectativas de audiência e intervalos comerciais.

Quem se aventura por esse gênero hoje nos EUA obrigatoriamente vai ter que repensar tudo com as séries policiais televisivas incluídas e levadas em grande consideração. Não é á toa que até Sidney Lumet viu que uma parte de sua filmografia ligada aos temas da justiça estava sendo mais abordada nas séries de tv (Law & Order, Murder One, The Practice, etcs) e por isso realizou ele mesmo uma recentemente, 100 Centre Street. Filmes sobre máfia hoje que não levam Sopranos em consideração parecem anacrônicos e sem garra. E isso vale para vários outros gêneros e seriados.

Joe Carnahan é alguém para se ver o que vai fazer em seguida (talvez Mission: Impossible 3).


posted by RENATO DOHO 6:38 PM
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