Até hoje curto a música de abertura, uma das melhores canções compostas para abertura de seriado já feitas. Passava no SBT. As atrapalhadas dele como super-herói que perdeu o manual de instruções da roupa que recebeu eram sempre divertidas. E ainda contava com uma bela parceira, meio Lois Lane.
A musiquinha de abertura na Globo não dá pra esquecer. Era meio inspirado em Dirty Harry. Alguns anos depois saiu uma versão mais cômica bem parecida, Na Mira Do Tira.
Eis o seriado que marcou muito minha vida. Creio que devo ao seriado um pouco da formação da minha visão ética de certos assuntos e da informação de outros (drogas, Aids, racismo, anabolizante, suicídio, desilusão amorosa, bullying, gangues, guerra civil, homossexualidade, aborto, etcs, etcs). Ainda mais que eu gostava bastante do personagem Doug Penhall e me identificava um pouco com ele. Hoje o seriado é mais lembrado apenas por ter feito a fama do Johnny Depp, mas foi muito mais do que isso.
Somente fui ver a série quando mudou da Globo para a Record. Um primo via e elogiava muito (hoje é juíz), e talvez por isso só fui ver depois (em termos de seriados ele era Águia De Fogo e eu Trovão Azul, ele Ultraman e eu Ultraseven). Foi uma série excelente, a primeira a me trazer a noção de temporada já que cada uma delas continha um arco dramático bem definido (um pouco como Damages faz hoje). A angústia de sua vida como agente infiltrado até hoje poucos trabalhos (tv/cinema) conseguiram superar. O elenco fixo era mínimo e cada temporada entrava ótimos atores que mudavam tudo (conheci Kevin Spacey assim, seu Mel Profitt é memorável). Stanley Tucci, Jerry Lewis, Ray Sharley e outros se destacaram.
Talvez um dos policiais mais posers das séries. Parecia mais um roqueiro de banda de hard rock do que policial. Ainda mais com Billy Idol cantando na abertura. Tinha mais um cuidado no visual da série do que em suas tramas. Foi um spin-off de Anjos Da Lei já que o personagem participou do seriado em alguns episódios e fez parte da equipe.
Crimes na alta roda. Era assim que o seriado foi vendido. A diferença era que os locais dos crimes eram mansões, clubes refinados, etcs. A policial tinha algo na cabeça que poderia a qualquer momento estourar e ela morrer. Também caprichava no visual.
Quando saiu The Shield eu estranhei muito ver Michael Chiklis como Vic Mackey no início, justamente por ter visto essa série onde ele era um comissário de polícia bonachão. Era um drama policial família com humor.
Esse tinha o Lorenzo Lamas como um policial renegado que andava numa Harley pelas estradas com o cabelão ao vento (pra ver que o que importava era o visual que dava, nunca o realismo). Era da época dos vhs, onde episódios especiais saiam na locadora. Acho que só vi assim. Cannell participava atuando.
Talvez o seriado mais sério que Cannell produziu. Um dos melhores personagens já criados, por isso a série durou pouco. Aqui tínhamos um protagonista realmente sem moral, escrúpulos e caráter e mesmo assim acabávamos torcendo para que ele fudesse todas as pessoas inocentes e bem intencionadas (e outras nem tanto) que atrapalhassem seu caminho rumo ao poder. Todos os outros anti-heróis de seriados criadso depois sempre têm muitos lados positivos que amenizam sua atitudes (mesmo Tony Soprano, Morgan Dexter, Gregory House, Vic Mackey, etcs). Profit era diferente, era maquiavélico, frio e impiedoso. Não defendia nenhum valor e não tinha a quem ajudar a não ser ele mesmo. Sua narração em off era ótima, o que dava um clima muito diferente do que se passava na época na tv aberta.
Eis um bom resumo da carreira de Stephen J. Cannell que a Fernanda Furquim escreveu em seu blog.
Além do seriados e dos atores que lançou neles Cannell também deu muitas oportunidades para roteiristas e diretores se desenvolverem e hoje estarem espalhados em várias produções atuais pois ele sempre tinha um grupo de nomes que o seguia de seriado a seriado (vendo as aberturas dá pra notar que Mike Post fez a trilha de várias delas, por exemplo). São todos filhotes de Cannell.
Seu nome é um marco muito importante da história dos seriados e, agora, que seja sempre lembrado e comemorado.