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"Sometimes meaningless gestures are all we have"

sábado, junho 04, 2005
Falsária (A Good Woman)

Antes de tudo acho bom falar logo de vez o meu espanto no aspecto físico da Helen Hunt: ela envelheceu, e mal! Como de uma hora pra outra ela passa de adorável Jamie em Mad About You para uma já senhora neste filme. Não creio ser maquiagem (para aparentar mais idade?) ou má maquiagem (Scarlett Johansson está muito bem maquiada em comparação), é idade mesmo. Principalmente na parte ao redor da boca que as mulheres envelhecem mais rapidamente, Helen já tem vincos e uma boca que dá pra prever uma boca de velha, meio caída, murcha e marcada. Sem falar na área ao redor dos olhos, já mais fundo e escuro. Incrível vindo de uma atriz que nem é tão velha assim. Pior que no filme a fotografam para ressaltar essas imperfeições e como o personagem dela tem que passar ser uma sedutora de beleza irresistível fica mais difícil entrar na história. Seria esse o motivo dela não ter tido tantos trabalhos pós Melhor É Impossível? Ou algo pessoal que refletiu na sua aparência? Enfim, a idade é cruel com as atrizes, ainda mais quando se coloca uma jovem atriz ascendente no mesmo filme... Bom, quanto ao filme é uma boa trama de desentendimentos que até faz lembrar as comédias de Shakespeare e não é de se espantar que nos créditos finais ficamos sabendo que é uma adaptação de Oscar Wilde (eu não sabia). Tudo feito com competência, sem grandes momentos artísticos. O início parece até um filme de Woody Allen pelos letreiros e a imagem de NY logo a seguir (além de, coincidência, ter duas atrizes que trabalharam com ele recentemente). Há algumas ótimas tiradas (talvez direto das falas de Wilde) como a da tradicional "ela só está com você pelo dinheiro" tendo como resposta: "e eu pela sua beleza". Bons atores (principalmente os mais velhos) ajudam o filme.

Código 46 (Code 46)

Achei bem interessante essa sci fi do Michael Winterbottom que particularmente alterna filmes que aprecio (Bola Pra Frente) com outros que não me dizem nada (Neste Mundo). Há bastante criatividade em apresentar uma ficção sem sê-la inteiramente, aproveitando muito dos ambientes existentes nos dias de hoje para dar uma idéia de um futuro não muito distante. Não há o cenário pelo cenário (uma falha de muitas ficções e filmes de época), mas sim locais que nos dão a idéia desejada sem tirar o foco principal que é o relacionamento do casal principal. Sabendo depois que a equipe era mínima (16 pessoas ou menos) e a filmagem era no estilo livre e de guerrilha me fez reforçar os sentimentos de semelhança que achei entre esse filme e Lost In Translation e os filmes do Wong Kar Wai (e estes dois já têm ligações fortes). Há uma certa busca sem objetivos claros por partes dos personagens, um contemplar o vazio (em Samantha Morton mais evidente) e um relacionamento impossível. Winterbottom é mais carnal num certo sentido e mesmo assim mais desiludido ao final. A coisa da clonagem é um aspecto nada decorativo que me fez ficar realmente intrigado com o que enfrentaremos futuramente na parte de legislação, da ética e da moral. Reforçaremos mais a ligação dos genes ao fazer com que todos possam por acaso vir de uma mesma origem, um mesmo sangue? A coisa da diversidade pode acabar pelo sub-incesto que será comum em breve? Precisaremos de códigos 46? E no meio disso duas pessoas que se amam e até que ponto isso é válido. Uma curiosidade é ter Mick Jones numa cena de karaokê cantando uma letra que se relaciona com o momento da história. Winterbottom mesmo com as condições que tinha não optou pela câmera rápida na mão que fica acompanhando os personagens, mas sim algo mais fluente, ainda bem. Um recurso usado no filme que não me agradou muito é a mistura de palavras de outras línguas junto ao inglês para mostrar como as coisas se misturam no futuro. Como idéia é boa, mas no filme achei falsa e irritante. Volto a falar da integração das paisagens com a narrativa, que proporciona tomadas muito boas, como a da estrada perto do final (que dará no acidente) por exemplo. Uma outra nota: Morton deve ter utilizado dublê de corpo numa tomada (é o que acho), mas se não usou ela é mais maravilhosa ainda do que eu achava!


posted by RENATO DOHO 6:26 PM
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