Narradores De JavéUm bom filme, mesmo que não tenha lá me entusiasmado. As narrativas dentro da narrativa são bem previsíveis com as mais antigas as mais frágeis. Boas performances de todo elenco, principalmente por várias pessoas virem do povo. Há a óbvia idéia de que a narrativa trata também da construção de um imaginário que muito parece o cinema, mesmo assim não acho algo extremamente revelador, é apenas um dado curioso.Luzes, Câmera, Ação (The Last Shot)Primeiro filme do roteirista de Prenda-Me Se For Capaz. A história real da operação do FBI em fingir fazer um filme para prender alguns mafiosos dá boas chances de examinar com humor e ironia o mundo do cinema. O filme assume o lado do realizador contratado, um cara que nunca deu certo em Hollywood (como muitos), é bilheteiro do Chinese Theater e vê na chance de ser o diretor do projeto dos seus sonhos a oportunidade de se realizar na vida. E se mostra utópico e generoso, chamando seus amigos hippies para trabalhar no filme. Pode-se dizer que é meio triste sua trajetória, ao contrário do que se poderia esperar de uma produção comercial. Ele meio que assume sua insignificância, tendo um momento especial em sua vida para relembrar (a sessão final do único rolo é tocante). Falta algo ao filme, talvez maior acidez, ou maior humor negro, ritmo, mas o diretor iniciante conseguiu um elenco bem composto.Latitude ZeroÓtimo filme de Toni Venturi colocando o filme só num local com dois atores, baseado numa peça do Fernando Bonassi e sem transformar isso numa peça filmada. O personagem oculto, o tal coronel, lembra o senador de Bens Confiscados, que nunca aparece mais sempre é presente na narrativa. Engraçado que no dvd há uma longa cena cortada onde o personagem aparece! Ainda bem que o diretor viu que ficaria bem melhor sem a aparição dele. Os dois atores estão excelentes, mas principalmente Debora Duboc tem um desempenho arrebatador, no início grotesco, bestial, se tornando mais suave conforme a maternidade acontece. O uso de locações, do cenário e da fotografia só alimentam o filme, nunca tirando a atenção para si ou sendo mal desenvolvido. E os personagens na sua trajetória são um retrato revelador do país em tudo o que passam, agem e reagem. Bons extras (e uma inesperada Debora dando entrevista e se revelando completamente diferente do seu personagem). Agora há ansiedade para se conhecer o mais novo trabalho de Venturi, Cabra-Cega.Refém (Hostage)Um bom filme, cheio de tensão do diretor francês Florent Emilio Siri estreando no cinema americano. O início, bem realizado (como se fossem os créditos de Sin City) assim como toda a narrativa pode vir de sua experiência em direção dos jogos baseados em Tom Clancy (Splinter Cell) que são variações do famoso Counter Strike. A ação inicial segue o padrão de sempre: um trauma no protagonista que vai ser relembrado no decorrer dos acontecimentos futuros (até a legenda de quantos anos depois aparece). Uma coisa que é pouco lembrada é a questão da reza do crimininoso no início e o quanto isso vai se espelhar no final do outro criminoso quando vê a jovem sob um manto e decide se matar para acabar o "mal". Incrível que um simples roubo acabe gerando todo um roteiro (mesmo que precise forçar a barra várias vezes) envolvendo poderosos misteriosos. Todo terço final realmente nos faz ficar amarrados pois não dá exatamente pra saber o que vai acontecer (tudo pode acabar bem ou ser um daqueles filmes niilistas que gostam de quebrar expectativas). O filme se equilibra entre esses dois pontos, apresentando surpresas e indo por caminhos conhecidos. A direção é segura e consegue momentos impressionantes com o fogo e com a animalidade do vilão numa perseguição nos dutos de ar da casa. Os jovens Ben Foster e Jonathan Tucker estão muito bem, ainda mais para quem os conhece das comédias juvenis românticas (Ben já mostrava esse lado sombrio no ótimo Bang Bang Você Morreu). No final só fica a dúvida se o poderoso misterioso vai deixar as coisas assim como estão. posted by RENATO DOHO 9:15 PM . . . Comments: