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"Sometimes meaningless gestures are all we have"

terça-feira, janeiro 24, 2006
O Solitário Jim (Lonesome Jim)



Ótimo filme de Steve Buscemi na direção. Feito em digital, com pouco orçamento e com o roteiro do novato James C. Strouse (um pouco autobiográfico) o filme trata da volta do jovem Jim (Casey Affleck) à sua terra natal, para a casa dos pais, onde o irmão mais velho também voltou a morar com as filhas após sua separação. Voltou de NY por estar sem perspectivas e antes que seu intuito inicial de seu "breakdown" ocorrer algo acontece que vai modificar a trajetória das coisas. No meio disso ele conhece a enfermeira, mãe solteira, a doce Anika (Liv Tyler). O mais gostoso do filme é o vazio daqueles personagens ser ternamente visto, mesmo quando ridículo (o que ocorre com o irmão, com a mãe, a primeira transa com a enfermeira). Você se identifica e ao mesmo tempo ri daquela situação (a causa/efeito do que ocorre com o irmão não deixa de ser hilária/triste). Há tiradas que gargalhei como as fotos dos escritores na parede (Jim é aspirante à escritor, mais um Arturo Bandini da vida) quando sabemos algo das bios dos retratados ou os bares que Jim passa. Essa mistura muitas vezes não fica clara para o espectador (Jim no banho conversando com a mãe é constrangedor e carinhoso, por exemplo) que pode achar tudo deprê demais. Achei melancólico, mas com bom humor em perceber essa melancolia (como tocar Chicago numa cena) e com atenção para os pequenos detalhes ou gestos. Algumas perguntas também são postas na hora certa e soam sinceras (a mãe perguntando o que fez para que ambos os filhos ficassem tão deprimidos na vida; Jim questionando Anika do por que ela não arranja outra pessoa que não ele). Talvez soe por demais banal, mas não há uma narrativa sólida que mova as coisas, a não ser mais para o final com o lance do tio e a fábrica. Casey encarna muito bem Jim, todo desanimado. Kevin Corrigan é a cara do nada, ideal como o irmão. Seymour Cassel e Mary Kay Place equilibram como os pais, ele pragmático e ela sonhadora. Liv Tyler e Jack Rovello estão bem como mãe e filho (o garotinho é bem reconhecível, é o filho de Julianne Moore em As Horas). Mark Boone Junior como o tio é o alívio cômico e a ameaça do filme. O bom momento final, da carta narrada não resolve as coisas, ou resolve de certa forma; já o que acontece com o protagonista pode ser bem aceito ou não, dependendo das espectativas.

No
imdb dá pra saber o quanto o filme tem de autobiográfico. E sabendo disso a realização do filme de certa forma justifica o final escolhido. Um ótimo filme para ser descoberto. O trailer (pode revelar várias coisas da trama, mas acho isso o de menos).

posted by RENATO DOHO 6:07 AM
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