Amor, Palavra ProstitutaÉ um dos mais belos trabalhos de Carlos Reichenbach que vi até hoje (mas não vi vários importantes como Liliam M., Extremos Do Prazer e Império Do Desejo). Uma mistura perfeita de vários gêneros alternando drama e comédia e concluindo em seqüências da mais pura poética visual no relacionamento entre duas pessoas (o que falar do take final a não ser que é um dos mais belos do cinema brasileiro?). Finalmente podemos conferir a cópia integral do filme pois creio que a versão censurada perderia muito de sua força já que é a partir da questão das complicações de um aborto que o filme assume de vez um tom mais sério. Os corpos nus e as cenas de sexo, mesmo que aparecendo em várias cenas, têm um foco diferente do esperado, não é sexy (apesar de, por exemplo, vermos os belos seios de Patrícia Scalvi) e tanto mulheres quanto homens se desnudam ao olhar da câmera (não sendo exploratório ou apelativo). Os dois homens vêm direto do curta Sangue Corsário, pois a gênese dos personagens está ali (e são os mesmos atores) e também o tema seria mais explorado em Alma Corsária. Já a operária têxtil pode ser uma das Garotas Do ABC. O roteiro de Reichenbach e Inácio Araújo tem passagens de grande humor principalmente vindas do personagem interpretado por Roberto Miranda. Todos os personagens se inicialmente podem ser vistos como caricatos (o pensador ocioso, o trabalhador sacana, o patrão impotente) vão se revelando complexos e agariando a simpatia do espectador, nenhum sendo exatamente bom ou ruim. Só fiquei curioso (assim como o personagem Lilita) em saber qual a história do enforcado visto logo no início do filme. Seja como símbolo ou mesmo personagem ele tem uma importância que de primeira vista não percebemos. Um grande filme. posted by RENATO DOHO 2:30 PM . . . Comments: