segunda-feira, setembro 15, 2003
Audition (Oodishon)
Só agora nesse fim de semana que fui ver esse filme que estava gravado faz tempo numa fita que o amigo Ailton mandou pra mim. É um ótimo filme, começando num andamento e terminando em outro completamente diferente. A parte mais lenta é bem construída, sendo um drama bem humorado, até que começa aqui e ali a aparecerem os indícios para o final, aí o filme claramente poderia cair naqueles thrillers americanos do "desconfie de todos, não confie em ninguém" onde a possibilidade de conhecer alguém diferente é arriscada. Mas Takashi Miike faz um delírio final que possibilita ao filme sair da vala comum que poderia cair. Sua lógica de sonhos é ótima, seja na construção dos cenários e iluminação quanto no uso de objetos, não respeitando a ordem cronológica e espacial no planejamento das cenas (como um sonho / pesadelo). Aquilo que vemos pode ser apenas o delírio do protagonista tentando dar um sentido psicológico à mulher que pretendia se casar.
Quase perto do fim o filme entra no terreno frágil de usar o humor e o sadismo. Não dá para não acharmos ao menos engraçado como a mulher coloca agulhas. Aí fica o ponto: foi feito para acharmos graça de um ato violento? foi feito para vermos o absurdo da coisa? o que ela fala revela o seu estado mental e o dos espectadores que assistem e riem? Em alguns filmes eu achava isso repugnante (como Eles Matam, Nós Limpamos) em outros via até um por quê (Assassinos Por Natureza). Estranho ambos exemplos terem a mão do Tarantino... Aqui não fiquei ofendido. Só achei que a solução final não ousou mais, já esperava que o filho entrasse na roda e que o final não fosse mininamente tranquilizador (como acaba sendo). Ainda bem que o filme tenta uma hora brincar com um final, que aí sim seria o desastre total se fosse o caminho tomado.
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