Huckabees - A Vida É Uma Comédia (I Heart Huckabees)Não acho que seja genial, mas é a vontade de soltar após ver o filme. Uma das mais divertidas comédias que vi este ano e mais um delicioso filme de David O. Russell. A idéia original já é muito boa, um cara procurar detetives existenciais! E o melhor é que o filme parece quase livre e não preso por um roteiro que vai colocar aqui e ali coisinhas "brilhantes" ou fazer com que os personagens sejam marionetes do roteirista (sim, eu penso em Charlie Kaufman quando digo isso). E olha que é até possível que Russell e ele sejam amigos... Não sei o que dizer sem soar redundante... elenco fantástico, seqüências maravilhosas, etcs, etcs. Russell se aproxima bem mais de Linklater do que uma outra linhagem mais hype. Cria-se pessoas e não personagens (e temos duas caricaturas que poderiam ser over the top mas Jude Law e Naomi Watts e Russell não deixam ficar). É mais filosófico do que metalinguistico (que fica centrado em contorcionismos da trama / narrativa para se diferenciar). O embate de filosofias e meios de encarar a existência fica incrível quando colocamos Dustin Hoffman (que parece saído de A Primeira Noite De Um Homem) versus Isabelle Huppert (genial escolha). Até Mark Wahlberg que não acho grande coisa está muito bem no filme. A cena de sexo entre Jason e Isabelle na lama é brilhante. Algo de sexualmente latente entre Jason e Jude também é ótimo. Uma participação especial de surpresa é muito boa. Enfim, tem muita coisa boa no filme.Infelizmente não temos todos os extras no dvd daqui do que o que saiu lá fora (em edição dupla). Alguns extras do dvd duplo acabaram no dvd simples daqui e outras coisas foram deixadas de fora (os comentários em aúdio por exemplo). Mesmo assim os extras daqui são ótimos, as filmagens são divertidíssimas (como o filme) de se ver (os seios artificiais fizeram a festa da equipe) com insights legais do Dustin e do elenco, além das maluquices do Russell (que nem são tantas assim). Há um extra valioso onde Dustin e Lily entrevistam dois experts sobre os assuntos tratados no filme (a existência, mecânica quântica, ciência e religião, etcs) sendo um deles o famoso pai da Uma Thurman (eis um grande sogro, até o Ethan Hawke falava isso).Uma pena ver que um filme assim ficou inédito em nossos cinemas...Melinda E Melinda (Melinda And Melinda)Não deixa de ser uma decepção esse novo Woody Allen. Não que não seja um filme legal pra se ver e se divertir (há bons momentos durante o filme), mas duas coisas principais me irritaram: a primeira é o diálogo expositivo demais que parecia de novela, onde se explica tudo para o espectador (fora que ninguém fala assim a não ser nas novelas ou no teatro), será que os diálogos de Allen eram assim e eu não percebia ou desta vez ele piorou mesmo? a segunda coisa é que é meio triste um cineasta (pessoa, artista, homem) de 70 anos falar as mesmas coisas sobre relacionamentos de novo e de novo sem nenhum tipo de evidente evolução ou amadurecimento. Sim, todos traem, é inevitável (ele vem falando isso desde os anos 70), mas fica só nisso até hoje?! Era tão previsível o que cada personagem iria fazer ou sofrer pois estão no universo de Woody Allen que me deixou meio down. Enfim, é isso Woody? Quando você vê outros cineastas indo para a velhice e se tornando mais sábios (Eastwood por exemplo) dá pra se começar a pensar o que Allen anda construindo nestes últimos anos. Bom, dizem que Match Point teve uma melhora e um diferencial grande, tomara. Ah, uma coisinha irritante foi Will Ferrel imitando Woody Allen ao ponto da paródia ou pior, que Ferrel era só um objeto de cena decorado pelo diretor e não um ator que poderia acrescentar algo. E acho que no filme em alguma cena ou mais quase todos os atores se passam por Woody Allen (não sei se de propósito). Mas fora isso não dá pra não elogiar a ótima Radha Mitchell em ambos os papéis (e perfeitamente distintos graças ao seu talento). posted by RENATO DOHO 1:36 AM . . . Comments: