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"Sometimes meaningless gestures are all we have"

quarta-feira, março 12, 2008
O Nevoeiro (The Mist)

Mais uma adaptação de Stephen King que segue o modelo de sempre ser mais intrigante no começo do que no final. Frank Darabont ao menos conduz melhor que a média, o que garante tensão. Mas também, por filmes anteriores, vemos nele um conservadorismo que se manifesta claramente aqui, aí confunde-se onde entra Darabont e onde entra King. Afinal, o filme não faz com que a personagem mais fanática e histérica, uma doida religiosa, acabe sendo a única que estava certa? Os céticos, que usam da razão, são os primeiros a serem eliminados (o potencial do personagem de Andre Braugher é logo desperdiçado), logo depois são os que ousam desafiar o desconhecido e por fim os que não têm mais fé (esperança). E a fanática, além de ter provas de sua certeza (lembrar do inseto que simplesmente a poupa) morre na mesma posição que Jesus, como numa cruz, morta pelos infiéis/pecadores. Tudo que ela fala se concretiza, até o final com as mortes de quem ela disse que deveriam morrer (ou serem sacrificados). Tão logo isso ocorre surge o exército, salvador (não exatamente do protagonista, mas da situação), que demonstra estar controlando bem a coisa toda. O desespero final só resta aos "non-believers" (o que é a mãe, logo do início, passando no caminhão com o olhar acusador para o protagonista?). Nisso o filme chega a ser extremamente moralista, só que bem embalado. Além de ser quase um remake de Os Pássaros. Se ao menos o final fosse o mesmo... Se não se pensar muito o filme é bem legal, mas analisando melhor o filme se auto-sabota do começo ao fim (sem nem ao menos apontar ridiculas caricaturas, cenas constrangedoras quando não lidam com o perigo, diálogos pobres e psicologismos forçados).

O Orfanato (El Orfanato)

Um filme espanhol meio genérico misturando casa assombrada com espíritos perturbados. Mas é bem realizado, mesmo que em nenhum momento haja algo que se mostre novo ou não visto. Vamos lembrando de filmes com as mesmas cenas, os mesmos personagens, as mesmas situações, como um pot-pourri do gênero. Há boas cenas como a da sessão espírita. O problema é que a finalização joga o filme onde? Toda a complicação leva a que lugar de reflexão? Boa parte não é jogada fora mesmo e ficamos com uma tragédia que se reveste de forma redentora? Numa forma de exorcizar uma grande culpa a mãe delira com algum tipo de sentido que a faça sentir em paz, e vai (ou volta) para a terra do nunca, eternizada num limbo onde terá que cuidar daquelas crianças. E de certa forma o realizador quer que, como o pai mostra pela sua cara, nos reconfortemos ao final?


posted by RENATO DOHO 7:31 AM
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