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"Sometimes meaningless gestures are all we have"

domingo, agosto 05, 2007
Um Beijo A Mais (The Last Kiss)
O Último Beijo (L’Ultimo Bacio)

Intencionalmente quis ver a refilmagem antes de ver o original. Vi cada um em um dia. Fiz isso para perceber melhor o que na refilmagem se sobressaia e o que no original tivesse realmente força para superar. Não achei nenhum dos dois bem sucedidos, mas incrivelmente a refilmagem parece ter mais pontos positivos do que o original. Um intercâmbio entre os dois filmes seria interessante, mas ambos têm em sua parte final aspectos negativos. Começo pelo único aspecto que o filme italiano é claramente superior ao americano: Giovanna Mezzogiorno. Não é só por ser bela, mas sua interpretação também é destaque. O fato dela ser bem bonita é positivo pois a Jacinda Barrett da versão americana é comum demais e com isso dificulta várias passagens do roteiro. Principalmente na pergunta chave: por que o protagonista quis voltar pra ela? Isso fica meio sem razão já que a relação com a jovem é muito mais bem construída e sensível (e mais bonita). No italiano a jovem vira uma psicótica carente correndo atrás (e ainda é grossa com a família) fazendo com que ele seja forçado a querer ficar com a namorada. No americano é bem mais ambíguo e até o fato dela ir no trabalho dele dar uma seleção musical em cd mostra mais um carinho especial do que uma perseguição de carência. Dava pra perceber ao menos ali um futuro com ela. No italiano o protagonista é mal construído, desde o início ele parece mais querer a traição do que simplesmente estar numa crise dos 30 anos, ele já busca a infidelidade, só é medroso em realizá-la. No americano se estabelece de cara a crise dele (o cartaz que ele vê no tráfego, o jantar com os futuros sogros) e ele não busca a jovem no começo (e até a ida dele ao local em que possa encontrar a jovem é mais uma curiosidade do porque ela ter ficado tão interessada nele). A cena na casa da árvore evidencia essa diferença, no italiano é uma escapadinha já tentando algo e no americano ele está isolado, ela que o procura e na conversa que têm eles se conhecem mais e ele até se abre com ela, não há ali uma safadeza, por parte dele ao menos. A personalidade dos amigos italianos eu só fui saber por conhecê-los do filme americano e os atores não ajudam. Casey Affleck, por exemplo, dá uma outra cara e uma grande força para seu personagem, sentimos suas angústias ao contrário do italiano. O galinhão também é mais coerente no filme americano (além de ter cenas de sexo). Apenas o que quer sair dali para mudar de vida e esquecer a ex é mais trabalhado, mostrando mais a relação com o pai e os negócios da família. A atriz que faz a amante italiana bem que poderia ter sido advertida para beijar melhor, ela fica sempre com a boca fechada, fazendo com que todas as várias cenas de beijo pareçam falsas. Para um personagem que se apaixona pelo rapaz isso destroe as cenas do casal. Gostei bem mais do casal Blythe Danner e Tom Wilkinson do que o italiano. Tanto pelos atores quanto pelas cenas a mais que eles têm. Aquela em que ela volta para casa e o marido a sente, sai de casa e chama por seu nome e ela fica escondida no escuro é muito boa. Também é muito boa a cena em que o protagonista conversa com o futuro sogro na parte final. Danner chorando no meio daqueles aparelhos de ginástica também vale ser notada. Os veteranos atores americanos dão mais sustância mesmo em suas poucas cenas. Há várias outras coisinhas que gostei mais o que Paul Haggis fez, como se ele melhorasse o original, que seria a idéia de uma refilmagem. Algumas: o sexo "ilícito" é muito mais romântico do que no italiano em que a trilha dá a idéia de uma aventura sexual apenas; a intimidade do casal central em como eles ficam juntos e ele pode até soltar gases na frente dela; ela mostra muito mais que é "um dos rapazes" naquele grupo, fazendo com que seja admirada pelos amigos; e o final com apenas a abertura da porta e o apagar das luzes dá mais espaço para não fechar aquela história, pode ser que tenha sido algo bom ou não, ressentimentos continuarão ou não.

Toda a parte final que não existe no filme de Gabriele Muccino, em que o jovem fica plantado na frente da casa, é muito melhor mesmo que se sustente em algo que não acredito (o motivo dele querer voltar para ela). Se a escolha inicial para a namorada, Rachel McAdams, tivesse acontecido seria mais plausível. O fato de Zach Braff confessar que transou com a jovem e gerar uma nova briga (aliás as cenas de brigas do filme são muito bem feitas, com câmera na mão e com poucos cortes, e não só do casal central, mas todas as outras) mostra mais o caráter dele do que a falta dele no italiano (que nem isso confessa, além de mentir mais e só não transar logo de cara não por dúvidas sentimentais ou éticas, mas simplesmente porque a namorada pode descobrir). Toda aquela cena pós-final no filme italiano é ruim (e quase fazem parecido num dos finais alternativos do filme americano), só acrescentando uma possível traição da parte dela, querendo botar uma ironia no final feliz (ou indiretamente mostrar a safadeza italiana hehe).

Se a Giovanna Mezzogiorno tivesse feito o filme americano e mostrasse mais como aquele casal tem uma longa história ou o protagonista ficasse com a jovenzinha nas condições de como ficou o filme eu teria achado a versão do Tony Goldwyn ótima.

P.S. - acabei de ler uma opinião engraçada e radical sobre o filme italiano, o acusando de chauvinista e tem pontos que realmente batem: quase todas as mulheres do filme italiano querem aprisionar os homens (as várias que o galinhão bota na cama sempre fazem perguntas procurando um relacionamento, por exemplo) e querem castrá-lo ao ponto em que fiquem em casa sossegados cuidando dos filhos enquanto elas podem sair e botar chifres, pois são sem vergonhas hehehehe há menos disso no filme americano (eu que digo, não na opinião que comento).


posted by RENATO DOHO 2:23 PM
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