Kill Bill – Vol. 2 (Idem) A segunda parte da saga de vingança da “noiva” feita por Uma Thurman muda de tom, os diálogos ficam mais evidentes e há poucas cenas de ação. Não que isso seja qualidade ou defeito, pois por estranho que pareça o que se sentia falta na primeira parte é o que não é bem realizado na segunda e o que falta na segunda é o que se tinha bastante na primeira. Os diálogos. Tirando a parte final com David Carradine e Uma Thurman o resto não traz nada de interessante ou engraçado ou substancial, como se tudo fosse reservado para a excelente exposição sobre o Super-Homem que vai dar luz sobre toda a saga. Engraçado pensar que o filme se resolve por meio de diálogos, não fossem as falas finais não veríamos o todo e as verdadeiras implicações dos acontecimentos e motivos do filme. As cenas de ação. Poucas e apenas uma realmente boa, o embate de Uma Thurman com Daryl Hannah no minúsculo trailer no deserto. O treinamento com Gordon Liu é bom, mas não chega a ser empolgante e é curto (mas engraçado). O duelo final nem chega a ser uma cena de ação. Sendo o filme pensado como um só percebesse que o começo da segunda parte seria a parte “morta” da narrativa, que serviria de alívio após o massacre dos Crazy 88 e muito do que se passa poderia ser cortado quando se chega no personagem de Michael Madsen (ele chega a ser quase inútil não fosse pequenas coisas). Mesmo tendo os dramas familiares e o western como referências mais fortes desta vez não há uma utilização eficaz tanto quanto os filmes de artes marciais exerceram na primeira parte, só lembrar que o que se passa no deserto é mostrado em sua maioria num espaço confinado e logo a seguir numa casa. Há paralelos com a primeira parte, quase repetições. Uma mais uma vez tem que sair da imobilidade (um caixão, lembrando suas pernas paralizadas na caminhonete no 1) tendo um flashback no meio para explicações. O embate de duas mulheres num local pequeno tem a mesma dinâmica seja em Uma versus Vivica A. Fox quanto Uma versus Daryl Hannah. A utilização da trilha sonora continua exemplar, seja no incidental de Robert Rodriguez quanto nas utilizações de Ennio Morricone, Malcolm McLaren, Luis Bacalov, Johnny Cash e Shivaree que termina bem o filme com a bela Goodnight Moon (fazendo paralelo com Nancy Sinatra que começou o filme, já que há semelhanças nas cantoras escolhidas). Os efeitos sonoros também são um destaque para acentuar as cenas de luta (incluindo a cena de um minuto com tela preta). A fotografia de Robert Richardson é ótima nas duas partes e ajudou muito o filme já que vemos mais o estilo dele do que do diretor em certas cenas. Uma tem melhores momentos de interpretação nesta segunda parte e David Carradine só no finalzinho mesmo mostra alguma utilidade (fico pensando como seria se fosse o Warren Beatty). Os outros estão competentes e só. Quem sabe se uma montagem tivesse sido mais rigorosa teríamos apenas um bom filme do que dois com altos e baixos? E se pensarmos no tamanho da produção e na ambição fica-se com a impressão que poderia ser mais, principalmente na segunda parte que se visto como um filme separado é bem modesto, calcado em diálogos, com os cenários não interagindo com a história (que se desenvolve melhor apenas entre quatro paredes). No fim das contas a luta com os Crazy 88 é a coisa mais memorável (tem até um espaço para essa seqüência nos créditos finais) e até parece o motivo de todo o resto ter sido realizado em torno disso... posted by RENATO DOHO 3:16 AM . . . Comments: