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"Sometimes meaningless gestures are all we have"

quarta-feira, maio 25, 2005
Star Wars - Episódio III: A Vingança Dos Sith (Star Wars - Episode III: Revenge Of The Sith)



Como nunca fui fã da cine-série (no máximo gostava das partes IV e V) fui ao cinema sem espectativas (causadas pelas recepções dos dois episódios anteriores). Qual não foi minha surpresa ao ficar impressionado com o filme que crescia a cada momento e a partir da metade para o fim se tornar um dos melhores do ano. Se eu for ver bem a questão da história sei que vou me perder, não sei as relações entre os personagens, alguns que todos reconhecem eu pouco lembrava a ligação, os nomes dos planetas se embaralham na minha cabeça, não sei exatamente porque certas espécies apareciam (como a do Chewbacca) e assim vai. Mas o que me cativou foi a simples história que já estava sendo desenvolvida nos dois anteriores: a transformação de Anakin em Darth Vader e a democracia em império. E nesses pontos George Lucas foi muito mais que eficiente, se mostrou digno de seus melhores trabalhos (mesmo que eu os considere poucos).

Neste episódio tudo o que antes me irritava eu nem liguei ou notei: a artificialidade de cenários que em Ataque Dos Clones particularmente me deixou bravo aqui eu nem percebi. Combinou um melhoramento técnico com uma narrativa mais empolgante para não ficarmos nos atendo à detalhes que pouco ajudam ao filme. As partes humorísticas geralmente achava sem graça, aqui dei boas risadas. Os diálogos toscos me faziam torcer o nariz, aqui poucas vezes isso aconteceu, pois foram superados por outros muito bons como as referências políticas ("se você não está comigo, está contra mim" vem diretamente de um discurso de Bush sobre terrorismo / "é assim que morre a liberdade: sob aplausos"). As atuações pouco inspiradas aqui se mostraram bem mais fortes (a do imperador é ótima).

A filosofia zen-budista é posta de forma muito precisa. Toda a questão da raiva, da vingança e do apego se mostraram cruciais no diferenciamento entre Jedis e os demais. Anakin sente raiva, é vingativo e se apega às coisas (o amor por exemplo) o que o faz um ser ideal para que o imperador o queira para substituto, um integrante exemplar para as forças do mal, mesmo que saibamos que sua essência pode ser boa.

Todo simbolismo do corpo dilacerado e queimado sob uma armadura negra e uma respiração artificial resume páginas e páginas de diálogos ou explicações. Toda a trajetória de Anakin é carregada na tragédia, nos fazendo lembrar de Cristo e Hamlet.

Há bons momentos puramente visuais, seja em paisagens, situações ou personagens pensando e isso melhora ainda mais no final, sem diálogos que estragariam as coisas (tudo é mostrado e não dito). Enfim, é um filme que dá vontade de rever (e isso não digo de muitos da série) e voltar aos originais para mais uma vez ver toda a jornada (oops!) com outros olhos. Quem diria, George Lucas conseguiu aos 45 do segundo tempo!



posted by RENATO DOHO 1:01 PM
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