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"Sometimes meaningless gestures are all we have"

quarta-feira, janeiro 26, 2005
Alexandre O Grande (Alexander The Great)
Alexandre (Alexander)



Tanto o filme de Robert Rossen quanto o de Oliver Stone pecam por querer botar em um filme a fascinante história de Alexandre. É muita coisa para pouco filme e em ambos perde-se aqui e ali, em um há aspectos mais bem trabalhos que no outro e vice versa, mas mesmo que se unissem os dois filmes ainda estaria bem distante de um mínimo retrato do que foi Alexandre. Será que por isso poucos se aventuraram em explorar o personagem?

No de Rossen a ação inexiste e quando acontece é mínima, como se a produção fosse modesta. Comparada com a produção de Stone a coisa fica mais evidente, tanto as batalhas quanto os cenários (Babilônia por exemplo) são grandiosas. Há falas idênticas em ambos os filmes, como se até fossem baseados em algum documento histórico. Não é bem resolvida a intenção de Stone em realizar o filme agora, em qual contexto ele se insere e o que ele reflete (como qualquer obra), se é que há importância a não ser o desejo dele de fazer um épico.

Stone se concentra muito no poder maternal enquanto Rossen estabeleceu uma relação mais bem resolvida entre pai e filho. O homossexualismo é tocado levemente no filme antigo enquanto que mesmo que Stone tenha exposto mais ainda é tão púdico quanto Filadélfia, onde os amantes só ficam se abraçando... E a cena de sexo hetero é explícita, como se para apaziguar o público médio, quase uma covardia.

Há distorções (como sempre) em vários fatos e analisar os porquês seria interessante, mas não é algo de minha alçada. Por exemplo, no filme de Rossen é interessante notar quem mata Felipe e no de Stone dá o que pensar o corte de uma batalha importantíssima no amadurecimento de Alexandre, a de Queronéia.

Ambos são falhos em não mostrar a mente estratégica de Alexandre para batalhas. No de Stone tenta-se um pouco, mas a confusão é tamanha nas cenas de batalha que a coisa se perde, infelizmente. Foi uma das características mais marcantes e até hoje suas táticas são estudadas, mas creio que poucos saibam encenar atividades militares com competência (talvez Kubrick). Não seria o histrionismo de Stone com seus cortes rápidos e câmeras trepidantes que dariam essa noção (afinal, ele foi apenas um soldado na vida real, ele sabe lidar mais em como soldados se sentiam, o que acontece em Alexandre).

No filme de Rossen as relações são mais bem trabalhadas, já que toda a ação é reduzida. E no de Stone as qualidades ficam para a grandiosidade das batalhas, já as interpretações do elenco... Angelina Jolie está péssima e tem peso no filme, o que é pior. Colin Farrell não tem nem pose para líder (ainda mais se comparado com Richard Burton) que foi criado pela mãe como deus, é inseguro e pouco carismático, além de emotivo demais. O resto nem preciso citar, o garoto é mal trabalhado, não exala a prepotência e confiança de alguém que cresceu acreditando que era deus, e a mãe de Jolie não ajuda em nada mostrando receio de várias coisas quando era ela que tinha a certeza que o filho era divino (exceção é Val Kilmer, ele consegue fazer de Filipe um personagem interessante, mas não tanto quanto poderia ser, já que é mais visto negativamente). Isso mostra que a falha é mais de Stone na condução dos atores e na caracterização de suas ações. A batalha contra os indianos é a mais bem trabalhada tanto emocionalmente quanto fisicamente (mesmo assim perde-se a chance de mostrar um adversário à altura, colocando o elefante como o grande inimigo e não o líder indiano que dizem era temido e muito alto).



A narração de Anthony Hopkins serve para o público entender os fatos, mas é tediosa e apenas através dela que se estabelece a grandiosidade de Alexandre, tirando-a o filme apenas mostra um bravo guerreiro e nada mais. Até a fala final fica engraçada tentando provar que Alexandre foi grande, quando não se mostra isso durante todo o filme.

Estranho que em se tratando de Stone a paranóia de Alexandre nos momentos finais (após a morte de Heféstion) não seja maior. Além de cortar a batalha que se seguiu para ele expurgar a dor da perda de seu amor Stone evitou mostrar os presságios de morte que Alexandre começou a ver por todo canto, além de achar que todos queriam matá-lo. Tema ideal para Stone (como em Reviravolta, quase uma síntese de seu cinema, para o bem ou para o mal). No filme passa a impressão que ele se deixa matar, por causa da tristeza pela perda do amor, tornando o personagem mais fraco ainda.

Talvez em breve venha outro filme de Alexandre, com o Leonardo Di Caprio. Quem sabe juntando 3 filmes de Alexandre dê pra tirar um bom filme sobre a figura histórica?


posted by RENATO DOHO 8:49 AM
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