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"Sometimes meaningless gestures are all we have"

quarta-feira, março 22, 2006
ABC Do Amor (Little Manhattan)



Delicioso filme que se mostra um dos melhores filmes sobre o primeiro amor que já vi. É a estréia de Mark Levin na direção, mas no currículo há algo que evidencia a ligação com a série Anos Incríveis: lá ele foi "story editor" (termo melhor compreendido no original). O roteiro é de Jennifer Flackett (ambos trabalharam em Wimbledon, será que são casados?). No começo você acha que os jovens protagonistas Josh Hutcherson e Charlie Ray podem não dar conta do recado ainda mais quando lembramos dos atores da série mas conforme vamos vendo suas performances eles nos conquistam de vez. Como na série há um narrador off (o garoto mesmo, só que sem ser em idade adulta, como se recordasse) fazendo com que o ator tenha que interpretar muito por olhares. A garota é fantástica (e é sua estréia também) tendo momentos complexos de se transmitir apenas por gestos e olhares. É daquelas que aos poucos vamos nos apaixonando, se tornando a imagem símbolo de nossos primeiros amores (para os homens, claro). O casal adulto foi bem escolhido, dois bons atores, Cynthia Nixon (Sex And The City) e Bradley Whitford (West Wing) e mesmo não sendo os principais transformam seus personagens em seres humanos, sendo cativantes. Somente a escolha do cara do elevador, Willie Garson (Sex And The City), foi um pouco errada já que sua imagem de gay é tão marcante que não convence como hetero nas poucas cenas que aparece. O filme mistura muito bem o realismo com a imaginação infantil, sem extrapolar, dosando bem onde colocá-las (no início são mais constantes), assim como o humor com ótimas piadas (verbais ou gags fisicas). Também consegue ser uma declaração bem carinhosa de amor à NY (e/ou Manhattan) com suas ruas, seus locais famosos e nem tantos (mas charmosos) e seu espírito (o estilo do cantor que aparece, as atividades recreativas, esportivas ou alimentares, a filha oriental adotiva do casal artístico liberal). E incrível que ainda tenhamos espaço para não só o primeiro amor, mas o amor (e perda de) em geral da família com os pais em processo de separação. Isso tudo em 84 minutos muitos deles centrados na relação de amizade que vai se desenvolver em amor. Até a corridinha de comédias românticas é bem feita. Acho que o final não poderia ser mais apropriado, sem ilusões diante do fato que estamos lidando com crianças e o primeiro amor. A seleção musical fica ainda melhor na parte final. Confesso, fiquei com nó na garganta e chorei em algumas cenas por ver situações tão bonitas, tão identificáveis, tão humanas. Uma pérola que espero que mais pessoas vejam (há várias cópias dubladas do filme, o que facilita as crianças apreciarem o filme, mas talvez possa afastar os adultos que se encantariam) e se emocionem.

P.S. - se puder evitem ver o trailer, vi depois de ver o filme e achei que entrega coisas demais, estraga a magia da descoberta do feeling do filme.



posted by RENATO DOHO 9:54 PM
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