RD - B Side
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

"Sometimes meaningless gestures are all we have"

terça-feira, fevereiro 03, 2004
Caçado

O novo filme de William Friedkin é admirável. Um dos melhores filmes de ação do ano passado. Por quê? Vários motivos. A primeira é que é um filme de ação mesmo, sem se esconder por trás de outra coisa (e a trama podia dar falar de muita coisa). Fica tudo nas entrelinhas, mas não vamos ficar vendo os traumas do personagem de Del Toro e nem o passado de Lee Jones, a não ser o passado que serve para a ação correr bem. A estorinha não atrapalha e é isso um defeitão dos filmes de ação, que querem porque querem contar uma história. Friedkin faz isso com ação, com imagem e movimento! E aí a coisa da trama lembrar O Fugitivo, de que há muitos exageros na parte final, que não se revela mais sobre o por quê das coisas, isso tudo é coisa de estorinha e aqui Friedkin não está tratando disso. A parte dos caçadores ou trackers que fazem o que o personagem de Lee Jones faz foi toda supervisionada por um dos melhores do mundo e é perceptível o cuidado nas ações dos dois protagonistas. As lutas de faca são muito bem coreografadas e totalmente cinematográficas (como diz Friedkin ou o Lee Jones no making of uma luta real de facas duraria segundos). Connie Nielsen vai se mostrando uma ótima atriz para filmes que necessitem mulheres de personalidade forte, só sua presença já garante a confiança do espectador (seu personagem nem tem tempo para montar essa confiança, é de imediato, muito por causa de sua persona). E um filme que começa e termina ao som de Johnny Cash não tem como não ser no mínimo muito bom.

A Vingança Dos 47 Ronin (Genroku Chushingura)

Esse longo filme de Mizoguchi foi divido em duas partes. A primeira vi anos atrás e só agora pude concluir o filme. É baseado num fato real e histórico do Japão: a lealdade de 47 samurais com seu dono que por uma ofensa num castelo foi julgado e condenado à morte. Os 47 ronins (pois se encontram sem um mestre) resolvem se vingar e matam a pessoa que causou a briga no castelo depois se entregam para as autoridades e terminam condenados à terem que cometer o harakiri (uma morte mais honrosa do que a simples condenação à morte). O filme é fantástico e maravilhoso por não mostrar os principais eventos da história (como a matança do inimigo ou o próprio harakiri) e se ater ao outros aspectos do que essa história gerou entre os envolvidos (com ótimas interpretações). A câmera de Mizoguchi é brilhante, percorrendo os aposentos, casas e festividades (como uma apresentação noh) e mudando planos com movimentos da câmera ou dos atores. O final não poderia ser de grande força, memorável. No Japão há o local onde estão as placas lembrando dos 47 ronins. O filme é de 1941, fico pensando em como esse filme teve impacto no Japão da segunda guerra mundial ao fazer a população (re) lembrar de fato tão famoso e reverenciado...


posted by RENATO DOHO 1:37 AM
. . .
Comments:


. . .