RD - B Side
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"Sometimes meaningless gestures are all we have"

terça-feira, fevereiro 13, 2007
Rocky Balboa (Idem)



Sylvester Stallone consegue salvar e finalizar bem essa saga que foi a série Rocky. O quinto episódio realmente foi o mais fraco e esquecível (mesmo tendo no meio boas idéias reaproveitadas aqui) não importando o que a grande maioria acha do quarto episódio que pra mim é ótimo mesmo com toda aquela coisa da guerra fria. Considero todos (mesmo o fraco V) importantes na trajetória do personagem. O primeiro é a conquista de algo, o segundo um contraponto, a revanche; o terceiro é o perigo do sucesso e o re-equilíbrio através da derrota (e a união com o ex-adversário); o quarto lida com traumas e crises (morte do amigo, casamento em frangalhos, problema diplomático); e o quinto com o fracasso e a perda de ligação com o filho. Aqui se recupera o espírito do primeiro que é um drama em essência. Além disso muitas referências ao primeiro filme aparecem como, por exemplo, os personagens de Marie e Spider, fora os locais, a carne congelada, etcs. O sentimento de luto e nostalgia permeia o começo do filme. Rocky vive mental e financeiramente do passado, lembrando de sua vida com Adrian em sua vida privada e sua vida profissional para os clientes do restaurante. A forma de expurgar esses sentimentos, liberar sua dor, é através do que ele sabe fazer melhor (um lutador luta) e também de uma tentativa de reaproximação parental. Não se busca o sucesso, seja ele a fama ou o dinheiro, mas sim uma maneira nada tradicional de superar uma angústia que o levaria para um caminho nada positivo. E ele tenta isso também na ajuda à bartender e o filho dela, não como substitutos do que perdeu, a esposa (de verdade) e o filho (emocional), mas como promessas de um futuro que ele parece não ver diante de si e uma busca por menos solidão, que ele teme. Stallone consegue nos envolver muito bem ao fazer com que voltemos a nos lembrar desses personagens, depois de tanto tempo. Soa genuíno e sincero o que tem para contar sobre eles. E retoma a importância da cidade de Filadélfia como personagem da história. Aliás a história nos leva a ver que muito do tema do filme se reflete não só no protagonista, mas na cidade e no próprio Stallone. O abandono e a possível revitalização dos bairros, a carreira de Sly, o destino de Balboa. Stallone emprega muito bem as elipses no roteiro, cortando várias possíveis cenas de transição, deixando que o espectador acompanhe sem precisar que se mostre tudo. Numa hora isso até faz com que algo tão querido fique resumido como o treinamento, mas se ele estava utilizando esse andamento ficaria forçado estender o treinamento apenas porque é algo que todos queiram ver. Quando estamos na luta final parece que foi tudo rápido demais (a duração do filme é até curta se comparada com outros filmes em cartaz). A luta é bem composta por 3 momentos, o primeiro quase que somente visto pelas câmeras televisivas, como se víssemos a luta pela tv, depois o lado pessoal, com ângulos exclusivos, flashbacks, p&b (um pouco Sin City na utilização das cores) e cortes rápidos e a parte final que junta os dois registros. Na atuação Sly está muito bem, não escondendo as marcas da idade. Milo Ventimiglia como o filho está bem com uma trajetória própria curiosa, incorfortavelmente vivendo à sombra do pai que dá na bela cena dos dois fora do restaurante. Geraldine Hughes foi uma boa escolha pois lembra bastante as atrizes Emily Watson (Stallone gostou de O Lutador?) e Samantha Morton passando aquela imagem de força e bondade na figura feminina. O final não poderia ser o mais adequado, sem forçar uma vitória que seria improvável e nem uma derrota. E mais uma vez mostrando que o objetivo não era uma vitória ou um sucesso, mas algo além. Mesmo usando muita coisa de arquivo Stallone não quis utilizar (ainda bem) Talia Shire no filme, pois ela poderia muito bem aparecer aqui e ali como uma entidade (ainda mais na luta final), o que não deixaria uma sensação de perda e saudade no espectador como aconteceu ao não chamá-la para isso. As cenas finais de muitas pessoas subindo as escadarias do museu mostram como o personagem ficou marcado no imaginário coletivo e como o próprio filme reconhece isso. Go Rocky! Go Sly!

P.S. - leiam essa maravilhosa entrevista que Stallone concedeu ao Ain't It Cool News em 20 "rounds" de 10 perguntas cada. Uma das melhores que li dele e de qualquer outro famoso por aí. Todo famoso deveria fazer uma entrevista assim. Aqui está:

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Update 1 / Update 2

posted by RENATO DOHO 12:25 AM
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