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"Sometimes meaningless gestures are all we have"

terça-feira, agosto 07, 2007
Filhos Do Carnaval



Série de primeira do Cao Hamburger para a HBO. Em 6 episódios mostrou a excelência de um ótimo trabalho, com influências externas mas um toque extremamente nacional. A história do bicheiro Anésio Gebara e seus filhos (naturais e bastardos) nos bastidores do carnaval carioca prestes à ocorrer faz lembrar na hora de Don Vito Corleone e seus filhos. Só que ao invés de mera reprodução o que se conseguiu foi fazer uma legítima saga gangster brasuca com contornos e detalhes que só funcionam dentro de nossa realidade e do contexto regional do Rio De Janeiro. Temos o filho preferido que morre logo no início (Felipe Camargo), o caçula que vem de Campinas e tenta arrumar as coisas e assumir o controle (Enrique Diaz), e os dois bastardos, um responsável pela bateria da escola de samba (Rodrigo Dos Santos) e outro que é motorista e ajudante geral de Anésio, feito pela revelação Thogum. O elenco é formidável, tanto os conhecidos quanto os menos conhecidos, difícil ver ali quem não atue bem. A direção, ou as direções já que são 5 diretores, e o roteiro (de Elena Soárez, com colaborações de Melanie Dimantas e Anna Muylaert - notar que só são mulheres retratando muito bem esse universo masculino) são afiados que praticamente só deixam um episódio mais morno do que o resto (o que tem a mãe como mote). Os episódios:

- Gato, O Bicho Das Sete Vidas (Cao Hamburger)
- Avestruz, O Bicho Que Não Quer Ver (Cao Hamburger)
- Vaca, O Bicho Que Dá Leite (César Rodrigues)
- Leão, O Rei Dos Bichos (Flávio Tambellini)
- Abraço De Urso (Luciano Moura)
- Elefante, O Bicho Que Não Esquece (Cao Hamburger & César Rodrigues)

O personagem que Thogum faz é o narrador da história e é com ele que há mistérios sobre seu passado que vão sendo esclarecidos no decorrer dos episódios. Há vários momentos empolgantes e é impressionante a força que locações, situações e personagens criam ainda mais quando percebemos que ali mesmo, outros filmes e novelas se passam nos mesmos lugares e contém personagens até parecidos mas não conseguem 1/10 do realismo e qualidade que a série imprime.

Acabou que a série ficou como um dos últimos grandes trabalhos de Jece Valadão, quase uma espécie de tributo ao ator. Há planos para uma segunda temporada da série que voltaria justamente com o enterro do personagem de Jece. Espero que ocorra mesmo pois ao final dá vontade de acompanhar mais aqueles personagens todos.


posted by RENATO DOHO 12:30 AM
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